O sequestro de Guo Xinzhen, de 2 anos, no leste da China em 1997, desencadeou uma busca desesperada e aparentemente interminável por seus pais em todo o país, que inspirou cineastas a levar sua história para as telonas. Mas esta semana, 24 anos após seu desaparecimento, a busca por Guo finalmente chegou ao fim.
A polícia na cidade de Liaocheng, província de Shandong, disse na segunda-feira que encontrou Guo, agora um adulto que vive na província vizinha de Henan, e o reuniu com seus pais.
O vídeo da reunião no domingo (11), divulgado pela polícia, mostra a família em lágrimas e se abraçando fortemente, gritando: “Nós encontramos você, você voltou.”
A polícia disse ter prendido duas pessoas que confessaram ter sequestrado e traficado Guo. Guo havia sido sequestrado perto de sua casa por uma mulher desconhecida, disseram seus pais à polícia em 1997.As autoridades coletaram sangue, amostras de DNA e outras evidências. Mas com tecnologia limitada na época, o caso permaneceu sem solução, disse a polícia.
O caso nunca foi encerrado e a polícia diz que continuou investigando ao longo dos 24 anos.
O pai de Guo Xinzhen, Guo Gangtang, também nunca parou de procurar. Depois que seu filho desapareceu, ele embarcou em uma busca pela China, dirigindo uma motocicleta por quase todas as vastas províncias do país, cobrindo 500 mil quilômetros, de acordo com a agência de notícias estatal Xinhua.
Ele carregava pouco consigo, exceto uma sacola cheia de panfletos e uma bandeira estampada com uma foto de seu filho.
Ele usou todas as suas economias e acumulou dívidas enormes, queimando 10 motocicletas em sua longa jornada, relatou a Xinhua.
Sua pesquisa ganhou atenção nacional ao inspirar um filme de 2015, “Lost and Love”, estrelado pelo ator de Hong Kong, Andy Lau.
Gangtang não conseguiu encontrar seu filho, mas conseguiu ajudar a rastrear mais de 100 outras crianças sequestradas e reuni-las com suas famílias, de acordo com a Xinhua.
Este ano, as autoridades descobriram uma nova pista. Usando a mais recente tecnologia, incluindo análise de DNA e comparação de características faciais, o Ministério de Segurança Pública encontrou uma correspondência potencial em Henan, e quando os policiais rastrearam o homem, os testes de DNA confirmaram que era o desaparecido Guo Xinzhen.
A polícia deteve um suposto traficante de crianças identificado apenas como Hu, e sua ex-namorada identificada como Tang, de acordo com a postagem da polícia nas redes sociais.
Os dois confessaram após o interrogatório, dizendo que Tang havia sequestrado Guo Xinzhen em 1997. Ela então se encontrou com Hu, e o casal pegou um ônibus de volta para Henan, onde venderam a criança.
Não está claro para quem Guo Xinzhen foi vendido, e nenhum outro detalhe de sua criação foi fornecido pela polícia.
Problema antigo
O rapto e o tráfico de crianças há muito são um problema na China, com muitos pais nunca encontrando seus filhos desaparecidos.
Ativistas e especialistas dizem que o problema foi agravado pela política do filho único da China, que foi relaxada nos últimos anos. Em maio, o governo anunciou que começaria a permitir que os casais tivessem até três filhos.
Mas durante décadas, por causa da política rígida e da sociedade patriarcal da China, era comum os casais desejarem um menino – conduzindo um mercado negro para meninos traficados, enquanto as meninas costumavam ser vendidas para pais adotivos estrangeiros, falsamente rotulados como órfãos.
Não está claro quantas crianças desaparecem na China a cada ano, embora as estimativas cheguem a dezenas de milhares.
A China é classificada como Nível 3 pela agência antitráfico do Departamento de Estado dos EUA – o nível mais baixo, o que significa que o governo “não cumpre totalmente os padrões mínimos para a eliminação do tráfico”.
Desde a virada do século, o governo intensificou os esforços para conter o problema, incluindo o lançamento de um banco de dados nacional de DNA em 2009 e uma plataforma online de combate ao tráfico em 2016.
Isso ajudou as autoridades a rastrear mais de 4.700 crianças desaparecidas no passado cinco anos, de acordo com a Xinhua.
Fonte: CNN Brasil