A aeronave era utilizada para realizar as tarefas da fazenda do cantor, que fica no Pantanal. O avião era acionado, na maioria das vezes, no período de cheia.
“Bens materiais a gente trabalha, mas espero que seja recuperado. Mas se não, vão os anéis e ficam os dedos”, descreveu o cantor Almir Sater, que foi vítima do roubo de uma aeronave, em um “arrastão” nesta segunda-feira (6), em Aquidauana, no Pantanal de Mato Grosso do Sul.
Almir detalhou ao G1 que trabalhava no campo, em uma das fazendas no Pantanal, pouco antes de saber sobre o roubo da aeronave. “Estou no Pantanal. Estava no campo trabalhando, cheguei na hora do almoço e tinha por volta de 300 ligações”, disse.
Ainda no campo, Almir relembra ter visto um rapaz indo em direção de motocicleta. Neste momento, o cantor descreveu o momento de apreensão.
“Quando vemos estas pessoas no campo, ficamos preocupados. Já senti meu coração apertado, pensei que seria algo com a minha família. Aí ele me deu a notícia de que tinham roubado o avião. Dos males, foi o menor. Vi o motoqueiro chegar e fiquei assustado”, compartilhou.
Há três anos, Almir usava o avião apenas para as demandas das fazendas que tem no Pantanal. O cantor disse que os períodos de mais uso eram os de cheia. “A aeronave atendia minha fazenda, não era para shows. Atendia nossa vida pantaneira. Não da para acompanhar as notícias, mas estou torcendo para que tenha sucesso”, finalizou.
Entenda o caso
O roubo teria ocorrido por volta das 2h (de MS). De acordo com a polícia, ao menos 18 criminosos estiveram no local na madrugada desta segunda-feira (6). O grupo rendeu o vigia e o obrigou a abastecer os aviões, além de outras pessoas que trabalhavam no aeroporto.
Foram levados os seguintes aviões:
- Um do tipo bonanza v35b, matrícula PTING, de propriedade do pecuarista e ex-prefeito de Aquidauana José Henrique Trindade
- Um do tipo Sky Lane, matrícula PTKDI, do pecuarista Zelito Alves Ribeiro e de seu sócio, Joel Jacques
- Um do tipo Sky Lane, matrícula PTDST, do cantor Almir Sater
Como não havia iluminação, os homens entraram pelos fundos e, de início, tentaram levar uma aeronave. Na sequência, eles renderam o vigia e o obrigaram a fazer o abastecimento, amarrando o homem em seguida e fugindo.
Uma testemunha já conversou com a polícia. Ela disse que chegou a escutar o barulho do momento em que levantavam voo, porém, achou que fosse alguma emergência médica e, por isso, não foi verificar.
Equipes de Campo Grande e demais órgãos de segurança estadual e federal já foram comunicados sobre a situação. Uma das hipóteses é que parte do bandidos seriam do interior paulista e parte de Mato Grosso do Sul. Eles teriam fugido para a Bolívia.
Desdobramento do caso
Os bandidos que fizeram um arrastão no aeroporto de Aquidauana, na região oeste do estado, na madrugada desta segunda-feira (6) estavam “fortemente armados”, sendo que alguns deles falavam “língua espanhola e outros o idioma brasileiro”, segundo a polícia.
A investigação, até o momento, aponta que eles falavam de forma agressiva, porém, não chegaram a agredir o vigia e a outras vítimas. No entanto, em uma delas, os bandidos teriam jogado combustível.
“Eles foram direto para o local onde estavam estacionadas as aeronaves no hangar do aeroporto e ameaçavam o todo tempo. Aparentemente, falavam língua espanhola, então seriam bolivianos ou paraguaios. Em um das vítimas, jogaram combustível de avião”, afirmou ao G1 o delegado Jackson Frederico, um dos responsáveis pela investigação.
O delegado foi um dos primeiros a chegar no local. Além dele, policiais do município e uma equipe da Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco) também foram ao aeroporto, bem como o Batalhão de Choque da Polícia Militar (BpChoque), a Polícia Federal e técnicos da Força Aérea Brasileira (FAB).
Os envolvidos devem responder pelos crimes de roubo qualificado pelo uso de arma de fogo, restrição de liberdade das vítimas e o concurso de pessoas, já que a investigação aponta que, ao menos 18 pessoas, todas vestidas de preto e usando bala-clava, participaram da ação criminosa.
FONTE G1