Alessandro da Cruz e Maria Eduarda Cardoso adotaram um estilo de vida nômade desde o começo de 2020, a bordo de um motorhome
No início de 2020, Alessandro da Cruz e Maria Eduarda Cardoso, juntos há três anos, tomaram a decisão de deixar seus cargos em um escritório de advocacia em São Paulo e saíram pelas estradas em direção ao Alasca, dentro de um motorhome. O veículo é equipado com cozinha, quarto e banheiro, uma verdadeira casa sobre quatro rodas. Em entrevista ao iG Turismo, eles contam que o principal motivo que os levou a tomar essa decisão foi o desejo de sair da zona de conforto, além de criar uma conexão maior com o tempo, para eles, de extrema importância.
“Um questionamento sempre vinha em nossas conversas: e quando chegar no fim da vida e olharmos para trás, do que vamos nos arrepender? Certamente nos arrependeríamos de não ter viajado mais e experienciado o mundo ainda mais”, relatam.
Após anos de trabalho e planejamento para realizar a transição, o casal se organizou para trabalhar na estrada, com algo que fizesse mais sentido com a vida que queriam. Ale e Duda também criam conteúdo para as redes sociais. Em seu perfil do Kwai, eles acumulam 63 mil seguidores.
“O Kwai oferece um formato descomplicado e dinâmico, além de entregar nosso conteúdo para um número maior de pessoas. Nos vídeos curtos, mostramos nossa vida real, recheada de conquistas, mas também de perrengues, o que tem aproximado as pessoas a se identificarem com nosso estilo de vida”, explica Duda.
Por conta da pandemia, o casal ficou alojado na Argentina durante oito meses, até que decidiram voltar para o Brasil a fim de visitar alguns cenários paradisiácos. Nas viagens, eles já passaram por lugares como Amazonas, Ceará, Lençóis Maranhenses e Chapada das Mesas, no Maranhão, Japalão e Chapada dos Veadeiros, ambos no Piauí e na Serra da Canastra, em Minas Gerais.
O casal relata que a principal diferença entre a atual condição de vida e a anterior, é a imprevisibilidade. Por exemplo, ao viajar em um motorhome, é preciso pensar em onde estacionar, em que lugar encher a caixa d’água, onde vão fazer as compras de supermercado entre outros.
Ale e Duda comentam que o importante em situações de extresse é manter a calma. “Temos que buscar a solução e ter jogo de cintura. Viver integralmente na estrada é saber que em muitos momentos as coisas vão fugir do seu controle. É carro que atola, pneu que fura, alguma peça que estraga, estrada que está fechada, alagada, enfim, existem muitos fatores que você não pode controlar”, explicam.
“Apareceu um problema, foca na solução e tenta levar as coisas de uma maneira leve. Nós atolamos o carro em um lugar remoto uma vez e cavamos por 4 horas para desatolar e só estávamos piorando a situação. Mantivemos a calma, demos risada, e no fim apareceu uma pessoa que muito por acaso estava passando por lá e nos resgatou”, contam.
“Na estrada é importante ter jogo de cintura, pode ser que você faça planos e as coisas não saiam conforme o esperado. Nossa vida anterior era mais previsível. Se tivéssemos um problema já sabíamos o médico a quem recorrer, se precisarmos de algum apoio tem alguém lá para ajudar, coisas assim”, contam.
Além disso, Ale e Duda contam que têm que ponderar sobre o fato de viverem com água limitada, energia que vem do painel solar, a necessidade de encontrar banheiros para fazer o descarte do sanitário portátil, o destino certo do lixo e demais fatores que quem mora em uma casa comum não precisa se preocupar.
“Mas o mais bacana é a liberdade de poder explorar a criatividade, poder aproveitar nosso tempo de uma maneira diferente, nos dedicando a momentos que nos deixam mais felizes e que sentimos mais propósito. Isso não significa não trabalhar porque trabalhamos mais hoje do que quando estávamos em escritórios, mas trabalhamos com algo que nos deixa com um sentimento maior de propósito”, explica ela.
Durante um ano e meio de viagem, o casal já gastou, com alimentação, combustível e passeios, R$ 57 mil. Em combustível, o valor gasto foi de R$ 12,7 mil, com 30 mil km rodados. No mais, o gasto médio semanal é de R$ 3,2 mil. “Tudo acaba sendo um aprendizado. Nós poderíamos ter viajado mais cedo talvez, mas o tempo que passamos na advocacia foi importante para conseguirmos tirar o nosso projeto do papel com um pouco mais de organização financeira e maturidade também”, dizem.
FONTE IG TURISMO