Herdeiro de direitos do Charlie Brown falou sobre trabalho com legado do pai e afirmou que, em 2016, guitarrista Thiago o trancou em um banheiro e ameaçou: ‘Vou tirar o nome da banda de você’.
Alexandre Abrão, filho de Chorão, parece ter mais dias de luta do que dias de glória ao administrar o legado do Charlie Brown Jr. A história conturbada do pai se repete com ele.
O capítulo mais recente é a saída dos guitarristas Marcão e Thiago Castanho de projetos envolvendo a antiga banda.
O filho diz que sempre concordou com as demandas dos ex-colegas do pai, e que Marcão e Thiago tentaram registrar marcas da banda e até entraram com um processo na justiça sem conversar com ele antes. Ao desabafar com o g1, Alexandre também revela outros desafios da sua atividade
- Ele diz que o pai queria seguir carreira solo em 2005, quando a banda brigou, mas o presidente da gravadora EMI o impediu: ‘Tu é o Charlie Brown, não é o Chorão’.
- Chorão comprou os direitos da banda dos outros músicos. Para levantar o dinheiro, fez uma dívida ‘impagável’ com a gravadora, diz o filho. Ele afirma que dívida é descontada até hoje.
- Ele afirma que Thiago e Marcão romperam com ele em 2021 sem querer conversar, e que uma reconciliação depende dos dois.
- Alexandre diz que, em 2016, foi trancado por Thiago em um banheiro, e o guitarrista colocou o dedo na sua cara e falou: ‘Vou tirar o nome do Charlie Brown de você’.
- Segundo ele, o guitarrista fez a ameaça após ver que a turnê dos ex-músicos da Legião Urbana foi bem-sucedida sem a participação do filho de Renato Russo.
- Ele diz que considera uma honra cuidar do trabalho do pai, mas que já viu isso como um fardo e que faz acompanhamento psicológico desde a morte do pai, em 2013.
Alexandre – Hoje eu fico praticamente 100% do tempo focado no Charlie Brown. É 24 horas por dia, 7 dias por semana, não tenho feriado nem final de semana. Como a gente lida com entretenimento, música, vídeo, rede social, é sempre uma coisa madrugada adentro e de manhã cedo continua.
g1 – O que era o projeto que envolvia o Marcão e o Castanho antes de vocês se desentenderem?
Alexandre – Estava continuando um projeto que eu criei lá em 2014, de devolver o Charlie Brown Jr aos palcos com os músicos. Eu sinto falta dos fãs do Charlie Brown, da energia que os meninos tinham no palco em conjunto.
Porque o Charlie Brown não era o trabalho do meu pai, era a vida dele. Dando continuidade ao legado dele, continua a história dele também. A banda em si acabou em 2013, mas o legado é eterno. Quanto mais eu trabalhar e levar o Charlie Brown de volta, mais tempo meu pai vai ser lembrado.
Alexandre Abrão, filho de Chorão — Foto: Divulgação
g1 – Justo agora, quando os eventos começaram a voltar, vocês brigaram. O que que aconteceu? Por que eles saíram?
Alexandre – Para ser sincero, não sei. Falam que eu não fui uma coisa, não fui outra, que eu fui mesquinho. Mas a verdade é que eu nunca fui contatado por eles para absolutamente nada. Ninguém falou: ‘Preciso que você faça isso, senão vou sair.’
Em julho, o Thiago e o Marcão deram entrada no INPI [Instituto Nacional de Propriedade Industrial] com marcas que meu pai já tinha: “CBJR”, “C.Brown Jr.”
Até “Charlie Brothers”, que meu pai não tinha. Pô, “Charlie Brothers” (risos)
Eram coisas assim: “Charlie Brown 30 anos”, Charlie Brown isso e aquilo. Eu falei: ‘gente, o que que tá acontecendo?’
Ao mesmo tempo, comecei a ter uma discussão com o empresário da época, o Branco. Ele vinha botando uma pressão em cima de mim para eu licenciar o nome do Charlie Brown Jr. para ele. Trabalho com licenciamento desde 2013, sei que não é assim.
A banda sempre foi feita através do escritório do meu pai. Sou sócio do escritório do meu pai desde antes de ele falecer.
g1 – Se o nome “Charlie Brown Jr” não está registrado no INPI, apenas estes termos relacionados, o que fez do seu pai, e agora você, donos da banda?
Alexandre – Em 2005, quando teve a ruptura do Charlie Brown e saiu o Champignon, Marcão e Pelado, meu pai queria fazer um projeto solo chamado Chorão Skate Vibe. Só que ele tinha um contrato muito pesado com a EMI [a gravadora EMI foi comprada e incorporada pela Universal em 2012; já a editora EMI, que cuida de direitos das músicas, foi comprada e incorporada pela Sony em 2018].
O Maynard, que era presidente da gravadora, falou: ‘Pô, você vai fazer projeto solo o caral**! Tu é o Charlie Brown, tu não é o Chorão’. Aí meu pai comprou dos outros músicos os direitos artísticos, de marca, de imagem. Através disso ele virou o dono da banda.https://94a9a444973747a001cf58abc7dd8bd7.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
Desde que meu pai faleceu, uma das pessoas que trabalhava com o meu pai falava: ‘O Chorão tem uma dívida impagável com a EMI’. Até hoje essa dívida impagável está aí. A gente paga de pouquinho em pouquinho, porque retém os direitos artísticos. Isso é uma coisa que ninguém sabia.
- ‘Chorão: Marginal Alado’: documentário mostrou relação com fãs, solidariedade e intimidade; veja abaixo
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Documentário ‘Chorão: Marginal Alado’ mostra relação com fãs, solidariedade e intimidade
g1 – Vocês pagam ainda essa dívida com parte dos direitos que a obra do Chorão arrecada?
Alexandre – Na verdade não paga. A EMI simplesmente retém e a gente não vê esse dinheiro. As pessoas falam: ‘Ah, chove dinheiro’. Não é assim.https://94a9a444973747a001cf58abc7dd8bd7.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
Meu pai, para comprar [os direitos dos outros músicos], tomou uma dívida da EMI de advanceds [termo que se usa no mercado musical para falar de pagamentos adiantados de gravadoras aos músicos]. Para quitar a compra com o Marcão, o Champignon e o Pelado.
O Thiago já tinha saído da banda antes. Com essa ruptura, para fazer voltar o Charlie Brown, ele chamou o Thiago de volta. Porém, como contratado. Todos os músicos que entraram no Charlie Brown Jr desde 2005 eram contratados.
g1 – Então vocês estão pagando até hoje dívida de ‘advanced’ de gravadora?
Alexandre – Não só dívida de ‘advanced’ da EMI. A gente paga todos os problemas jurídicos. Porque o Charlie Brown tem problemas jurídicos da época do meu pai. Tem diversos processos.
g1 – Já faz muito tempo para ainda ter dívida com gravadora. Você tem uma previsão de quando termina ou quanto falta para pagar?
Alexandre – Eu cuido da parte bacana da coisa. Que fica aqui até não sei que horas editando vídeo para entrar no YouTube, no Instagram e no telão do show. A parte do dinheiro, para mim, sinceramente não faz muita diferença.
g1 – Você vê alguma possibilidade de eles voltarem ou já está trabalhando com a perspectiva de não ter o Thiago e o Marcão?
Alexandre – Não depende de mim, depende de eles atenderem o telefone ou me ligarem. Porque eles me processaram e eu continuei tentando falar. Quando fui tentar falar com eles, três dias depois eles foram no público e falaram: ‘A gente está saindo’.
‘Gente, vocês estão me processando e mesmo assim eu estou aqui. Vamos conversar.’
Tudo que eles pediram eu abri um pouco as pernas. ‘Eu quero cachê de tanto’. Tá bom. ‘Eu quero ter a possibilidade de fazer uma marca Charlie Brown Jr. com meu nome, para fazer merchandising.’ Tá bom, não tem problema. ‘Eu quero isso, aquilo’. Beleza.
Eu quero muito fazer a turnê para comemorar os 30 anos da vida do meu pai. Eu sou uma pessoa que não gosta de briga, mas não depende de mim.
Alexandre – Hoje eu fico praticamente 100% do tempo focado no Charlie Brown. É 24 horas por dia, 7 dias por semana, não tenho feriado nem final de semana. Como a gente lida com entretenimento, música, vídeo, rede social, é sempre uma coisa madrugada adentro e de manhã cedo continua.
g1 – O que era o projeto que envolvia o Marcão e o Castanho antes de vocês se desentenderem?
Alexandre – Estava continuando um projeto que eu criei lá em 2014, de devolver o Charlie Brown Jr aos palcos com os músicos. Eu sinto falta dos fãs do Charlie Brown, da energia que os meninos tinham no palco em conjunto.
Alexandre Abrão, filho de Chorão — Foto: Divulgação
g1 – Justo agora, quando os eventos começaram a voltar, vocês brigaram. O que que aconteceu? Por que eles saíram?
Alexandre – Para ser sincero, não sei. Falam que eu não fui uma coisa, não fui outra, que eu fui mesquinho. Mas a verdade é que eu nunca fui contatado por eles para absolutamente nada. Ninguém falou: ‘Preciso que você faça isso, senão vou sair.’
Em julho, o Thiago e o Marcão deram entrada no INPI [Instituto Nacional de Propriedade Industrial] com marcas que meu pai já tinha: “CBJR”, “C.Brown Jr.”
Ao mesmo tempo, comecei a ter uma discussão com o empresário da época, o Branco. Ele vinha botando uma pressão em cima de mim para eu licenciar o nome do Charlie Brown Jr. para ele. Trabalho com licenciamento desde 2013, sei que não é assim.
A banda sempre foi feita através do escritório do meu pai. Sou sócio do escritório do meu pai desde antes de ele falecer.
g1 – Se o nome “Charlie Brown Jr” não está registrado no INPI, apenas estes termos relacionados, o que fez do seu pai, e agora você, donos da banda?
Alexandre – Em 2005, quando teve a ruptura do Charlie Brown e saiu o Champignon, Marcão e Pelado, meu pai queria fazer um projeto solo chamado Chorão Skate Vibe. Só que ele tinha um contrato muito pesado com a EMI [a gravadora EMI foi comprada e incorporada pela Universal em 2012; já a editora EMI, que cuida de direitos das músicas, foi comprada e incorporada pela Sony em 2018].
O Maynard, que era presidente da gravadora, falou: ‘Pô, você vai fazer projeto solo o caral**! Tu é o Charlie Brown, tu não é o Chorão’. Aí meu pai comprou dos outros músicos os direitos artísticos, de marca, de imagem. Através disso ele virou o dono da banda.https://94a9a444973747a001cf58abc7dd8bd7.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
Desde que meu pai faleceu, uma das pessoas que trabalhava com o meu pai falava: ‘O Chorão tem uma dívida impagável com a EMI’. Até hoje essa dívida impagável está aí. A gente paga de pouquinho em pouquinho, porque retém os direitos artísticos. Isso é uma coisa que ninguém sabia.
- ‘Chorão: Marginal Alado’: documentário mostrou relação com fãs, solidariedade e intimidade; veja abaixo
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Documentário ‘Chorão: Marginal Alado’ mostra relação com fãs, solidariedade e intimidade
g1 – Vocês pagam ainda essa dívida com parte dos direitos que a obra do Chorão arrecada?
Alexandre – Na verdade não paga. A EMI simplesmente retém e a gente não vê esse dinheiro. As pessoas falam: ‘Ah, chove dinheiro’. Não é assim.https://94a9a444973747a001cf58abc7dd8bd7.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
Meu pai, para comprar [os direitos dos outros músicos], tomou uma dívida da EMI de advanceds [termo que se usa no mercado musical para falar de pagamentos adiantados de gravadoras aos músicos]. Para quitar a compra com o Marcão, o Champignon e o Pelado.
O Thiago já tinha saído da banda antes. Com essa ruptura, para fazer voltar o Charlie Brown, ele chamou o Thiago de volta. Porém, como contratado. Todos os músicos que entraram no Charlie Brown Jr desde 2005 eram contratados.
g1 – Então vocês estão pagando até hoje dívida de ‘advanced’ de gravadora?
Alexandre – Não só dívida de ‘advanced’ da EMI. A gente paga todos os problemas jurídicos. Porque o Charlie Brown tem problemas jurídicos da época do meu pai. Tem diversos processos.
g1 – Já faz muito tempo para ainda ter dívida com gravadora. Você tem uma previsão de quando termina ou quanto falta para pagar?
Alexandre – Eu cuido da parte bacana da coisa. Que fica aqui até não sei que horas editando vídeo para entrar no YouTube, no Instagram e no telão do show. A parte do dinheiro, para mim, sinceramente não faz muita diferença.
g1 – Você vê alguma possibilidade de eles voltarem ou já está trabalhando com a perspectiva de não ter o Thiago e o Marcão?
Alexandre – Não depende de mim, depende de eles atenderem o telefone ou me ligarem. Porque eles me processaram e eu continuei tentando falar. Quando fui tentar falar com eles, três dias depois eles foram no público e falaram: ‘A gente está saindo’.
‘Gente, vocês estão me processando e mesmo assim eu estou aqui. Vamos conversar.’
Tudo que eles pediram eu abri um pouco as pernas. ‘Eu quero cachê de tanto’. Tá bom. ‘Eu quero ter a possibilidade de fazer uma marca Charlie Brown Jr. com meu nome, para fazer merchandising.’ Tá bom, não tem problema. ‘Eu quero isso, aquilo’. Beleza.
Eu quero muito fazer a turnê para comemorar os 30 anos da vida do meu pai. Eu sou uma pessoa que não gosta de briga, mas não depende de mim.
FONTE G1