Frases com ameaças vulgares em frente a um dormitório feminino provocou indignação nacional; “Não podemos tolerar esse comportamento que gera ódio e ataca as mulheres”, tuitou o primeiro-ministro da Espanha
Universidad Complutense de Madrid.Divulgação
Um dormitório de uma universidade espanhola disse nesta quinta-feira (6) que expulsou vários estudantes do sexo masculino flagrados em vídeo gritando ameaças vulgares em uma residência feminina do outro lado da rua que se tornaram virais nas redes sociais, provocando indignação nacional generalizada.
Na filmagem, que a Reuters não conseguiu verificar, uma pessoa primeiro grita de uma janela da residência de Elias Ahuja, em Madri, no dormitório feminino de Santa Mônica nas proximidades.
“Prostitutas, saiam de suas tocas como coelhos, vocês são ninfomaníacas do caralho”, diz um aluno, também ameaçando fazer as mulheres se submeterem em uma “capa” – uma festa ao ar livre e tourada amadora geralmente envolvendo consumo pesado de álcool.
Então, como o vídeo mostra, dezenas de colegas acendem as luzes e abrem as persianas para também gritar e cantar em uma cena intimidadora.
“Não podemos tolerar esse comportamento que gera ódio e ataca as mulheres”, tuitou o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sanchez. “É especialmente doloroso ver que os protagonistas são jovens… Chega de machismo!”
‘inaceitável e inexplicável’
Elias Ahuja é uma das várias residências particulares anexas à Universidade Complutense de Madrid (UCM), a maior universidade estadual da Espanha. Os moradores pagam quase 1.200 euros (mais de R$ 6000) por mês por hospedagem e alimentação.
A universidade disse que está abrindo uma investigação e fará contato com outras faculdades para disciplinar os envolvidos.
“Condenamos radicalmente essas declarações, são inaceitáveis e inexplicáveis”, disse o diretor da residência, Manuel Garcia Artiga, à rádio local Cadena SER sobre o incidente ocorrido na noite de domingo.
Um porta-voz da residência disse à agência de notícias estatal Efe que vários criminosos foram identificados e expulsos, seguidos por outros. Até agora, nenhum nome foi divulgado.
A ministra da Igualdade, Irene Montero, disse que é crucial que os jovens aprendam sobre a importância do consentimento e parem de reforçar uma “cultura de estupro e terror sexual”.
A Espanha recentemente promulgou penas mais severas para tal linguagem ou comportamento abusivo, qualificando todo sexo não consensual como estupro. Isso veio após o chamado caso “Wolf Pack”, que deu impulso às demandas pelos direitos das mulheres.
Em 2018, cinco homens que se autodenominavam “matilha de lobos” foram presos pelo crime menor de abuso sexual depois de estuprar uma jovem no festival de corrida de touros de Pamplona.
FONTE CNN