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Mulher foi curada do HIV com tratamento de células-tronco, dizem cientistas

Esse seria o terceiro caso de cura de HIV, mas técnica com transplante de células-tronco e sangue de cordão umbilical é inédita

Rodrigo Nunes/MS

Lucas Rochada CNN*

em São Paulo

Um estudo conduzido por pesquisadores dos Estados Unidos, apresentado nesta terça-feira (15) na Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas, em Denver, trouxe um achado importante para a busca pela cura do HIV, vírus associado ao o desenvolvimento da Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida).

Uma mulher de 64 anos, nos EUA,  vivendo com HIV e leucemia mieloiga aguda, que recebeu um transplante sanguíneo de células-tronco para o tratamento de leucemia, ficou livre do vírus por 14 meses após interromper o tratamento com medicamentos antirretrovirais.

Os achados sugerem uma cura, de acordo com os médicos e cientistas da Weill Cornell Medicine, que realizaram o transplante.

Como em dois outros casos de sucesso anteriores, as células do doador transplantadas apresentavam uma mutação que as tornam resistentes à infecção pelo HIV.

“Este é agora o terceiro relato de cura neste cenário, e o primeiro em uma mulher vivendo com HIV”, disse Sharon Lewin, presidente eleita da Sociedade Internacional de AIDS, em um comunicado.

O caso faz parte de um estudo maior, apoiado pelos EUA, liderado pela Dra. Yvonne Bryson, da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), e pela Dra. Deborah Persaud, da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore. O objetivo é acompanhar 25 pessoas com HIV que se submetem a um transplante com células-tronco retiradas do sangue do cordão umbilical para o tratamento de câncer e outras doenças graves.

Lewin disse que os transplantes de células-tronco não são uma estratégia viável para curar a maioria das pessoas que vivem com HIV. Mas o estudo “confirma que uma cura para o HIV é possível e fortalece ainda mais o uso da terapia genética como uma estratégia viável para a cura do HIV”, disse.

O estudo sugere ainda que é possível fazer o transplante sem precisar temer um efeito colateral  chamado doença do enxerto contra o hospedeiro, na qual o sistema imunológico do doador ataca o sistema imunológico do receptor.

Como foi o processo

A paciente recebeu transplantes de células-tronco para reposição de células sanguíneas e imunológicas depois de ter seu conjunto celular, incluindo a parte contaminada por leucemia, destruído pelo tratamento com quimioterapia em altas doses.

As células-tronco de um parente adulto saudável foram usadas para restaurar rapidamente as sanguíneas da paciente, com o objetivo de reduzir complicações infecciosas. Já o sangue do cordão umbilical de um recém-nascido foi usado para fornecer uma reconstituição de sangue a longo prazo.

O sangue do cordão umbilical é usado para suprir células-tronco sanguíneas para transplantes em pacientes para os quais não foi possível encontrar doadores adultos compatíveis.

Especialistas em transplantes descobriram que o sangue do cordão umbilical pode ser usado com sucesso mesmo quando vem de um doador sem parentesco cujos marcadores imunológicos correspondem apenas parcialmente aos do receptor.

Neste caso, os médicos usaram sangue do cordão umbilical contendo uma variante do gene de resistência ao HIV chamada CCR5Δ32. Para infectar as células do sistema imunológico, o HIV normalmente usa um co-receptor chamado CCR5. No entanto, a variante Δ32 deste receptor bloqueia efetivamente a entrada viral.
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Três meses após o transplante, os testes mostraram que o conjunto de células sanguíneas da paciente era inteiramente derivado das células do cordão umbilical resistentes ao HIV. Nos estudos pós-transplante não foi mais possível mais detectar o HIV por vários métodos de diagnóstico.

A paciente então interrompeu o uso de medicamentos antirretrovirais, que são usados para suprimir a infecção pelo HIV. Ela permanece sem os medicamentos há 14 meses e sem sinais de ressurgimento do HIV após acompanhamento próximo da equipe médica durante a pandemia de Covid-19, indicando uma provável cura.

No entanto, os médicos que atuam no tratamento e pesquisa do HIV utilizam o termo remissão a longo prazo. Além disso, a paciente também está livre da leucemia há mais de quatro anos.

Casos anteriores de cura do HIV

Até o momento, haviam sido relatados outros dois casos pela ciência de remissão de longo prazo em pacientes com câncer vivendo com HIV, que foram submetidos a transplantes de células-tronco CCR5Δ32.

Este, no entanto, é o primeiro caso a usar células do sangue do cordão umbilical e o primeiro a tratar uma mulher.

Como a variante CCR5Δ32 é muito mais comum em pessoas de origem europeia, é mais difícil encontrar doadores CCR5Δ32 compatíveis para transplantes tradicionais de células-tronco em pacientes não brancos, embora o uso de sangue de cordão umbilical alivie parcialmente esse problema.

FONTE CNN

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Prefeitura de Araxá discute últimas tratativas para implantação da UTI Neonatal e Pediátrica; retorno do Centro de Quimioterapia também esteve em pauta 

O prefeito Robson Magela e a secretária municipal de Saúde, Lorena de Pinho Magalhães, receberam, nesta segunda-feira (14), dirigentes da Santa Casa de Araxá para a etapa final das tratativas da implantação da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal e Pediátrica na cidade.

Conforme apontado pelos diretores Elaine Di Mambro e Jorge Akel Neto, devem ser feitas pequenas intervenções estruturais e pontuais para adequar o espaço aos padrões de uma UTI Neonatal e Pediátrica. A expectativa é que essas reformas tenham início nos próximos 30 dias e elas são essenciais para que a empresa gestora do serviço, que está sendo contratada, inicie os atendimentos.

O prefeito reforçou a importância da UTI para crianças e recém-nascidos, e a sua implantação significa um grande avanço na saúde pública de Araxá. “É um compromisso da nossa gestão fazer essa UTI Neonatal e Pediátrica funcionar. E agora, com a redução da demanda de leitos para pacientes com Covid, nossa expectativa é implementar o serviço, no mais tardar, até julho”, disse o prefeito.

No ano passado, em articulação às demais esferas políticas, a Prefeitura de Araxá já garantiu R$ 5 milhões em recursos públicos para viabilizar o funcionamento da unidade que vai atender recém-nascidos e crianças em situação de risco clínico. Deste total, R$ 2,5 milhões são de emenda do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco; R$ 1 milhão de emenda do deputado estadual Bosco e mais R$ 1,5 milhão do Governo do Estado de Minas Gerais.

Centro de Quimioterapia

A pauta também se estendeu para tratar sobre a retomada dos atendimentos no Centro de Quimioterapia na Santa Casa, que está suspenso desde o início da pandemia.

Além dos diretores da Santa Casa, a reunião também contou com o padre Márcio André, pároco da Igreja Sagrada Família, e que participou ativamente da implantação do Centro de Quimioterapia em 2017.

O encontro abordou questões relacionadas às melhorias contratuais e levantamento de custos para manter a saúde financeira da instituição para que ela possa, em breve, retornar esses atendimentos de quimioterapia.


Assessoria de Comunicação

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Araxá implanta três projetos de Auxílio Natalidade para mulheres carentes

Gravidez, parto e nascimento com saúde, qualidade de vida e bem-estar. Mulheres em vulnerabilidade social já podem ter acesso a três importantes projetos de Auxílio Natalidade realizados em Araxá. Os programas foram viabilizados pela Prefeitura de Araxá, por meio de recursos próprios aportados no Fundo Municipal de Assistência Social, e visam atendimentos de saúde e assistência social, desde a gestação até os primeiros meses de vida dos bebês.

Os projetos são desenvolvidos pela Fundação de Assistência à Mulher Araxaense (Fama), Centro de Atendimento Múltiplo dos Talentos de Araxá (Camta) e Obras Sociais Eurípedes Barsanulfo.

A adesão ao benefício pode ser feita na Rede Municipal de Assistência Social – Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), Centro de Referência da Assistência Social (Cras) e Núcleos de Convivência.

O projeto “Cegonha Amiga”, desenvolvido pela Fama, oferece atendimentos de incentivo ao aleitamento materno. O objetivo é informar e preparar a mulher (gestante, puérpera ou lactante) para uma maternidade responsável e segura. O programa também concede kits de enxoval para o recém-nascido e impacta economicamente e socialmente as famílias participantes.

Já o projeto “Projeto Bem Me Quer Baby”, desenvolvido pelo Camta, promove a humanização da assistência pré-natal, parto e nascimento, por meio de orientação profissional das gestantes e seus familiares. As ações destacam a importância de seguir as recomendações médicas, as vacinas, hábitos saudáveis e demais cuidados relacionados ao período da gestação. O programa também concede kits de enxoval para o recém-nascido.

Para a preparação das futuras mães, a entidade Obras Sociais Eurípedes Barsanulfo implantou o projeto “Maternidade e Luz”. A proposta é capacitar gestantes carentes e proporcionar a doação de kit enxoval para bebê. A educação em saúde de gestantes é fundamental, principalmente, no atendimento de mulheres em primeira gestação, pois promove conhecimento, constrói vínculos e o autocuidado.

De acordo com a secretária municipal de Ação Social, Cristiane Gonçalves Pereira, as inscrições podem ser feitas pela Rede Municipal de Assistência Social. “Esses três importantes projetos foram viabilizados por meio do Fundo Municipal de Assistência Social. Uma política pública implantada pelo prefeito Robson Magela que vai garantir assistência a um público que não era atendido de maneira sistemática. Por isso, toda nossa rede está preparada para receber e orientar as mulheres que estão aptas a participar dos programas”, destaca.


Assessoria de Comunicação

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Dignidade, acolhimento, organização do espaço urbano e infraestrutura

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 Na rua Pará (bairro Leblon), aos poucos o espaço onde era preenchido por casas às margens do Córrego Grande vai sendo limpo e já tem projeto para ser revitalizado!

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 O prefeito Robson Magela esteve no local juntamente com os secretários de Serviços Urbanos, Ricardo Alexandre da Silva (Kaká), e de Ação Social, Cristiane Gonçalves Pereira, para acompanhar o processo de desocupação da área.

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 A comitiva também visitou algumas famílias que saíram da área invadida e foram beneficiadas por projetos temporários da Secretaria de Ação Social – como o Aluguel Social e a doação de cestas básicas – e vêm sendo acompanhadas por assistentes sociais!

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64 praias do litoral cearense registram manchas de óleo

Origem do material é desconhecida; Marinha do Brasil e o Instituto de Ciências do Mar da UFC coletaram amostras

Manchas de óleo encontradas no litoral cearenseDivulgação/Sema/Governo do Estado do Ceará
Camila Macielda Agência Brasil
São Paulo

Pelo menos 64 praias do litoral cearense apresentaram registros de manchas de óleo, segundo levantamento da Secretaria do Meio Ambiente do Ceará (Semace) na última sexta-feira (11). Novo levantamento será divulgado na segunda-feira (14).

A Marinha do Brasil e o Instituto de Ciências do Mar, da Universidade Federal do Ceará (UFC), coletaram amostras para analisar a origem do óleo. Já se sabe que não é o mesmo material encontrado na faixa litorânea do Nordeste em 2019, segundo estudo da Universidade Federal da Bahia (UFBA) com a Universidade Estadual do Ceará (Uece).

Também na sexta (11), a Coordenação Geral de Emergências Ambientais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) enviou uma aeronave, a Poseidon, ao estado para monitorar a costa cearense e identificar óleo na superfície do mar. Serão observadas as plataformas da bacia Ceará-Potiguar e a região litorânea. O Poseidon é equipado com diversos sensores especializados para detecção de óleo no mar.

O governo do Ceará informou que, até o momento, foram recolhidos das prefeituras 4 mil litros de óleo coletados nas praias de Aracati (16 tambores de 200 litros), Fortaleza (um tambor), Caucaia (dois tambores) e Trairi (um tambor). O material é enviado pela Semace a partir da confirmação das manchas nas praias para que seja feita a limpeza. Na segunda-feira, deve ser retirado o óleo recolhido em Aquiraz e Fortim.

A secretaria alerta que a limpeza das praias deve ser feita o mais rapidamente possível, pois esta é uma época de desova de tartarugas. O governo pede ainda que, caso a população encontre tartarugas vivas, mortas ou em ninho, que elas não sejam devolvidas ao mar. A orientação é para contactar o Instituto Verdeluz. Em caso de tartarugas oleadas, deve-se procurar a organização não governamental Aquasis.

Apesar de os registros de óleo em Fortaleza e no litoral leste estarem diminuindo, o informe pede que os municípios da costa oeste e extremo oeste monitorem a ocorrência de manchas neste fim de semana, pois “pode haver mais resquícios de óleo sendo levado pelas correntes em direção aos municípios litorâneos da região metropolitana de Fortaleza, da costa oeste e costa extremo oeste”.

FONTE CNN

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Vendas de carros ultraluxuosos batem recorde em 2021

Rolls-Royce entregou 5.586 automóveis no total, maior volume em 117 anos de história; Bentley viu salto de 31% em relação a 2020

Os mais de 20.000 veículos vendidos em conjunto representam um sucesso históricoFoto: Divulgação/Rolls-Royce

Os norte-americanos podem estar desconfortáveis ​​com a economia, mas se as vendas de carros ultraluxuosos são um indicativo, os super-ricos estão indo muito bem: tanto a Rolls-Royce quanto a Bentley registraram vendas recordes em 2021.

No ano passado, a Rolls-Royce entregou 5.586 carros em todo o mundo, o maior número de carros que a Rolls-Royce já vendeu em um ano em seus 117 anos de história.

A Bentley também estabeleceu um recorde, vendendo 14.659 carros e SUVs no ano passado. Isso foi um aumento de 31% em relação ao ano anterior.

Em números brutos, números de vendas tão pequenos seriam um sinal de fracasso abjeto para uma marca mainstream, ou mesmo para a maioria das marcas de carros de luxo.

Mas, para as montadoras que oferecem produtos como o Rolls-Royce Phantom, de US$ 455.000, ou o Bentley Flying Spur, de US$ 200.000, os mais de 20.000 carros combinados representam um sucesso histórico.

A bonança de vendas, no entanto, não se limita àqueles que oferecem passeios suntuosos e confortáveis. A Lamborghini ainda não divulgou suas vendas anuais para 2021, mas em uma entrevista em dezembro, o CEO Stephan Winkelmann disse que as vendas estavam no caminho certo para um ano de destaque.

“Este ano já é superior ao melhor ano de todos os tempos”, disse ele.

Nos EUA, o maior mercado da marca, a Lamborghini entregou 2.472 veículos no ano passado, um aumento de 11% em relação a 2020.

Tanto a Bentley quanto a Lamborghini fazem parte do Grupo Volkswagen.

Havia indícios de que a pandemia não prejudicaria os negócios desses fabricantes. Lamborghini e Rolls-Royce tiveram anos recordes em 2019.

A pandemia interrompeu a produção por um tempo em 2020, mas, quando as fábricas começaram a funcionar, as montadoras de ultraluxo fecharam 2020 com fortes vendas no quarto trimestre.

A Bentley até conseguiu um recorde para o ano inteiro em 2020, apesar de uma paralisação de sete semanas na fábrica. Esse recorde foi superado este ano.

Christophe Georges, presidente e CEO da Bentley, atribuiu o ano recorde em 2021, em parte, a um forte ressurgimento econômico e baixas taxas de juros, fatores que aumentaram a demanda por automóveis em geral.

Algumas novas variações de modelos também ajudaram, no entanto.

Dado os pequenos números de vendas, um novo modelo, ou mesmo novas versões de modelos, podem ter um enorme impacto nas vendas no mercado de ultraluxo. As vendas da Rolls-Royce foram ajudadas pelo fato de que o ano passado foi o primeiro ano completo de produção do sedã Rolls-Royce Ghost redesenhado.

Com um preço inicial de pouco mais de US$ 300.000, é considerado uma alternativa mais prática e acessível ao enorme Phantom. A Rolls-Royce também introduziu uma versão Black Badge do Ghost, uma opção de cor e acabamento com elementos cromados escurecidos, incluindo a grade e a estatueta Spirit of Ecstasy acima.

As versões Black Badge provaram ser populares entre os compradores mais jovens da Rolls-Royce.

A Bentley, por sua vez, creditou muito de seu sucesso a uma nova opção híbrida. 20% de todos os SUVs Bentley Bentayga vendidos, o modelo mais popular da marca, foram os híbridos lançados no ano passado.

As vendas do Bentayga aumentaram 48% em relação a 2020. As vendas do modelo sedã da Bentley, o Flying Spur, aumentaram 88% graças à introdução de uma versão mais barata com motor V8, além do 12 cilindros que estava disponível antes .

Não são apenas novos modelos, no entanto. Rolls-Royce, Bentley e Lamborghini notaram um interesse crescente em várias linhas de modelos.

Os SUVs são particularmente populares e também trazem novos clientes que depois examinam outros produtos para adicionar às suas garagens extra espaçosas.

“A demanda está aumentando”, disse Winkelmann, da Lamborghini. “E especialmente, através dos clientes Urus, um SUV, temos as primeiras abordagens também para os supercarros esportivos.”

Tanto a Rolls-Royce quanto a Lamborghini afirmam ter encomendas de carros que estarão construindo ainda este ano.

Nesse extremo do mercado, os carros geralmente são construídos para pedidos específicos de clientes e os compradores geralmente esperam semanas ou meses para que estejam prontos.

Além de ter um ano recorde para números de vendas, a Rolls-Royce também conquistou um ano recorde para preço médio. Essa figura inclui um exemplo extremo, no entanto.

O Rolls-Royce Boat Tail, dos quais apenas três estão sendo fabricados, custou cerca de US$ 25 milhões cada.

Georges, da Bentley, disse que espera que 2022 continue forte. A empresa continuará a ter mais variantes de modelos, como uma versão híbrida do sedã Flying Spur. A economia também parece provável que continue indo bem no ano novo, disse ele.

“Mas então não sabemos”, disse ele. “Não temos bola de cristal.”

FONTE CNN

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Cantor Sting vende seu catálogo musical para a Universal por US$ 300 milhões

Entre as músicas estão todas as produzidas em sua carreira solo, além das clássicas “Roxanne” ou “Message in a Bottle”, de quando o britânico comandava a banda The Police

Cantor StingREUTERS/Fabrizio Bensch/File Photo
Marie-Louise Gumuchianda Reuters
Londres

O cantor e compositor britânico Sting vendeu todo o catálogo musical de sua carreira para a Universal Music, informou a empresa nessa quinta-feira (10). Esse é o mais recente movimento do tipo realizado por um artista para lucrar com seu trabalho – o mesmo feito recentemente por Bob Dylan, David Bowie e Bruce Springsteen.

O acordo inclui os trabalhos solo de Sting, bem como aqueles quando ele estava com a banda de rock The Police – incluindo os clássicos “Every Breath You Take”, “Roxanne”, “Shape Of My Heart”, “Message in a Bottle”, “Fields Of Gold”, “Desert Rose” e “Englishman in New York”, entre outros.

O valor do contrato, que incluir a publicação da música de Sting e seu catálogo de músicas gravadas, não foi divulgado pela Universal, mas de acordo com reportagem do jornal britânico “The Guardian”, teria sido de US$ 300 milhões.

“É absolutamente essencial para mim que o repertório de trabalho da minha carreira tenha um lar onde seja valorizado e respeitado, não apenas para me conectar com fãs de longa data de novas maneiras, mas também para apresentar minhas músicas a novos públicos, músicos e gerações”, disse Sting em um comunicado.

“Ao longo da minha carreira, tive uma parceria longa e bem-sucedida com a UMG, então pareceu natural unir tudo em uma casa confiável, enquanto volto ao estúdio, pronto para o próximo capítulo.”

A banda The Police, do qual Sting foi co-fundador, vocalista e baixista, lançou cinco álbuns de estúdio entre 1978 e 1983.

Como artista solo, ele lançou mais de uma dúzia de álbuns de estúdio, começando com “The Dream of Blue Turtles”, de 1985. Seu disco mais recente, “The Bridge”, foi lançado em novembro.

FONTE CNN

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Conheça 10 cientistas mulheres que fizeram história

Nesta sexta-feira (11), é celebrado o Dia Mundial das Mulheres e Meninas na Ciência; data foi proposta pela ONU em 2015

Marie Curie ganhou o Prêmio Nobel de Química em 1911 pela descoberta dos elementos rádio e polônioWikimedia Commons

O Dia Mundial das Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado nesta sexta-feira, 11 de fevereiro, foi intitulado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015.

ONU propôs a criação da data com a intenção de alertar sobre a desigualdade de gênero na ciência.

A organização aponta que as mulheres geralmente recebem bolsas de pesquisa menores do que seus colegas homens e elas são cerca de 12% dos membros das academias nacionais de ciências.

Além disso, em áreas de ponta como inteligência artificial, apenas uma e cada cinco profissionais é mulher — representando 22% do total.

A organização também defende que “mulheres e meninas representam metade da população mundial e, portanto, também metade de seu potencial”.

Segundo a ONU, A igualdade de gênero é um direito humano fundamental e essencial para alcançar sociedades pacíficas, com pleno potencial humano e desenvolvimento sustentável.

De acordo um levantamento da Unesco, apenas 30% dos cientistas no mundo são mulheres. Para se ter ideia, desde que o Prêmio Nobel foi criado, em 1901, cerca de 947 pessoas e 28 organizações receberam o Prêmio até 2021 — apenas 58 são mulheres.

Marie Curie (1867-1934)
A cientista ganhou o Prêmio Nobel de Química em 1911 em reconhecimento aos seus serviços ao avanço da química pela descoberta dos elementos rádio e polônio, pelo isolamento do rádio e pelo estudo da natureza e compostos deste elemento notável.Crédito: Reprodução / Fundação Nobel
Florence Nightingale (1820-1910)
A enfermeira é conhecida por ter revolucionado a enfermagem. Suas técnicas utilizadas nos cuidados de soldados feridos na Guerra, e o treinamento de enfermeiras no século 19 salvou diversas vidas. Até hoje é lembrada pela chamada ‘enfermagem moderna’.Crédito: Reprodução / Wikimedia Commons
Ada Lovelace (1815-1852)
A matemática inglesa é reconhecida por ter desenvolvido o primeiro algorítimo a ser processado por uma máquina. Lovelace é considerada a primeira programadora da história. Uma de suas máquinas é vista como precursora dos computadores.Crédito: Reprodução / Wikimedia Commons
Grace Hopper (1906-1992)
Almirante e analista de sistemas da Marinha dos Estados Unidos, Hopper foi criadora da linguagem de programação de alto nível Flow-Matic, além de ser uma das primeiras programadoras da calculadora Harvard Mark.Crédito: James S. Davis / Reprodução / Wikimedia Commons
Gertrude Bell Elion (1918-1999)
A química estadunidense desenvolveu importantes estudos sobre farmacologia, bioquímica, oncologia e contaminações por vírus. Um dos medicamentos conhecidos, desenvolvidos por Gertrude, é o aciclovir, medicamento utilizado para tratamento de herpes. Em 1988 Elion ganhou Prêmio Nobel de medicina  por suas descobertasCrédito: Reprodução / Wikimedia Common
Mária Telkes (1900-1995)
A cientistá húngara foi apelidada de ‘Rainha do Sol’ por sua relevância nas pesquisas sobre energia solar. Telkes se formou como físico-química e ajudou a desenvolver um mecanismo capaz de dessalinizar a água do mar, transformando-a em água potável.Crédito: Reprodução / Wikimedia Commons
Sônia Guimarães (1957)
Guimarães a primeira mulher negra doutora em física do Brasil, além de ser também a primeira mulher a ocupar uma cadeira como professora de física no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica). Se formou em física pela Universidade Federal de São Carlos e especializou-sem em física moderna.Crédito: Reprodução / Wikimedia Commons
Nise da Silveira (1905 – 1999)
A brasileira formou-sena Faculdade de Medicina da Bahia e conseguiu reconhecimento mundial pela dedicação de uma vida inteira à psiquiatria brasileira. Silveira era contra o isolamento e tratamentos comolobotomia, eletrochoque, insulinoterapia, impostos às pessoas que sofriam de transtornos mentais. Ela foi pioneira no tratamento terapêutico da da interação com animais. A psiquiatra permitia que seus pacientes cuidassem de cachorros que viviam nos pátios do hospital.Crédito: Reprodução / Wikimedia Commons
Rosalind Franklin (1920 – 1958)
A biofísica britânica participou da descoberta da estrutura e a composição do DNA. Apesar disso, os bioquímicos James Watson e Francis Crick receberam os créditos sozinhos. Ambos ganharam o Prêmio Nobel de Medicina, em 1962, sem mencionar a participação de Franklin — que recebeu o título de ‘Mãe do DNA’ após sua morte.Crédito: Reprodução / Wikimedia Commons
Vera Rubin (1928 – 2016)
A norte-americana foi uma astrônoma que dedicou-se aos estudos do movimento das galáxias e suas taxas de curva e rotação. Rubin também foi pioneira no estudo de matéria escura no universo. Vera Rubin foi a segunda mulher na astronomia a ser eleita para a Academia Nacional de Ciências e recebeu a Medalha Nacional de Ciência do presidente Bill Clinton em 1993.Crédito: Reprodução / Wikimedia Commons

FONTE CNN

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Discos clássicos internacionais que completam meio século de influência

1972 foi um ano decisivo para a música e a quantidade de discos clássicos que continuam importantes até hoje é impressionante.

Já falamos dos trabalhos de David Bowie, Black Sabbath, Al Green, Big Star, Can, Bill Withers, Curtis Mayfield, Nick DrakeMiles Davis, Neu!, Lou Reed, Neil Young, Ornette Coleman e Genesis e agora encerramos esta série com seis discos fundamentais para o período.

É hora de mostrar quando Stevie Wonder assumiu a maturidade musical ou quando Keith Richards esteve no comando do melhor disco dos Rolling Stones; da festa que é o primeiro disco do Roxy Music; de outra obra-prima glam do T. Rex de Marc Bolan; da trilha sonora que apresentou a música da Jamaica para o mundo e do disco definitivo do rock progressivo.

Há um grupo que foi dono dos anos 1970 e eles se chama Rolling Stones. A banda formada por Mick Jagger, Keith Richards, Mick Taylor, Bill Wyman e Charlie Watts entrou naquela década sem nenhum rival à altura. O fim dos Beatles, oficializado em 1970, apenas o consolidou como o maior daquele período, tanto em termos de vendas de discos, ingressos de shows e impacto cultural.

1969 havia sido um ano determinante para o grupo, quando perde seu guitarrista fundador Brian Jones e encabeça o festival de Altamont (o anti-Woodstock, marcado por tensões e assassinatos). Com o guitarrista dos Bluesbreakers de John Mayall Mick Taylor assumindo o cargo após a morte de Jones (estreando ao vivo em frente a uma plateia de 250 mil pessoas, num show homenagem no Hyde Park, em Londres), o grupo entrou em 1970 pronto para dominar a nova década.

Livres do antigo empresário Allen Klein, o grupo criou seu próprio selo para lançar seus discos e o logotipo da boca com a língua de fora foi adotado como ícone visual do grupo. Na mesma época, o tecladista Ian Stewart sugere que eles comprem um estúdio portátil para gravar onde quer que estivessem, o que tornou a banda única neste quesito.

O período com Taylor é considerado a melhor fase do grupo, que começa com o lançamento de “Let it Bleed” (em 1969, que ainda conta com gravações de Jones) e Sticky Fingers (em 1971, com capa assinada por Andy Warhol) e segue rumo a seu período mais controverso, em 1972.

É quando o grupo descobre que estava devendo milhões para o governo britânico em forma de impostos não pagos. Seus contadores sugerem que eles deixem a Inglaterra para não se encrencarem mais ainda, o que faz que Keith Richards encontre uma mansão de 16 cômodos no sul da França e mude-se, aos poucos, com a banda, para lá.

A Villa Nellcôte na cidade de Villefranche-sur-Mer, ficava perto de Nice, no litoral francês, e Richards mexe no porão do lugar para que eles pudessem começar a gravar ali mesmo. É o período em que o guitarrista afunda em heroína e visitas ilustres como William S. Burroughs, Gram Parsons e John Lennon inevitavelmente caíam neste abismo cavado por ele.

É assim que os Stones começam a colocar em prática seu décimo álbum, “Exile on Main St”. Reunindo músicas que vinham compondo desde o final dos anos 1960, eles aos poucos começam a erguer um disco que é uma espécie de monumento à história do rock ao mesmo tempo que a própria importância. E por mais contraditório que possa ser num disco sem nenhum hit instantâneo (e talvez justamente por isso), o disco duplo é indiscutivelmente o melhor disco dos Rolling Stones.

O clima pesado da Villa Nellcôte também estava ligado ao fato de que Keith Richards finalmente estava no comando daquele navio pirata. Jagger preferiu ficar em Paris com sua nova esposa Bianca e apenas visitava o QG armado pelo guitarrista – não por acaso ele não gosta do resultado do disco, por considerar sua voz em segundo plano. O disco foi finalizado em Los Angeles, nos Estados Unidos, e é a viagem mais pesada que os Stones submetem seus fãs.

São 18 faixas divididas em quatro lados de discos que misturam rhythm’n’blues, soul music, rock rasgado, gospel, rockabilly, country, folk, blues e rock’n’roll em diferentes escalas, riffs memoráveis, solos de sax, de guitarra, de teclado, grooves infernais, cantos do fundo da alma, muita percussão e a presença indefectível do vocal de Mick Jagger, assumindo diferentes personas à medida em que a banda se metamorfoseia em novos grupos.

O disco chegou ao topo das paradas norte-americanas e inglesas na semana de seu lançamento e é uma das raras unanimidades na história do rock. Os Stones seguiriam conquistando os anos 1970 (e o resto do século 20), mas eles já haviam deixado seu legado em sua obra-prima.

Roxy Music – Roxy Music

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No começo dos anos 1970, a Inglaterra passava por uma transformação brutal em sua música pop. O fim dos Beatles apenas selava o término de um capítulo, e uma série de fragmentos plantados pelos quatro de Liverpool floresceram em novos movimentos musicais, que iam para além das canções que eles começaram a fecundar no começo da década.

E entre as referências que ousaram levar para a música pop daquela década, os Beatles tiveram a pachorra de apresentar as canções que tocavam no rádio ao mundo da arte com letras maiúsculas, flertando com a música contemporânea, a erudição e o pós-modernismo.

Deste fértil terreno surgiam bandas, artistas e cenas musicais que iam para diferentes lados: o rock progressivo conversava com a música erudita e as sagas do passado; o rock psicodélico expandia os limites dos temas e a forma que a música era improvisada; o jazz rock trazia o veterano gênero para o mundo novo da eletricidade, das distorções e da microfonia, mas sem perder a fleuma e a classe; e o glam rock se referia aos anos 1960 como se estes fossem uma caricatura, exagerando clichês e cores ao extremo.

No centro destes gêneros musicais está o Roxy Music. O grupo foi sendo formado com referências musicais híbridas: Andy McKay respondeu ao anúncio por um tecladista mas na verdade ele tocava saxofone e oboé e convidou um amigo que nem músico era, chamado Brian Eno, para funcionar como “consultor técnico” da banda.

O percussionista erudito Dexter Lloyd assumiria a bateria, enquanto dois guitarristas responderam a um anúncio em busca do “guitarrista perfeito”, o ex-The Nice David O’List e Phil Manzanera. O nome do grupo saiu de uma lista de nomes de velhas salas de cinema por não significar nada ao mesmo tempo em que passava uma ideia de glamour decadente. O “Music” foi acrescentado depois que eles descobriram que havia um grupo americano com o mesmo nome.

Normalmente postos ao lado do levante glam rock que aconteceu no Reino Unido devido às suas roupas coloridas e postura extravagante, o rótulo acaba limitando o impacto do Roxy Music. Por mais que eles emulassem a música dos anos 1960, acrescentando outros elementos norte-americanos (como a soul music e seu acabamento estético) à mistura, a erudição de seus músicos e a reverência a suas referências acabava por colocar o grupo em outro gênero: o chamado “art rock”.

“Isso é uma gravação ou uma festa com drinques?”, perguntava-se Simon Puxley, amigo de Bryan Ferry chamado para escrever o texto de apresentação do primeiro disco da banda. Batizado apenas com o nome da banda, trazia uma modelo sensual deitada numa cama, provocando o espectador a deitar-se com o disco.

Apesar de o disco acabar soando como uma balada grã-fina, a sonoridade da banda expande-se para diferentes lados: dos solos free jazz de saxofone de “Remake/Remodel” à microfonia de “Sea Breezes”, passando pela forma como a balada “Ladytron” se torna um ataque aos sentidos, o groove irresistível e hipnótico de “2 H.B.”, o clima esparso de “Chance Meeting”, o blues stoneano de “If There is Something”, o clima Velvet Underground dos anos 50 de “Would You Believe?”, o rock marcial de “Virgina Plains” e o clima de cabaré de “Bitters End”.

Um disco de estreia forte, que estabeleceria a banda como um dos principais grupos ingleses daquele período, inaugurando uma sequência de álbuns clássicos que consolidaria a importância da banda para a história da música pop.

Stevie Wonder – Talking Book

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Em 1972, já fazia dez anos que Stevie Wonder havia começado sua carreira musical. Mas se no começo dos anos 1960 ele era um garoto-prodígio que compensava o fato de ser cego com uma aptidão musical, em seguida ele mostrou ser um multiinstrumentista, compositor das próprias canções desde cedo.

A voz irresistível e a presença magnética no palco ajudaram-no a ganhar o apelido de “maravilha” que substituiria seu sobrenome de nascença, Morris.

Com apenas 13 anos, em 1963, ele emplacara um hit no topo das paradas de sucesso dos EUA – e não apenas na parada de artistas negros, como acontecia no país, que ainda era segregado racialmente nesta época.

“Fingertips” (com um jovem Marvin Gaye tocando bateria) foi a pedra fundamental de sua carreira e também um passo importante para a gravadora Motown gabar-se de ser, de fato, “o som da América jovem”, como seu slogan bradava.

Mas à medida que os anos 1960 passavam, Wonder começou a sentir a necessidade de fazer tudo à sua maneira. Deixou o sufixo “Little” (pequeno, em inglês) que vinha anexado ao seu nome artístico em 1965 e logo mostrava que seguiria seu próprio rumo – escolheu gravar “Blowin’ in the Wind”, de Bob Dylan, e começou a compor suas próprias canções, escrevendo uma delas (“Tears of a Clown”) para um veterano grupo da Motown, Smokey Robinson & The Miracles, que os levou mais uma vez para o topo das paradas.

E, como outros artistas da Motown, Stevie Wonder entrou nos anos 1970 disposto a tomar as rédeas do próprio trabalho, para desgosto do fundador da Motown, Berry Gordy.

Encontrou uma dupla de produtores que ajudaram a encontrar seu próprio som e logo estava gravando os discos de sua fase de ouro, quando tornou-se um dos maiores nomes da história da música pop. O primeiro álbum desta parceria foi lançado no início de 1972, mas “Music of My Mind” era apenas um pré-âmbulo para a verdadeira transformação que foi “Talking Book”.

Com apenas 22 anos, Stevie Wonder gravou um dos discos mais importantes da história da música pop azeitando o conceito que havia desenvolvido com os dois amigos produtores: o de deixar instrumentos tradicionais em segundo plano para abraçar novos equipamentos que surgiam com a nova década.

Stevie Wonder desenvolveu uma fórmula musical que o tornava praticamente o único músico em várias canções, tocando todos os instrumentos à medida em que deixava teclados elétricos, sintetizadores e outros instrumentos novíssimos dar a sonoridade àquela nova soul music, substituindo lentamente sopros e cordas, tão tradicionais.

“Talking Book” é o momento da maturidade musical de Stevie Wonder e ele só deixa de tocar a maioria dos instrumentos quando convida artistas do mesmo patamar, como o saxofonista David Sanborn, o guitarrista Jeff Beck, a vocalista Deniece WIlliams e o guitarrista Ray Parker Jr.

Cada vez mais consciente de sua própria importância artística, começa a misturar temáticas sociais e políticas nos temas de suas canções, que até então eram de amor. O disco pode ser dividido nestas duas metades: groovezeiras que também são comentários sobre o que está acontecendo com o mundo (“Big Brother”, “Maybe Your Baby” e “Tuesday Heartbreak”) e baladas irresistíveis para se apaixonar para sempre (“You Are the Sunshine of My Life”, “Blame It On The Sun”, “You and I”, “You’ve Got It Bad Girl” e “Lookin’ For Another Pure Love”).

No centro de tudo, a insuperável “Superstition”, talvez a música mais importante de Stevie Wonder. Ela consolida o formato musical que ele seguiria explorando nos anos seguintes e foi composta inspirada nos Rolling Stones, com quem o cantor havia dividido uma turnê naquele mesmo ano, e pensada para ser oferecida ao guitarrista inglês Jeff Beck.

Felizmente Wonder gravou sua própria versão e com ela transcendeu mais uma vez para além das paradas de música negra e cada vez mais misturando-se aos grandes nomes do rock do período.

Talking Book termina com “I Believe (When I Fall In Love It Will Be Forever)”, que acaba por juntar as duas metades do disco numa faixa cheia de esperança. Na capa, pela primeira vez sem os tradicionais óculos escuros, Wonder usava tranças africanas, joias indianas e túnica árabe, além de ter exigido que o título do disco e parte da ficha técnica fosse escrita em braille.

Pequenos detalhes mostram o quanto ele determinava os rumos da própria vida – e era só o começo de uma fase mágica que o faria nos entregar obras-primas ainda mais importantes nos anos seguintes. É como se assistíssemos ao batismo de um mágico.

T. Rex – The Slider

Apesar de nomes como Roxy Music e David Bowie estarem intimamente ligados ao chamado glam rock, ninguém personifica melhor este gênero do que Marc Bolan. Nem o Slade nem o Mott the Hopple ou quaisquer outros artistas que se aventuraram por aquele novo gênero do início dos anos 1970 chegava aos pés do encanto e da naturalidade do guitarrista, cantor e compositor que havia criado o grupo T. Rex.

Bolan, como Bowie, também havia chegado tarde para a festa dos anos 1960 e tentava entrar no restrito clube do rock clássico inglês usando as próprias armas – o carisma, a poesia e o senso melódico – em brechas abertas por outros artistas. Tanto que a primeira encarnação do seu grupo era basicamente um sarau hippie folk.

Foi quando, em 1970, ele trocou o tocador de bongô Steve Peregrin Took pelo baterista Mickey Finn e assumiu uma Gibson Les Paul no lugar do violão, encurtou o nome da banda para a forma como tornou-se mais conhecida e, como Syd Barrett dois anos antes havia inventado a psicodelia, pariu o glam rock.

A princípio, e sem este rótulo, era uma espécie de homenagem e paródia do rock mais básico, que ecoava tanto o rock’n’roll norte-americano dos anos 1950 quanto o rock inglês dos 1960.

Mas quanto mais compunha canções com estas características, Bolan foi se tornando mais consciente de como sua imagem era tão importante quanto a música que tocava – e o que era referência passa a se tornar a essência de seu trabalho. A autoimagem, as roupas coloridas, a androginia, o olhar desafiador para a câmera e declarações extravagantes ajudavam-no inclusive a compor novas canções.

Esta consciência o levou a encurtar o nome do grupo e a chamar Steve Currie para o baixo e Bill Legend para a bateria, deixando Finn na percussão. Parceiro constante nesta transformação musical estava o produtor Tony Visconti – que nos anos seguintes iria produzir discos do Lou Reed ou David Bowie – e que consolidou sua reputação justamente produzindo os discos do T. Rex. Esta transformação começa a acontecer em 1971, com o primeiro dos três clássicos consecutivos que Bolan lançou, Electric Warrior.

O disco anterior planta a semente que germina na cabeça e nos quadris de artistas por todo o Reino Unido, por isso “The Slider”, o disco de 1972, tem tanta importância: além de um conjunto de canções imbatível (“Metal Guru”, “Rock On”, “Telegram Sam”, “Rabbit Fighter”, “Mystic Lady”, a faixa-título e tantas outras), ele também filtra os elementos realmente centrais no gênero que forjou no disco anterior.

“The Slider” é, portanto, um desfile repetitivo de refrões grudentos, riffs escorregadios, andamentos irresistíveis, acordes abertos, grooves macios e o vocal sempre mole de Bolan quase falando, sussurrando, gemendo e conversando várias vezes acompanhado por um vocal de apoio.

O eco elétrico da guitarra atravessa todos os timbres do disco sem que seja preciso utilizar solos ou outras demonstrações de virtuosismo. O território do disco é o chão batido do blues, por isso tire seus sapatos finos ao entrar, porque você vai se sujar – foi o que fizeram os Ramones, os Cramps, The Fall e os B-52’s, só alguns dos netos mais conhecidos de Bolan.

Vários Artistas – The Harder They Come

As transformações que estavam acontecendo na música pop na virada dos anos 1960 para 1970 eram fortes em qualquer lugar do mundo, mas em um ponto específico do planeta elas mudariam o rumo de toda uma cultura – mais ainda, de um país.

A revolução cultural que transformou uma pequena ilha do Caribe ganhava um nome poderoso à medida em que uma década se transformava na outra, mas o impacto do reggae na cultura mundial foi mais importante que a ascensão de gêneros como o heavy metal, o rock progressivo, o glam rock ou o novo folk.

Esta transformação começa quando o banto, ritmo originário da Jamaica a partir da tradição africana trazida para a ilha à força, como aqueles que foram escravizados, começa um namoro com o doo-wop, o blues e o gospel a partir da transmissão de emissoras de rádio norte-americanas que conseguiam ser captadas na ilha caribenha.

A evolução da música negra dos EUA – que aos poucos se metamorfoseou na soul music – foi acompanhada de perto pelos vizinhos jamaicanos e o banto aos poucos deu origem ao ska, depois ao rock-steady e finalmente ao reggae, ao juntar o doce antídoto contra o sofrimento dos descendentes de escravos estadunidenses com a malemolência do gingado da ilha.

E aos poucos o reggae começou a ser notado em outros países. Mas o principal cartão de visitas daquela nova sonoridade para o resto do mundo é também uma das coletâneas mais perfeitas daquele período. A trilha sonora do filme “A Harder They Come” (“Badala Sangrenta”), uma tragédia gangster ambientada nas ruas das favelas da capital do país, Kingston, é uma cartilha de sucessos jamaicanos que dificilmente encontra par em outras edições e formatos.

O filme, estrelado por um jovem Jimmy Cliff, inevitavelmente traria músicas do ator, que também era um astro em ascensão em seu país. Mas das doze canções da trilha, apenas metade leva a voz de Cliff – na prática, apenas quatro, já que duas repetem-se em versões alternativas. O resto da coletânea reúne sucessos que encantaram as festas e rádios jamaicanas desde o final dos anos 1960 até aquele 1962.

O disco abre com a irresistível “You Can Get It If You Really Want”, que Cliff havia lançado originalmente em 1970, e segue com a chapada “Draw the Brakes”, que os Spanishtonians lançaram em 1965, eternizada pelo DJ e vocalista Scotty no mesmo ano de lançamento da trilha sonora, acompanhada de “Rivers of Babylon”, canção rastafari gravada pelos Melodians em 1970.

As três músicas já funcionam como um cartão de visitas perfeito sobre a amplitude do reggae. A balada “Many Rivers to Cross” (um hit de Cliff em 1969), o ska “Sweet and Dandy” e a eterna faixa que batiza o filme encerram o primeiro lado do disco.

O lado B começa com dois rock steady: a“Johnny Too Bad”, que a banda The Slickers havia lançado em 1970 e “007 (Shanty Town)”, lançada em 1967 por Desmond Dekker e seu grupo The Aces. O disco continua com o hit reggae “Pressure Drop”, outra dos Maytals, antes de Frederick “Toots” Hibberta parecer como líder da banda, que mais tarde seria regravada pelo Clash e pelos Specials. A última inédita do disco é a quase soul “Sitting In Limbo”, cantada por Cliff, que reaparece com duas versões de músicas já ouvidas: uma versão alternativa para a faixa que abre o disco e uma mais curta da faixa-título.

A trilha sonora foi lançada em 1972 primeiro na Inglaterra e só no ano seguinte nos EUA e no resto do mundo, preparando o território para a chegada do rei do reggae, Bob Marley, que começaria a ganhar terreno para além da Jamaica a partir de 1973.

Mas mais do que estender um tapete vermelho perfeito para a chegada da majestade, a trilha sonora de “The Harder They Come” é, ela mesma, parte da nobreza jamaicana – e profetiza a chegada da música da ilha para o resto do mundo.

Yes – Close to the Edge

Fundado pelo vocalista Jon Anderson e pelo baixista Chris Squire, o Yes estava intimamente envolvido com a cena de rock clássico inglesa do final dos anos 1960. Enquanto ainda trocava de instrumentistas e buscava um novo tipo de som gravando e tocando ao vivo versões dos Beatles, dos Byrds, do Buffalo Springfield e de Richie Havens, o grupo abriu para o Cream, fez turnês com o Iron Butterfly e com o Jethro Tull, sendo notado tanto pela crítica quanto pelo público.

Entre 1968 e 1970, o Yes seguiu experimentando sonoridades, timbres, andamentos e composições, algo que foi acirrado quando assistiram ao grupo King Crimson ao vivo. Depois de dois discos gravados, sua formação finalmente chegou a uma certa estabilidade quando, além de seus fundadores (e seu primeiro baterista, Bill Brufford), reuniram, o guitarrista Steve Howe e o recém-chegado tecladista Rick Wakeman.

Foi com esta formação clássica que o grupo entrou nos anos 1970 e gravou dois discos que definiram seu som: “The Yes Album” e “Fragile”. O último emplacou um hit, “Roundabout”, que deixou o grupo mais perto da primeira divisão do rock da época, à medida em que o rock progressivo se estabelecia como uma das principais forças do início daquela década, com suas músicas sinfônicas intermináveis, divididas em partes e ocupando lados inteiros dos discos de vinil.

É também a partir deste último disco que o grupo começa a colaboração com o ilustrador Roger Dean, que criou o logotipo da banda, as capas de seus discos e todo o imaginário visual do grupo.

O Yes entrou em 1972 no auge de sua carreira e no segundo semestre daquele ano entregou seu disco mais emblemático. “Closer to the Edge” consolidava a performance do grupo como um quinteto virtuoso o suficiente para misturar andamentos sinfônicos, improvisos de jazz, transes psicodélicos e melodias que ficavam na cabeça, por mais complexas que pudessem parecer.

A faixa-título, com quase 20 minutos de duração, talvez seja o melhor exemplo para quem quiser entender o que é rock progressivo. Ocupando todo o primeiro lado do disco, “Closer to the Edge” foi inspirada pelo livro Sidarta do alemão Herman Hesse e por sinfonias do compositor finlandês Jean Sibelius.

No lado seguinte do disco, “And You And I” volta para a raiz folk do grupo, em uma canção mais tradicional, embora mais longa que a média, com quase dez minutos e dividida em quatro movimentos, seguida por “Siberian Khatru”, com quase nove minutos, mudanças de andamentos, mas menos complexas que as duas faixas anteriores.

“Closer to the Edg”e talvez seja o disco de rock progressivo definitivo. Carrega todas as nuances e clichês do gênero e é a obra-prima de uma de suas bandas mais características. O disco colocou o Yes no topo do jogo da indústria fonográfica e a partir dali passou a dividir opiniões ao lentamente transformar-se na caricatura da banda perfeita que foram em 1972.

A saída de vários integrantes, turnês intermináveis e discos cada vez mais hiperbólicos acabaram por desviar o grupo do trajeto perfeito que fizeram no começo daquela década – e “Closer to the Edge” é o melhor retrato daquele momento. Um disco perfeito.