Um pescador da Praia de Bitupitá pisou em um peixe-leão no último dia 18 de abril e sofreu com dores, convulsões e teve duas paradas cardíacas. Pescadores relatam a aparição de mais peixes na região.
Mais de 20 peixes-leão já foram retirados do mar da Praia de Bitupitá, em Barroquinha, no Litoral-Oeste do Ceará, entre segunda-feira (25) e terça-feira (26), segundo relatos de pescadores da região. Um pescador sofreu um acidente envolvendo um peixe-leão no último dia 18 de abril. Ele chegou a ter alta mas voltou a passar mal nesta terça e foi levado a um posto de saúde.
Conforme o pescador David Alves da Silva, nesta segunda-feira foram apreendidos oito peixes e, só na manhã desta terça-feira, mais 15 peixes.
“Foram mais de 20 peixes só de ontem [segunda-feira] para hoje [terça-feira]. Nós organizamos currais para apreender outras espécies e quando abrimos estavam lá os peixe-leões. Estão aqui nos currais. Outros colocamos em baldes grandes”, disse.
Peixe-leão apreendido na manhã desta terça-feira (26) em Bitupitá, Litoral-Oeste do Ceará. — Foto: Reprodução
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David explicou que os peixes não estão sendo devolvidos para o mar e que os pescadores seguem a recomendação do Ibama. “Já temos agentes do Ibama aqui na nossa localidade. Eles já estão estudando a situação e inclusive está marcada uma reunião com o Governo do Estado para haver uma capacitação de como os pescadores devem agir quando encontrar um peixe-leão na praia”.
Pesca reduzida
O pescador reforçou que, com a aparição do peixe-leão em Bitupitá, nas últimas semanas, outras espécies estão desaparecendo. A pesca está prejudicada. Peixes como sardinha, anchova e espada não estão mais “caindo” na rede como acontecia meses atrás.
“Não deu mais nada. Pouco peixe. Não sei se esse peixe-leão está interferindo na vida dos outros peixes. Tem peixe pouco na rede e nas gaiolas. Não vimos mais com a mesma frequência o espada, a sardinha, a anchova e guarajuba, por exemplo. Aparece, porém, com menos frequência”.
Pescador ferido com dores no peito
O pescador Francisco Mauro da Costa Albuquerque, de 24 anos, que pisou no peixe-leão, retornou na manhã desta terça-feira (26), para um posto de saúde da região, após sentir fortes dores no peito. O acidente aconteceu no último dia 18 de abril.
Segundo o pai do pescador, Francisco José Albuquerque, depois do acidente, o filho tem dificuldades para se alimentar e dormir. “Nunca tinha visto algo parecido. Uma coisa deste tipo. Meu filho não está bem. Ele não quer mais se alimentar e quando coloca algo na boca coloca para fora. Não dorme mais, passa noite acordado. Mais cedo ele não se sentiu bem e levamos ele para o posto daqui da região”, afirmou o pescador.
Francisco José conta que é pescador há mais de 30 anos e nunca tinha visto o peixe-leão em Bitupitá. “Nunca vi esse peixe na beirada da praia e nem em alto mar. Ele começou a aparecer ano passado por aqui. Apareceu uns ali e outro ali, mas agora há muitos”.
O pai do pescador acidentado relata também que os pescadores de Bitupitá estão assustados. “Toda a colônia de pescadores está assustada. Muita gente com receio de entrar no mar principalmente aqui na orla”.https://912b0acc17e7345e0ce7ed571282cc1a.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
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Encontrado entre Bitupitá e Itarema
Conforme biólogos, o peixe-leão é venenoso e prejudicial para o turismo, pesca e economia. Ele pode soltar veneno pelas nadadeiras dorsais, não possui predadores naturais e se reproduz rapidamente. A pesquisa do Labomar encontrou, em 2022, oito destes animais em água rasa.
“Nós recebemos a informação através de pesquisas que nós estamos fazendo com este animal que por enquanto ele está desde Bitupitá até Itarema, no litoral cearense”, explicou o professor Marcelo Soares, do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC). Os trechos do litoral cearenses citados por ele está distante cerca de 200 km.
O peixe-leão é considerado uma das espécies mais invasoras e de risco global. Ele se alimenta de invertebrados, como camarões. É um peixe agressivo, além de ser peçonhento, e possui 18 espinhos venenosos capazes de provocar acidentes.
A orientação caso alguém aviste ou tenha informações sobre o peixe-leão no Brasil é repassar os dados através do Sistema Integrado de Manejo de Fauna (SIMAF) do Ibama ou entrar em contato com o Programa Cientista-Chefe da Secretaria do Meio Ambiente (Sema) do Ceará (cientistachefesema@gmail.com).
fonte G1