GettyImages-1353827664

Mundo vive a maior crise global para crianças desde a criação da Unicef, diz órgão

Relatório aponta que mais de 100 milhões de crianças passaram a viver em pobreza multidimensional durante a pandemia de Covid-19

Criança refugiada do Yemen passa por tratamento em centro médico. Mais de 20 milhões no país são atingidos pelos conflitos armados, que já ultrapassam 5 anosFoto: Mohammed Hamoud/Getty Images
Beatriz Puenteda CNN
no Rio de Janeiro

Saúde, educação, pobreza e imigração são os principais desafios das crianças listados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Ao completar 75 anos, a instituição avaliou que o mundo vive a pior crise para o grupo desde a sua existência.

O diagnóstico está no relatório “Prevenindo uma década perdida: Ação urgente para reverter o impacto devastador da Covid-19 sobre crianças e jovens”, divulgado nesta quinta-feira (9).

O documento aponta que mais 100 milhões de crianças passaram a viver em pobreza multidimensional, quando a agência compara os números atuais aos de 2019. O total passou de um bilhão de jovens para 1,1 bilhão. Esse crescimento de 10% é atribuído pela agência à pandemia de Covid-19.

A pobreza multidimensional leva em conta atributos que não se restringem à questão econômica, como ofertas de serviços e vulnerabilidades diversas. Diretora executiva do Unicef, a americana Henrietta Fore destacou que os avanços de décadas podem ser perdidos em poucos anos.

“Esses ganhos estão em risco. A pandemia de Covid-19 tem sido a maior ameaça ao progresso das crianças em nossos 75 anos de história. Enquanto o número de crianças famintas, fora da escola, que sofrem abusos, vivendo na pobreza ou forçadas ao casamento aumenta, o total de crianças com acesso a cuidados de saúde, vacinas, alimentação suficiente e serviços essenciais diminui. Em um ano em que deveríamos olhar para frente, estamos retrocedendo”, destaca.

O estudo apontou que cerca de 60 milhões de crianças passaram a residir em domicílios pobres, em comparação com o período antes da pandemia.

Além disso, em 2020, mais de 23 milhões de crianças perderam acesso a vacinas essenciais – um aumento de quase quatro milhões em relação a 2019, e o maior número em 11 anos. A publicação não aponta especificamente em quais áreas essa população está concentrada.

A instituição prevê que, se não forem tomadas medias pelas autoridades governamentais para reverter o atual cenário, muitos indicadores vão piorar nos próximos anos. Segundo o relatório, 50 milhões de crianças sofrem de desnutrição aguda, número pode aumentar chegar a 59 milhões já em 2022.

O empobrecimento provocado pela pandemia empurra esse grupo etário para outras vulnerabilidades. A agência das Nações Unidas aponta que o trabalho infantil alcança, atualmente, 160 milhões de crianças, número que, de acordo com o relatório, pode alcançar 169 milhões já no próximo ano.

CNN.COM

Tags: No tags

Add a Comment

Your email address will not be published. Required fields are marked *