Segundo trabalho desenvolvido por pesquisadores americanos, análise de sangue de mulheres grávidas tem mais de 80% de precisão
Na edição desta sexta-feira (17) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes falou sobre o diagnóstico da chamada depressão pós-parto, quadro que atinge uma a cada cinco gestantes em todo o mundo.
Pesquisadores americanos do Instituto Van Andel e da Universidade Estadual de Michigan publicaram estudo afirmando que 15 biomarcadores encontrados no sangue de mulheres grávidas podem indicar com até 83% de precisão possíveis ocorrências de sintomas da depressão. A pesquisa foi realizada com 114 voluntárias e indicou que 14% das participantes chegaram a ter pensamentos suicidas* ao longo da gravidez.
“A depressão não é algo que ocorre apenas no cérebro. As suas “impressões digitais” estão em todas as partes do corpo, incluindo no sangue. Poder prever a depressão relativa à gravidez e sua severidade será um divisor de águas para proteger a saúde das mães e seus filhos”, afirmou a médica Lena Brundin, uma das coordenadoras do estudo.
Segundo Fernando Gomes, a depressão pós-parto é caracterizada por um conflito interno entre o que a paciente de fato sente contra o que ela deveria sentir em um momento visto como “muito importante” por toda a sociedade: o nascimento de uma criança. Entre os principais sintomas, estão o cansaço, baixa autoestima e alterações de humor.
As mudanças hormonais enfrentadas pelas mulheres ao longo da gestação são uma das principais causas do quadro – como os níveis de progesterona e o estrógeno, que mudam de forma abrupta após o parto. A ocitocina, conhecida como “hormônio do amor”, que auxilia no processo do nascimento e injeção do leite materno, também sofre alterações. A sobrecarga de tarefas e o sono irregular também podem ser considerados vilões nesta fase.
“Esse acaba sendo um cenário que mistura uma pré-disposição da pessoa, como uma situação que acaba sendo desafiadora. A gente não tem como negar que isso realmente acontece”, disse.
Sobre o estudo americano, o neurocirurgião destacou a dosagem de substâncias naturalmente presentes no corpo humano, como a serotonina – o neurotransmissor que regula o humor – e o triptofano – que auxilia na produção do hormônio – correlacionando com a manifestação clínica do distúrbio que ocorre após a gravidez.
“Existem níveis de depressão pós-parto, desde a tristeza leve, chamada de blues – que pode ser manejada de forma mais tranquila – até a depressão ou a psicose pós-parto, que necessita de internação e tratamento mais próximo”, afirmou Gomes, ressaltando que a intervenção médica pode ocorrer através do uso de medicação e também da psicoterapia.
“Quando percebemos que as coisas estão fugindo do normal, que existe prejuízo e sofrimento, temos [que buscar] profissionais gabaritados. A ciência já progrediu até aqui para reconhecer este problema. Por que não, junto com o acolhimento de pessoas próximas, procurar um profissional para identificar rapidamente e estabelecer um tratamento o quanto antes?”, finalizou.*Se você tiver pensamentos suicidas ou conhecer alguém que tenha, ligue para o Centro de Valorização da Vida, disponível 24 horas por telefone no número 188.
FONTE CNN