Em 1807, a Marinha Real Britânica estabeleceu o Esquadrão da África Ocidental, depois que o Parlamento da Grã-Bretanha aboliu o comércio de escravos, com o intuito de eliminar de vez os traficantes de escravos que existiam no Atlântico.
Com base em Portsmouth, na Inglaterra, a operação começou com 2 pequenos navios, sendo uma fragata de 32 canhões HMS Solebay e o navio de brigadeiro da classe Cruizer HMS – visto que as atribuições antiescravistas não eram prioridades para a Marinha, que também estava envolvida nas Guerras Napoleônicas.
Com a vitória britânica contra os franceses, em 1915, a Marinha conseguiu investir mais recursos em sua operação antiescravista. Foi designado um esquadrão inteiro para a tarefa, que consistiu em 1 sexto de toda a frota da Marinha Real e de fuzileiros navais para policiar as águas da África Ocidental.
A grande limpeza
No entanto, trabalhar no Esquadrão da África significava quase uma sentença de morte, visto que naquela época o país era apelidado de “o túmulo do homem branco”, devido aos confrontos violentos com escravos e nativos.
Ainda é impossível estimar quantos homens do esquadrão morreram na África Ocidental, seja por confrontos diretos , seja pelas doenças. Todo o sacrifício foi feito para livrar os escravos das atrocidades que eram submetidos.
Nos navios negreiros, morriam cerca de 10 a 12 pessoas diariamente, todas em grilhões como se fossem animais. Para que não tivessem a embarcação apreendida, era comum que muitos traficantes jogassem sua “carga humana” no oceano quando viam um dos navios da Marinha Real se aproximando.
Enquanto isso, a sociedade britânica acompanhava as histórias de libertação dos escravos pela Marinha com orgulho, incentivando outros países a seguir o exemplo – apesar de toda a desgraça e morte envolvidas.
Estima-se que, entre 1808 e 1860, o Esquadrão da África Ocidental tenha capturado mais de 1,6 mil navios de tráfico de escravos, bem como libertado mais de 150 mil africanos.
Ainda que o Esquadrão não tenha sido capaz de eliminar o comércio por conta própria, tendo que estabelecer o Tratado de Webster-Ashburton, em 1842, que garantia a ajuda dos Estados Unidos, o simples fato de existir e ser levado a sério pelas autoridades já foi o suficiente para impedir a continuação da prática.