A Serasa divulgou nesta terça-feira (27) uma pesquisa sobre os hábitos de contratação de crédito no Brasil durante a pandemia de Covid-19. Segundo o estudo, a instabilidade financeira fez com que 79% dos brasileiros buscassem alguma fonte de crédito durante a pandemia. Desse total, um terço buscou crédito seis vezes ou mais nesse período.
A pesquisa mostrou ainda que 62% declaram que recorreram ao cartão de crédito no período para, principalmente, comprar itens essenciais como higiene pessoal e alimentos. Outros 14% pediram empréstimo a amigos e familiares para pagar dívidas e 12% afirmaram que usaram o cheque especial.
A pesquisa revela que 37% dos entrevistados tiveram o crédito negado. Deste total, 40% receberam a resposta negativa, pois a renda foi considerada baixa, 35% por terem nome em listas de inadimplentes e 28% não tiveram um retorno.
Além disso, 59% dos entrevistados pela Serasa apontaram uma alta nos juros durante a pandemia, o que dificulta na hora do pedido do crédito.
Por outro lado, as classes sociais A e B tiveram uma maior facilidade para conseguir esse crédito durante a pandemia do novo coronavírus.
O levantamento foi feito com 2.068 entrevistados através de uma coleta online entre 22 de junho e 2 de julho deste ano.
*Com informações de Lucas Schroeder, da CNN Brasil
Os organizadores do Rock in Rio anunciaram nesta sexta-feira (16) a criação de um novo festival de música em São Paulo. Batizado de “The Town”, o evento ainda não tem atrações confirmadas, mas é previsto para acontecer em setembro de 2023, no Autódromo de Interlagos – mesmo local que recebe o Lollapalooza.
Os idealizadores do evento estimam receber em torno de 105 mil pessoas por dia – a ideia é que os shows sejam dividos em cinco dias “com muita música, muitos palcos e muito entretenimento, com atrações nacionais e internacionais”.
De acordo com o evento, a partir do ano que vem, o Brasil contará com o Rock in Rio nos anos pares e, agora, The Town nos anos ímpares.
Para o presidente do Rock in Rio, Roberto Medina, o The Town será “mais uma referência do entretenimento de qualidade no Brasil, com entregas também de alto nível para o público e para as marcas”.
O The Town, segundo Medina, “chega para confirmar esta esperança contínua de dias melhores, de celebração e paz. Em setembro de 2023, São Paulo vai ganhar uma nova forma de viver entretenimento”.
“Eu vivo o Brasil intensamente. E, assim como o Rock in Rio, The Town nasce dessa paixão pela nossa terra, da amplificação do olhar para novas oportunidades e do desejo que a pandemia me trouxe nestes meses de enclausuramento de trazer algo inédito. Será surpreendente. Toda a concepção foi pensada a partir de uma São Paulo inspiradora e cosmopolita, além de pronta para sediar um evento desta magnitude”, disse o presidente do Rock in Rio, e agora, do The Town.
Após a forte geada que causou estragos nas lavouras de Minas Gerais na última semana, os produtores rurais do estado devem se preparar para novos registros de baixas temperaturas e geadas a partir da próxima quarta-feira (28/7). De acordo com o alerta emitido pelo Sistema de Meteorologia e Recursos Hídricos de Minas Gerais (Simge), do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), a onda de frio intenso afetará com mais intensidade as mesorregiões Sul de Minas, Triângulo Mineiro, centro/sul das regiões Central e Metropolitana, Oeste, Campo das Vertentes e Zona da Mata.
A previsão é que 541 municípios mineiros registrem de 10ºC até temperaturas negativas, com geadas moderadas a fortes. Os modelos meteorológicos de previsão de tempo apontam para a ocorrência de temperaturas negativas de forma generalizada no Sul de Minas e no Campo das Vertentes nas madrugadas dos dias 30 e 31/7, o que deve provocar geada de média a forte intensidade nessas mesorregiões.
“A geada também deve ser observada em áreas do Triângulo Mineiro e no sul das regiões Noroeste e Central entre os dias 29 e 31/7. O dia 29/7 será o mais seco no período deste aviso, aumentando a amplitude térmica e fazendo com que a madrugada de 30/7 seja a mais fria, com mínimas abaixo dos 7°C na mesorregião Metropolitana, inclusive na capital e na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Nos dias 1 e 2/8, a circulação dos ventos volta a mudar para noroeste e haverá aumento gradativo das temperaturas do ar a partir do Centro/Oeste do estado”, aponta o aviso meteorológico do Simge.
“Existe um conceito chamado linha de geada, que é uma linha imaginária que, na prática, nas regiões cafeeiras, é um ponto onde a geada causa um estrago maior. Entretanto, neste ano, mesmo os produtores que adotaram esse conhecimento científico e não plantaram nestas áreas, estão tendo problemas”, aponta o assessor técnico da Seapa.
Confira também o material elaborado por pesquisadores da Epamig e Embrapa, que explica porque as geadas ocorrem e traz recomendações para o levantamento dos danos e ações necessárias.
Reunião emergencial
Na última semana, a secretária de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Ana Maria Valentini, viajou para Alfenas, no Sul do estado, juntamente com a ministra de Agricultura, Tereza Cristina, e diversas autoridades do setor, para participar de uma reunião de emergência para tratar de medidas de apoio para os produtores de café que tiveram as lavouras atingidas por uma forte geada.
Após o encontro, a secretária informou que o governo estadual irá fazer um levantamento da situação de cada lavoura atingida. “O Estado vai fazer um laudo bem detalhado e fidedigno do que o produtor está enfrentando, o que cada um perdeu e irá precisar”, afirmou Ana Valentini, que visitou lavouras comprometidas pela geada e fez um sobrevoo na região.
“Alguns perderam 100% da lavoura e outros tiveram uma parte afetada. Com o levantamento da Emater-MG e do Ministério da Agricultura, teremos um banco de dados que dará subsídios para encontrarmos políticas para ajudar os produtores a enfrentar esse momento tão difícil”, detalhou Valentini.
Tentativa de prevenção
O assessor técnico especial da Seapa, Niwton Castro Moraes, indica que, diante da previsão de novas geadas, há algumas medidas preventivas que podem ser adotadas, mas que são de difícil execução e têm efetividade limitada. “É algo muito trabalhoso e de pouco resultado. Para propriedades de pequeno porte, talvez, operacionalmente seja funcional, mas naquelas de grande porte é discutível”, aponta.
Ainda segundo Moraes, uma delas seria cobrir as mudas pequenas, que estão mais sujeitas a danos, com sacos plásticos ou de papel nas noites com expectativa de geada. “Tem que comprar centenas ou até milhares de sacolinhas e cobrir planta a planta, individualmente. Uma outra medida seria a irrigação por aspersão, pois a presença da água pode dificultar um pouco o congelamento da folha e diminuir o possível dano da geada”, completa Moraes.
Outra técnica que pode ser utilizada é a adubação seguida de irrigação, para que as plantas possam absorver o potássio e reduzir o ponto de congelamento. “Nas propriedades pequenas, é possível tombar as plantas mais novas, e ainda flexíveis, e cobrí-las com terra nas noites com previsão de geada, desenterrando-as após as baixas temperaturas. Mas a efetividade e operacionalização dessas medidas são discutíveis”, argumenta.
A terça-feira (27/7) será mais um dia de tempo estável com predomínio de sol em Minas Gerais. A massa de ar seco persiste, mantendo o dia com poucas nuvens em quase todas as regiões mineiras, com exceção apenas na faixa Leste do estado. Há, ainda, a possibilidade de formação de geada em pontos isolados do Sul de Minas.
A partir de quarta-feira (28/7), o avanço de uma frente fria no Sudeste brasileiro mudará as condições de tempo, inicialmente no Sul do país, onde poderá ocorrer chuva isolada. A massa de ar frio provocará declínio de temperatura no Sul, Oeste e Sudeste de Minas Gerais a partir de quinta-feira (29/7).
Em Araxá, o tempo esfria a partir de quinta-feira, com mínima de 8 graus e máxima de 20. Na sexta-feira, a temperatura pode cair para até 5 graus. Confira a previsão do Climatempo.
A equipe do Centro de Desenvolvimento Ambiental (CDA) da CBMM recebeu na última semana uma nova integrante para o projeto de conservação de espécies do Cerrado. Uma fêmea de lobo-guará foi resgatada após um acidente e agora fará parte da alcateia que já conta com outros 6 membros.
A loba foi atropelada na BR-381 e, após um intenso tratamento, realizado em uma clínica em Belo Horizonte, foi levada para Araxá, onde continuará seu processo de reabilitação. Após conclusão da recuperação, a loba será integrada na alcateia e contará com cuidados constantes, já que não poderá ser reinserida na natureza.
Localizado na planta industrial da CBMM em Araxá, o CDA é um centro de referência para cuidados especiais com lobos-guará e outros animais ameaçados de extinção. No começo do ano, o criadouro científico também recebeu outros animais resgatados. Foram dois lobos-guarás e um tamanduá bandeira com limitações físicas, decorrentes violência e atropelamento. Eles já passaram pelo mesmo processo de tratamento e, atualmente, estão reunidos em casais para que possam se reproduzir.
Os projetos desenvolvidos pela CBMM buscam a preservação de espécies do Cerrado, fortalecendo e conservando o bioma onde a companhia está inserida. Esse compromisso também é compartilhado pelos colaboradores da empresa e suas famílias. Eles poderão, por exemplo, participar da escolha do nome da nova integrante do CDA. A escolha do nome da loba acontecerá por meio de uma enquete, envolvendo os colaboradores e seus filhos.
“Sempre buscamos a sustentabilidade de nossas atividades e mais do que simplesmente diminuir o impacto causado no meio ambiente, queremos deixar um legado de preservação, de recuperação da fauna e flora do cerrado. Queremos, cada vez mais, engajar nossos colaboradores, suas famílias e nossa comunidade nesse trabalho tão relevante para todos”, afirma Thiago Amaral, Gerente de Meio Ambiente e Apoio Tecnológico da CBMM.
O CDA recebe espécimes resgatadas em diversos locais do estado de Minas Gerais. É importante ressaltar que a CBMM não realiza esses resgates, apenas abriga, cuida e garante o bem-estar desses animais após recebê-los dos órgãos responsáveis. “Temos uma autorização especial do IBAMA, que permite que tratemos e preservemos essas espécies nativas da região, entretanto não podemos fazer o resgate ou a captura destes animais”, esclarece Thiago.
A CBMM também não recebe animais por meio de pedidos da comunidade. Todo o processo deve ser intermediado pelos órgãos responsáveis. Caso animais silvestres sejam encontrados em situação de risco ou na zona urbana, o Corpo de Bombeiros e a Polícia Ambiental da região devem ser contatados para realização do resgate e encaminhamento às clínicas especializadas.
Sobre a CBMM
Líder mundial na produção e comercialização de produtos de Nióbio, a CBMM possui mais de 400 clientes, em 40 países. A companhia fornece produtos e tecnologia de ponta aos setores de infraestrutura, mobilidade, aeroespacial e energia. Fundada em 1955, em Araxá, Minas Gerais, a CBMM apoia iniciativas que visam o desenvolvimento sustentável dos locais onde atua, buscando, através de ações afirmativas, a preservação ambiental e o cuidado com o meio ambiente.
Na França, um pai construiu para o filho deficiente um exoesqueleto que permite mobilidade.
Por meio de um comando de voz, o garoto de 16 anos pede para que a estrutura se levante de forma automática e ela comece a andar.
O exoesqueleto é preso ao corpo do adolescente pela cintura, peito e joelho e permite que ele se locomova sem a ajuda de ninguém.
O menino tem um problema neurológico, que impede que as pernas recebam impulso nervoso responsável pelo movimento.
O pai dele, que é engenheiro robótico, resolveu criar o modelo com recursos da empresa onde trabalha. A estrutura será produzida em maior escala e vai poder beneficiar outras pessoas.
A Prefeitura de Araxá ampliou a oferta de subespecialidades de cirurgias ortopédicas de média complexidade através da Secretaria Municipal de Saúde. Além de ombro, joelho e pé que já eram contemplados, a rede municipal passa a atender também casos de mão e quadril.
De acordo com a secretária municipal de Saúde, Lorena de Pinho Magalhães, há uma escassez substancial de profissionais especializados em algumas subespecialidades, como mão, por exemplo, em que há pouco mais de 600 profissionais registrados na Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão.
“E como não tínhamos esse profissional aqui, dependíamos de outros municípios para realizar as cirurgias de média complexidade demandadas pela população araxaense, principalmente as urgentes”, explica.
Com os novos médicos contratados pela prefeitura, a secretária informa que todos os pacientes que aguardavam para cirurgia eletiva de alguma dessas especialidades serão atendidos. “Para novas demandas, primeiro a pessoa deve procurar uma Unidade de Saúde do município para passar pelo clínico geral, e ele encaminhará esse paciente para avaliação do ortopedista. As cirurgias de urgência de quadril e mão também passam a ser feitas pela nossa rede de saúde”, explica Lorena.
O prefeito Robson Magela destaca a ampliação da oferta de cirurgias ortopédicas. “Já houve caso de precisarmos encaminhar o paciente para Belo Horizonte porque ele precisava de uma cirurgia de emergência na mão e aqui não tinha esse profissional. Agora temos condição de atender esses pacientes aqui mesmo, com mais agilidade e conforto”, reitera. PMA
A Associação Esportiva Dínamo Esporte Clube disputará o campeonato mineiro sub-17 que terá início dia 21 de agosto. A competição contará com dez equipes participantes: Dínamo, Atlético, América, Cruzeiro, Athletic, Funorte, Futgol, Inter SG, Santarritense, Minas Boca.
Na primeira fase, o regulamento prevê confronto de todos contra todos, em turno único. Os oito melhores colocados avançam para as quartas de final, depois quatro para as semifinais e, por fim, as finais. Nas fases de mata-mata, os jogos serão no sistema de ida e volta.
A equipe já iniciou os trabalhos de preparação e recuperação para o condicionamento físico dos atletas. “Esse retorno das competições é um ponto muito positivo para esses garotos que ficaram muito tempo sem competir em função da pandemia. A disputa de campeonatos é fundamental no desenvolvimento não só do atleta, como do cidadão”, destaca o treinador, Willians Batista.
O Corpo de Bombeiros Militar de Araxá, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde, PMMG, Polícia Penal, Asttran e Guarda Patrimonial, fizeram um evento de distribuição de máscaras neste domingo, dia 25 no complexo do Barreiro em Araxá.
O local é procurado por pessoas que procuram por atividade física, contato com a natureza e turistas e foi um dos alvos da campanha gerida pela Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais cujo o foco é conscientizar as pessoas de que a Pandemia ainda não acabou e que os meios de prevenção ao COVID ainda devem ter atenção por parte da população.
O Corpo de Bombeiros de Araxá, distribuiu 1.500 máscaras aos frequentadores do local, trazendo também orientações sobre as formas de prevenção de contaminação pelo vírus SARS COV 2 que já matou cerca de meio milhão de brasileiros.
A campanha irá continuar nesta semana e tem como meta a distribuição de um total de 50.000 máscaras à população Araxaense. PMA
Insubstituível. Pela voz de contralto arrebatadora. Pelo carisma. Pelo visual. Dez anos depois de sua morte por abuso de álcool completados nesta sexta-feira (23), ninguém preencheu o vácuo deixado por Amy Winehouse. Não há pares semelhantes. Assim é com nomes como Elvis Presley, Beatles, Michael Jackson, Elis Regina, João Gilberto. Assim é com Amy Winehouse.
Tragicamente, a cantora e compositora britânica faz parte do mítico ‘clube dos 27’: artistas geniais que morreram de forma precoce aos 27 anos, como ela, Kurt Cobain, Janis Joplin e Jim Morrison. Com seu livro ‘Minha Amy – A Vida Que Partilhamos’, que está em pré-venda e será lançado no início de agosto no Brasil (Editora Agir, 368 págs., R$ 69,90), o músico britânico Tyler James, melhor amigo de Amy desde a adolescência, traz mais elementos dessa persona complexa, a partir de seu olhar afetivo (mas não complacente) e suas memórias de praticamente uma vida inteira compartilhada com ela.
James a conheceu em uma das aulas na Escola de Teatro Sylvia Young, em Londres. Ali, diante dele, a garota miúda que tinha 12, 13 anos, mas parecia não passar dos 9, começou a cantar. “Eu não conseguia acreditar nos meus ouvidos ou nos meus olhos. Aquela garotinha cantava como uma jazzista veterana de 40 anos que bebia três garrafas de uísque e fumava cinquenta Marlboros Red por dia”, descreve ele no livro. Os dois não se separaram mais, até a morte dela. Ele foi o segundo a entrar na casa de Amy e encontrá-la sem vida (o primeiro foi o segurança Andrew Morris), momento doloroso relatado por ele no livro.
Para James, o que fez Amy atingir o mais alto patamar de artista que influencia, mas não deixa herdeiros? “De vez em quando, surge alguém que é único em todos os aspectos. E ela era única. Sua aparência, sua atitude, sua música, seu som, suas letras. Ela era assim como pessoa. Tão inteligente, tão talentosa”, avalia o cantor e compositor, em entrevista à CNN. “Amy cresceu ouvindo jazz, era uma estudiosa do gênero, mas também ouvia hip hop e R&B. Depois, ela entrou nesses grupos de garotas dos anos 50, como as Shangri-Las. E misturou todas essas coisas.”
Mais que o som
Amy uniu sua técnica e conhecimento a sua alma de artista. Ao imponderável. “Claro, você pode listar carisma, carga dramática, a capacidade de ser um repórter do seu tempo, ou seja, fazer uma leitura do estilo de vida, dos timbres, e traduzir isso em uma obra, no caso, musical”, observa o produtor João Marcello Bôscoli. “Mas quando você pega uma foto do Bob Marley, do Elvis, da Amy, parece que na foto você já vê que a pessoa tem uma aura, um magnetismo. Amy tinha isso.”
É possível que venha a existir uma cantora com as mesmas características de Amy Winehouse: inglesa, branca, influenciada pelo jazz e pelo soul, com um quê de Billy Holliday, uma pitada de Erykah Badu. “Ela poderia ter tudo isso, e não ter acontecido nada. Mas há esse outro ingrediente, esse ‘je ne sais quois’ (não sei o quê)”, acrescenta Bôscoli.
Parte importante dessa aura deve-se ao retrato cru que Amy permitia que se tirasse dela, em seus momentos mais sombrios. Sem filtros de apps e redes sociais, sem intermediação excessiva de agentes e gerenciadores de crises. Amy estava sempre a flor da pele. “Ela vem com algo profundamente humano, o sofrimento, os conflitos, as inseguranças, tudo isso ela juntou ao talento, à força. É uma coisa muito verdadeira”, acredita o produtor, filho de Elis Regina e do jornalista, produtor e compositor Ronaldo Bôscoli.
Segundo ele, existia um drama, uma profundidade e não um plano de marketing. “Miley Cyrus fez tudo para virar uma Amy Winehouse: vazou filme íntimo, tomou drogas, polêmica, polêmica. Ela é respeitada, é muito legal, mas não chegou aonde a Amy chegou.” Ele lembra de ter ouvido a britânica pela primeira vez cantando em ‘Frank’, seu disco de estreia de 2003 – que teve boa recepção da crítica. Mas o estouro mesmo veio com o segundo álbum, ‘Back to Black’ (2006). “O que ela fez era algo retrofuturista, porque os arranjos eram meio 60’s, talvez começo de 70’s, mas com os timbres de hoje.”
Mais que a dor
Há mais de 10 anos apresentando um show-tributo a Amy Winehouse em paralelo ao seu trabalho autoral, a cantora e compositora Miranda Kassin diz que, em ‘Back to Black’, Amy e o produtor Mark Ronson, grande responsável pela sonoridade do disco, “acharam um gênero musical novo, que é soul pop, pop soul music”.
“O ‘Back to Black’ é totalmente autobiográfico, fala das dores, do amor, dos tombos, é uma entrega muito bonita. É um disco verdadeiro e exposto”, analisa Miranda, que fará uma live especial em homenagem a Amy nesta sexta, 23, às 22h15, em seu Instagram. “As pessoas sentiam a força e a fragilidade ao mesmo tempo, muitas se inspirando, muitas se identificando. Ela foi essa paixão avassaladora. Muita gente se identificou com a obra dela, da forma como ela se expôs, sem medo. E mostrou as feridas.”
Com fortes referências de ícones da soul em sua formação musical, Miranda faz sucesso com seu show dedicado à obra de Amy, o que a levou a abrir o show da cantora britânica no Brasil, em 2011. Foi um dos grandes momentos na vida de Miranda. Na época, Amy tentava levar uma vida saudável, longe das drogas e das bebidas, como fazia nos intervalos entre as reabilitações (esse drama, aliás, inspirou um de seus maiores sucessos, ‘Rehab’, em ‘Back to Black’). O documentário ‘Amy’, de 2015, mostra que a compositora não estava preparada para fazer viagens e shows.
No show em São Paulo, Amy visivelmente não estava bem. A imagem dela no palco contrastava com as fotos publicadas na imprensa em que aparecia feliz, em um hotel de luxo em Santa Teresa, no Rio, onde ficou hospedada. Amy chegou atrasada ao Anhembi. Ao longo da apresentação, foi ficando dispersa, confusa. Parecia esquecer algumas letras e, nessas horas, era afetuosamente amparada por sua banda, que assumia os vocais. Amy chegou a desafinar. Na plateia, um misto de surpresa e tristeza em ver a cantora daquela forma, tão fragilizada.
Miranda assistiu à apresentação de sua musa no backstage. Não era permitido álcool no camarim e em nenhuma parte. “Lembro que o show atrasou pra caramba, porque ela não queria ir. Quando chegou ao estádio, ela nem foi para o camarim, foi direto do carro para o palco. O segurança falou para mim que eu não podia abrir a boca, porque, se ela soubesse que havia alguém ali que era fã, ela não desceria do carro.”
À CNN, James diz que, naquele momento da vida de Amy, a amiga deveria ter se concentrado em ficar sóbria, mas que talvez o pai dela, Mitch, e o empresário pensassem que deixá-la ocupada seria o melhor para ela. “Às vezes, não ter nada para fazer também não ajuda o vício”, pondera.
“Mas ela deveria ter feito seu show no Brasil? Eu diria que, naquela fase, não era uma ideia péssima. As coisas ficaram muito ruins depois disso. Mas eu sei que ela não gostou, porque Amy estava entediada de cantar aquelas músicas, era meio que uma fase em que ela estava percebendo que não queria mais ser Amy Winehouse, não queria ser essa pessoa.”
Mais que a morte
Por que escrever um livro de memórias agora, depois de dez anos da partida de Amy? James conta que sempre soube que faria isso algum dia. Pensava que seria quando fosse mais velho. Veio antes. “Dez anos parece muito tempo, mas o luto é um processo muito difícil, complicado e nunca termina. Quando Amy morreu, achei que não conseguiria. Meu primeiro pensamento foi tirar minha própria vida”, conta.
James seguiu em frente, sem Amy, mas, segundo ele, não estava vivendo. “Eu estava com raiva, chateado e podia ouvir Amy me dizendo para escrever, porque foi isso que Amy fez. Ela sempre escreveu as coisas. É por isso que ela era uma musicista tão incrível. Quando sua cabeça ficava confusa com um cara ou qualquer coisa, ela escrevia e transformava isso em uma música.”
Em ‘Minha Amy’, as histórias dele e da cantora se cruzam o tempo todo, nas semelhanças, como a depressão na adolescência, e nas divergências, como no abuso alcóolico da amiga. Ao longo do livro, James relata uma vida dedicada a Amy, a cuidar dela – apesar de ele ter construído a própria trajetória na música, mesmo que bem mais discreta. Foi James quem incentivou Amy a gravar uma fita cantando pela primeira vez. Ele foi testemunha da ascensão e do calvário dela. E fala da relação dela com as drogas, o álcool, do amor destrutivo com ex-marido Blake.
Além do livro, vai ser lançado um novo documentário da cantora, ‘Reclaiming Amy’, com narração de sua mãe, Janis. O disco ‘Amy Winehouse at The BBC’, com versões ao vivo do catálogo dela, também foi relançado em maio pela Universal.
Num exercício adivinhatório, se Amy ainda estivesse viva, o que ela estaria fazendo? Estaria casada e com filhos, como sonhava? “Espero que sim. Ela era a mais bela pessoa maternal”, James responde. Teria virado atriz? Ele acha que possivelmente sim, mas não para ser famosa, como ela não queria ter sido famosa na música. “Ela era uma grande fã de Robert Rodriguez e desse tipo de filmes. Tenho certeza de que, se ela recebesse a oferta de um papel em uma dessas coisas, ela simplesmente teria feito isso.”
E ela teria continuado a compor? “Sim, porque, para Amy, a música era uma forma de terapia. Mas ela provavelmente não teria lançado essas músicas. Ela teria apenas se sentado, como fez, no chão da cozinha, com caneta, papel e violão, sem a garrafa de vodca, porque estaria sóbria se ainda estivesse aqui. Ela estava perto de ficar sóbria.”