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Músico atacado com ovos no litoral de SP relata dificuldades nas ruas: ‘Muito perrengue’

Luiz Felipe Salinas Almeida, de 20 anos, decidiu viver tocando nas ruas após a vinda do filho, de um ano. Ele foi alvo de ovadas enquanto se apresentava em uma rua movimentada em Santos, no litoral paulista.

O músico de 20 anos que foi atacado com ovos enquanto tocava violoncelo em uma rua movimentada de Santos, no litoral de São Paulo, mostrou nas redes sociais como vive ao viajar de cidade em cidade para tocar nas ruas. Ele ganhou uma bolsa de estudos em Música após a repercussão da humilhação.

Luiz Felipe Salinas Almeida foi atacado enquanto tocava na Avenida Floriano Peixoto, na semana passada. Ele estava em frente a uma loja de instrumentos quando alguém, em um dos apartamentos vizinhos, jogou os ovos em direção a ele e seu instrumento. Após a repercussão do caso, ele ganhou uma bolsa de estudos no curso de Música (leia mais abaixo).

Ao g1, o músico de rua detalhou como vive tocando de cidade em cidade, enquanto dorme em seu próprio veículo. Em uma série de vídeos, ele mostra onde dorme, explica como faz para conhecer os melhores pontos da cidade para se apresentar e como decide que já é hora de partir para o próximo destino (veja o vídeo no início da reportagem).

“Já passei por muito perrengue. Antes de ter um carro, eu dormia na rua mesmo. Era mais difícil ainda. Também não espere que vai ter um tapete vermelho estendido para você, o começo de se adaptar em cada cidade é o mais difícil”, conta.

Ele diz que não parou de viajar nem quando o carro quebrou e precisou ficar um tempo parado, por falta de dinheiro para consertar. “Eu levava tudo comigo: instrumento, roupas e mais coisas. Era cerca de 30 kg. Estava acabando com as minhas costas”, relembra.

Na série de vídeos, Luiz conta que o mais importante é saber onde acontecem feiras e onde o comércio é mais forte, para tocar em lugares movimentados. “É ter paciência com o processo. Não precisa ser uma cidade tão grande, mas precisa ser uma que valoriza bastante a arte”.

‘Não desista’

O músico de rua diz que é importante não se acomodar e sempre inovar. “Se estiver difícil, se adapte”, diz. “Faça com carinho, [mas] não abaixa nunca sua cabeça e acredite nos seus sonhos”. Com a repercussão que teve após as ovadas, Luiz diz que espera que jovens tomem a iniciativa de correr atrás de seus próprios sonhos, com ou sem apoio.

No início, ele confessa que teve vergonha de tocas nas ruas. “Por ser taxado de desocupado, ser colocado como pedinte de esmolas, ser chamado de ‘meio artista’. Mas quando você superar todas essas barreiras do que a sociedade impõe, e o seu ego abraça”, aconselha.

Ele diz, ainda, que quando o artista de rua passa a se sentir confortável com sua própria arte, é quando “você abre os olhos para uma multidão de pessoas que te desejam sucesso e te tratam com carinho e como um ser humano”.

“Eu já chorei muito de frustração, de desvalorização. Hoje eu choro com a motivação de muita gente que eu nem conheço mas se sensibilizou com minha história. E choro de alegria, dando orgulho pra minha mãe e pro meu filho”, desabafa.

Bolsa de estudos

Após o episódio da ovada, Luiz foi contratado para tocar em três lugares, sendo dois eventos e uma serenata. A organizadora de um desses eventos, Renata Viegas, se comoveu com a história de vida do artista e decidiu ajudá-lo com uma bolsa de estudos integral para que ele pudesse se formar em Música.

“Fiquei bem tocada [com a ovada]. É um artista, um músico, fico pensando como alguém faz isso com outras pessoas que só estão levando alegria para as outras”, disse. “Aquilo me deixou muito chateada, fiquei pensando no que eu poderia fazer para ajudá-lo”.

“Vou dar o primeiro empurrão. Se ele consegue tocar assim com pouca instrução, imagina quando se formar músico”, disse Renata.

Músico viaja de cidade em cidade tocando violoncelo — Foto: Reprodução/Instagram
FONTE G1
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