Asma não tem cura, mas o adesão ao tratamento reduz impactos dos sintomas que podem melhorar e até mesmo desaparecer ao longo do tempoTratamento da asma é feito com base em corticosteroides inalados, que atuam no controle da inflamação dos brônquiosGetty Images
A asma afeta cerca de 10% da população, sendo responsável pela morte de aproximadamente 2 mil pessoas a cada ano. A doença inflamatória crônica das vias respiratórias pode ser causada por diversos fatores como ácaros da poeira, mofo, pólen, vírus, rinite, excesso de peso e predisposição genética.
Os principais sintomas da asma são falta de ar, chiado no peito, tosse, sensação de cansaço e dor no peito, principalmente após esforço físico e até mesmo ao falar.
O Dia Mundial de Combate à Asma, celebrado anualmente na primeira terça-feira do mês de maio, chama atenção para a importância do controle da doença.
A asma não tem cura, mas o tratamento adequado pode reduzir os sintomas e ampliar a qualidade de vida dos pacientes. No Brasil, o tratamento pode ser realizado gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a partir de Unidades Básica de Saúde (UBSs).
O médico Pedro Giavina Bianchi, coordenador do Departamento Científico de Asma da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), afirma que é possível controlar os sintomas, prevenindo e reduzindo as crises.
“Ainda é muito comum se ouvir que a bombinha para asma vicia e que quando as crises melhoram, não precisa mais seguir com a medicação”, diz o médico. Segundo Bianchi, os desafios o controle da doença incluem a falta de adesão ao tratamento pelos pacientes.
Além do abandono dos cuidados, a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia aponta uma série de lacunas no cuidado da asma, como o custo e acesso aos medicamentos.
O pneumologista Diego Ramos, da Medicina Interna Personalizada (MIP), afirma que ainda há desigualdade de acesso ao diagnóstico e tratamento da asma.
“Um dos desafios para o controle da asma é o conhecimento da doença e a conscientização entre os profissionais de saúde, além de lacunas na prescrição de inaladores e no monitoramento da adesão e capacidade de uso desses dispositivos”, diz.
Segundo o especialista, o Dia Mundial de Combate à Asma deve ampliar a conscientização do público em geral e dos profissionais de saúde de que a asma é uma doença crônica e não aguda.
Adesão ao tratamento
O tratamento da asma é feito com base em com corticosteroides inalados, que atuam no controle da inflamação dos brônquios, estruturas que ligam a traqueia aos pulmões. Os medicamentos reduzem os sintomas e ajudam a prevenir as crises.
Os especialistas alertam que a interrupção do tratamento sem a supervisão médica pode ser prejudicial à saúde.
“Durante as crises de asma, o uso de corticosteroide oral em doses preconizadas deverá ser utilizado com parcimônia e sob orientação médica. A falta de controle da doença pode resultar em crises graves e levar até à morte”, diz Bianchi.
De acordo com o Ministério da Saúde, a asma pode desencadear uma série de complicações, como redução na capacidade de realizar atividades, insônia, alterações permanentes no funcionamento dos pulmões, tosse persistente, dificuldade para respirar, hospitalização e internação por ataques severos.
Diagnóstico
O diagnóstico da asma deve ser feito a partir de exames clínicos, considerando o histórico do paciente. Sinais como chiado, tórax exageradamente cheio de ar, presença de rinite alérgica e histórico familiar com doenças alérgicas e asma são alguns dos indicativos da doença. Exames para alergia e provas de função respiratória também auxiliam no diagnóstico.
“O diagnóstico de asma é um diagnóstico clínico e os exames são realizados para excluir doenças que podem causar ou simular asma. Em questão de riscos, sempre depende da gravidade da doença, mas a gente ainda tem mesmo com o aprimoramento do tratamento a mortalidade de cerca de quatro a cinco pessoas por dia no país com a doença”, diz Ramos.
Vacinação contra a gripe
O vírus influenza, causador da gripe comum, pode agravar o quadro clínico de pessoas que vivem com asma. A Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI) recomenda a vacinação contra a doença para pessoas acima de 60 anos e indivíduos com doenças cardiovasculares crônicas e respiratórias crônicas, incluindo a asma e a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).
“Um dos principais fatores desencadeantes de crise de asma são as infecções virais respiratórias, destacando-se o rinovírus. Mas o vírus da gripe, o influenza, também causa as exacerbações e, ao se vacinar, diminui-se a chance de contrair influenza e, consequentemente, de evoluir para crises de asma”, explica Bianchi.
Ao reduzir os riscos da infecção pelo vírus da gripe, a vacinação também protege as pessoas de infecções bacterianas oportunistas que são mais fáceis de serem contraídas após a infecção viral.
“Ao se vacinar, o paciente de asma diminui a chance da influenza e, portanto, de uma pneumonia bacteriana secundária. Esse risco de evoluir com uma infecção secundária pode ser maior para um paciente com asma”, diz o médico.
FONTE CNN