Preocupação com mudanças climáticas impulsionou a procura por alimentos à base de plantas, setor com vendas anuais de US$ 8 bi
Temendo pelos efeitos das mudanças climáticas no planeta, os americanos estão mudando seus hábitos alimentares. Segundo dados coletados em 2021 pelo Programa de Comunicação sobre Mudanças Climáticas da Universidade de Yale, 63% da população dos Estados Unidos, independentemente da filiação política, está ativamente buscando reduzir o consumo de carne vermelha.
No lugar das proteínas, muitos deles estão adotando a chamada dieta à base de plantas. E essa mudança de comportamento tem reflexos no mercado: o segmento de produtos à base de plantas cresceu 7% em 2022, atingindo um valor de US$ 8 bilhões (cerca de R$ 40 bilhões) nos Estados Unidos.
Com isso, a frase “dieta à base de plantas” está cada vez mais na boca dos americanos – e, aos poucos, começa a ser adotada cada vez mais falada também em outros países. Mas o que é exatamente uma dieta à base de plantas?
Para começo de conversa, não se trata de uma dieta vegana, como muita gente imagina. Nesse caso, o consumo de ingredientes de origem animal é totalmente restrito.
O veganismo é uma filosofia que se fundamenta nos direitos dos animais e implica na abstenção de todos os produtos de origem animal, incluindo carne, laticínios, ovos, mel e produtos que contenham couro, seda ou lã, ou que tenham sido testados em animais.
Já uma dieta à base de plantas consiste principalmente em vegetais com pouca ou nenhuma carne, laticínios ou peixe – ou seja, ingredientes de origem animal são permitidos. As pessoas adotam esse tipo de dieta por motivos de saúde, preocupações com o bem-estar animal ou consciência ambiental.
A maioria dos especialistas, como os da Faculdade de Medicina de Harvard, define uma dieta à base de plantas como composta principalmente de vegetais, com pequenas quantidades de carne, peixe e laticínios consumidos ocasionalmente, desde algumas vezes por semana até algumas vezes por mês.
A limitação do consumo de carne e laticínios tem efeitos comprovadamente positivos significativos para a saúde do planeta e também pode ser benéfica para sua saúde, desde que a carne e os laticínios sejam substituídos por alimentos integrais e minimamente processados, como vegetais, frutas, legumes, nozes e grãos – e não refrigerantes diet e donuts veganos.
Saudáveis? Nem sempre
As dietas veganas e à base de plantas não são necessariamente melhores para a sua saúde (mas com certeza são melhores para o meio ambiente, já vamos falar sobre isso). Se as pessoas continuarem consumindo alimentos processados – mesmo veganos – terão prejuízos à saúde, mesmo que seus nuggets sejam feitos de plantas.
A confusão aumentou justamente por causa do uso do termo “à base de plantas”. Muitas empresas começaram a vender alimentos feitos com vegetais, mas com textura e sabor similares àqueles feitos com carne animal. Esse termo não é regulamentado e foi feito para parecer mais saudável.
Nem sempre é o caso, já que alimentos à base de plantas podem ser tão calóricos quanto hambúrgueres vendidos em caixas. Essa rotulagem pode ser encontrada, por exemplo, em produtos de qualidade duvidosa, como macarrão instantâneo ultraprocessado, batata frita e barras energéticas.
No entanto, estudos têm demonstrado que uma dieta à base de plantas e alimentos integrais traz inúmeros benefícios à saúde, incluindo a redução do risco de diabetes, a melhoria do microbioma intestinal e, de modo geral, maior longevidade.
O planeta agradece
Quem adota uma dieta à base de plantas com certeza vai ter que se preocupar com os rótulos de alimentos. Mas o ganho para o meio ambiente é real e o conjunto de provas que sustenta isso vem aumentando.
Outro grande estudo, publicado recentemente, mostrou que uma dieta à base de plantas é significativamente melhor para o meio ambiente do que uma dieta à base de carne.
A pesquisa, conduzida pela Universidade de Oxford, constatou que as pessoas que seguem uma dieta sem carne são responsáveis por 75% menos das emissões de gases de efeito estufa do que aquelas que comem carne todo dia. Além disso, seguir uma dieta com pouca carne, vegetariana ou pescetariana é proporcionalmente menos prejudicial à terra, à água e à biodiversidade do que uma dieta com grande quantidade de carne.
Outros estudos demonstraram que a produção de carne e laticínios, principalmente de vaca, emite anualmente a mesma quantidade de carbono que todos os carros, caminhões, aviões e navios juntos. (Isso é verdade independentemente de o gado ter sido criado em fazendas industriais ou organicamente.)
Quanto mais sua dieta for à base de plantas, mais saudável será para o planeta.
É claro que os tipos de mudanças drásticas e rápidas necessárias para o progresso real exigirão ações ambiciosas nas políticas governamentais e corporativas. Mas a mudança cultural em andamento é um passo indispensável nessa direção.
FONTE R7