Na Idade Média, a questão da música foi assumindo uma importância muito grande entre os clérigos daquela época
Desde muito tempo, as diferentes civilizações não só vivenciam a experiência musical como também elaboram métodos e teorias capazes de padronizar um modo de se compor e pensar o universo musical. Na Grécia Antiga, já observamos formas de registro e concepção das peças musicais através de sistemas que empregavam as letras do alfabeto grego. Ao longo do tempo, várias foram as tentativas de sistematização interessadas em formular um modo de se representar e divulgar as peças musicais.
Na Idade Média, a questão da música foi assumindo uma importância muito grande entre os clérigos daquela época. Por um lado, essa importância deve ser entendida porque os monges tinham tempo e oportunidade de conhecer todo o saber musical oriundo da civilização clássica através das bibliotecas dos mosteiros. Por outro lado, também pode ser entendida porque o uso da música foi assumindo grande importância na realização das liturgias que povoavam as manifestações religiosas da própria instituição.
Foi nesse contexto que um monge beneditino francês chamado Guido de Arezzo, nascido nos fins do século X, organizou o sistema de notação musical conhecido até os dias de hoje. Nos seus estudos, acabou percebendo que a construção de uma escala musical simplificada poderia facilitar o aprendizado dos alunos e, ao mesmo tempo, diminuir os erros de interpretação de uma peça musical. Contudo, de que modo ele criaria essa tal escala.
Para resolver essa questão, o monge Guido aproveitou de um hino cantado em louvor a São João Batista. Em suas estrofes eram cantados os seguintes versos em latim: “Ut quant laxis / Resonare fibris / Mira gestorum / Famuli tuorum / Solve polluti / Labii reatum / Sancte Iohannes”. Traduzindo para nossa língua, a canção faz a seguinte homenagem ao santo católico: “Para que teus servos / Possam, das entranhas / Flautas ressoar / Teus feitos admiráveis / Absolve o pecado / Desses lábios impuros / Ó São João”. Mas qual a relação da música com as notas musicais hoje conhecidas?
Observando as iniciais de cada um dos versos dispostos na versão em latim, o monge criou a grande maioria das notas musicais. Inicialmente, as notas musicais ficaram convencionadas como “ut”, “ré”, “mi”, “fá”, “sol”, “lá” e “si”. O “si” foi obtido da junção das inicias de “Sancte Iohannes”, o homenageado da canção que inspirou Guido de Arezzo. Já o “dó” foi somente adotado no século XVII, quando uma revisão do sistema concebido originalmente acabou sendo convencionada.
Por Rainer Sousa Mestre em História Equipe Brasil Escola
Além da peça teatral, a programação será encerrada com a exibição de um documentário com um olhar diferente sob o cenário cultural de Araxá.
O Projeto Arte, Cultura e Educação da Academia Araxaense de Letras entra na fase final. A programação continua com a apresentação da peça teatral Retalhos da Vida, na APAE, dia 18 de março às 15h, no Calçadão no dia 19 às 10h e no Parque do Cristo no dia 20 às 10h. Na produção o grupo Deu Na Telha vai trabalhar o folclore popular com seus causos e lendas. Com raízes no teatro popular, os atores vão atuar no formato de arena com um contato mais próximo com o público. “A linguagem do espetáculo utiliza a popular linguagem dos causos. A personagem principal é uma contadora de história e ela revela a história de Araxá que ao mesmo tempo será encenada ao fundo. É um espetáculo com base no teatro de rua, linguagem simples e musical. Teremos música ao vivo no espetáculo, misturando o circo com a comédia popular”, contou o ator e integrante do Grupo Deu na Telha, Caio Ranieri.As oficinas idealizadas pelo artista Ton Lima irão trabalhar arte de rua nos espaços públicos com jovens do Bairro Urciano Lemos. Elas acontecem nos dias 19 e 26 de março na Praça da Juventude.
Fechando a programação, no dia 30 de março as 20h, durante uma live pelo Youtube, será apresentado um documentário sobre a cultura de Araxá, produção do repórter cinematográfico Jander Lucio Bento. Segundo ele, o documentário registrou manifestações artísticas que aconteceram na cidade em diversos momentos. “Com uma linguagem moderna e edição dinâmica, poderemos ver os trabalhos de arte, literatura, música, dança, fotografia e grafite representados de forma inclusiva sob um olhar diferente do cenário cultural de Araxá”, adiantou Jander Lucio.
Para o vice-presidente da Academia, Hermes Honório da Costa, a diversidade de artistas envolvidos no projeto revelou mais uma vez a riqueza da cultura araxaense, que teve nesse momento, a AAL como grande incentivadora. “Aprendemos muito com esta iniciativa e esperamos que outros projetos surjam e que nossa arte fique sempre em evidência”, destacou Hermes.
O projeto conta com recursos da Lei Aldir Blanc, em parceria com Governo de Minas e o Governo Federal e todas as apresentações acontecem de forma gratuita.
Serviço:
Teatro
Presencial: APAE dia 18 – 15h
Calçadão dia 19- 10h
Cristo dia 20 – 10h
Oficinas
Presencial: 19 e 26 de 9 às 11h30 – na Praça da Juventude no Bairro Urciano Lemos
Em 1808, a chegada da Família Real em terras brasileiras estabeleceu uma série de mudanças na cidade do Rio de Janeiro. Preocupados em preservar a distinção de seu cargo, os membros da Corte Lusitana estabeleceram uma série de medidas e práticas que simbolizavam sua posição superior. Além disso, novos hábitos de consumo, padrões estéticos e rotinas viriam a conceber a cidade do Rio de Janeiro enquanto capital do Império Português.
Dada a Independência do Brasil, a distinção entre os membros da elite e a população menos favorecida ganhou outros tantos elementos. Nessa época, a impontualidade servia como um artifício que atestava a importância de uma autoridade. Por isso, mesmo que não houvesse contratempo, os nobres e altos membros da burocracia deixavam as pessoas esperando horas e horas por uma audiência. Isso significava que falar com “senhor fulano” ou o “doutor beltrano” era um privilégio único.
Geralmente, enquanto esperava pela oportunidade de serem ouvidos, os súditos tomavam xícaras e mais xícaras de chá que auxiliavam naquele interminável exercício de paciência. Provavelmente, foi por conta desse hábito nada respeitoso que as pessoas começaram a dizer que tomaram um “chá de cadeira” enquanto esperavam ter uma reivindicação atendida. De fato, esses padrões estavam bem distantes da lendária pontualidade associada aos britânicos.
Nos dias de hoje, podemos ver que esse hábito acabou tendo outras implicações interessantes. É comum observamos as pessoas dizendo que os órgãos governamentais não cumprem os prazos oficialmente estabelecidos ou que demoram em atender alguma demanda da população. Além disso, sempre temos um amigo, familiar ou conhecido famoso pela sua falta de pontualidade. Ou seja, o chá de cadeira virou um hábito entranhado na cultura de nosso país.
Quando falamos sobre comida, nem sempre imaginamos a dimensão histórica e cultural que um simples fruto pode ter. No caso da banana, o uso e o fácil acesso a esse gênero alimentício se mostram como uma das mais típicas características da economia natural e agroexportadora do continente americano. No século XX, vários países da América Central ficaram conhecidos como sendo parte integrante da chamada “República das Bananas”.
Essa relação entre a banana e o continente americano, na verdade, é bastante antiga. Ao chegarem ao Novo Mundo, os colonizadores europeus logo perceberam que as bananeiras abundavam em nossas terras. O clima quente e úmido fazia com que o fruto estivesse sempre disponível, sem que fosse necessário um planejamento rigoroso ou o emprego de técnicas agrícolas mais elaboradas. Ainda hoje, ela serve como base alimentar de muitas famílias habitantes de países americanos mais pobres.
Seguindo a lógica de exploração do sistema mercantilista, os comerciantes do Velho Mundo tinham pouco interesse em explorar comercialmente uma riqueza de tão fácil obtenção. O grande lance era investir em gêneros agrícolas que tivessem preços elevados e que, por isso, garantiam uma polpuda margem de lucros à burguesia mercantil europeia. De fato, a pobre banana era o indício cabal de que a antiga lei da oferta e da procura tinha lá suas razões.
Com o passar do tempo o preço da banana acabou sendo naturalmente incorporado ao nosso vocabulário financeiro. Toda vez que encontramos um produto “a preço de banana”, temos a certeza que pagaremos bem pouco naquele bem que tanto desejamos. Em tempos de pouca grana, nada melhor que pagar valores módicos que nos lembrem o precinho convidativo de um cacho de bananas!
Por Rainer Sousa Graduado em História Equipe Brasil Escola
Ao escutar uma piada, daquelas que nos fazem disparar a rir, são produzidos na boca uma série de sons vocálicos que duram de 1/16 segundos e repetem a cada 1/15 segundo. Enquanto os sons são emitidos, o ar sai dos pulmões a mais de 100 Km/h.
Uma gargalhada provoca aceleração dos batimentos cardíacos, elevação da pressão arterial e dilatação das pupilas.
Os adultos riem em média 20 vezes por dia, e as crianças até dez vezes mais. Rir é um aspecto tão inerente à existência humana que esquecemos como são interessantes esses ataques repentinos de alegria.
Por que as pessoas riem quando escutam uma piada? Segundo o escritor húngaro Arthur Kostler (1905-1983), o riso é um reflexo de luxo, que não possui utilidade biológica.
Entretanto a Natureza não investe em algo inútil, acredita-se que o impulso de rir possa ter contribuído para a sobrevivência no decurso da evolução.
A gelotologia que pesquisa sobre o riso, aponta que esta é a mais antiga forma de comunicação.
Os centros da linguagem estão situados no córtex mais recente, e o riso origina-se de uma parte mais antiga do cérebro, responsável pelas emoções como o medo e a alegria. Razão pela qual o riso escapa ao controle consciente. Não se pode dar uma boa gargalhada atendendo a um comando, muito menos é possível reprimi-la.
O riso pode apresentar um aspecto físico, cognitivo e emocional. Acontecimento este que não reduz o senso de humor a uma única região do cérebro.
Rir, achar algo engraçado, é um processo complexo, que requer várias etapas do pensamento.
Bebidas energéticas, geralmente, possuem em sua composição, além de carboidratos:
– Taurina: é um aminoácido que participa de funções fisiológicas importantes, como a excreção rápida de produtos tóxicos no organismo. Não se conhece bem os efeitos de seu consumo sobre nossa saúde em longo prazo.
– Glucoronolactona: é um carboidrato que possui função desintoxicante e auxilia na metabolização de substâncias.
– Cafeína: acelera a cognição, diminuindo a fadiga e aumentando o estado de vigília.
– Inositol: esse isômero da glicose previne o acúmulo de gordura no fígado e melhora a comunicação cerebral, a memória e a inteligência.
– Vitaminas: as principais encontradas nos energéticos são a niacina, B6, B12, riboflavina e ácido pantotênico. Sua presença está relacionada à reposição das doses recomendadas.
A união desses componentes resulta em uma bebida agradável ao paladar e que proporciona energia e ausência de sono para diversas atividades: desde horas extras de estudo à maior disposição para curtir uma festa. Uma única latinha é capaz de garantir esses efeitos por até três horas, dependendo do organismo da pessoa. Assim, não é difícil compreender o porquê de seu consumo, entre 2006 e 2010, ter aumentado mais de 300%, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não Alcoólicas (ABIR).
Apesar desses efeitos, os energéticos devem ser consumidos esporadicamente e com moderação, já que mascaram a fadiga do indivíduo, provocam insônia e podem aumentar significantemente a frequência cardíaca. Além disso, níveis muito elevados de cafeína podem desencadear em crises epilépticas, derrame cerebral e até mesmo morte. A bebida também é capaz de acelerar a perda de cálcio e magnésio pelo organismo, resultando em câimbras e, em longo prazo, osteoporose; e tem alto poder de provocar dependência, o que pode vir a ser um problema significativo.
Ingeridas ou misturadas juntamente com bebidas alcoólicas, essas bebidas podem provocar a desidratação, já que a cafeína e o álcool são substâncias diuréticas. Essa mistura também pode intensificar os efeitos do álcool, mas mascarando seu estado de embriaguez, já que a pessoa se sente bem menos sonolenta do que usualmente aconteceria. Isso permite com que a pessoa não tenha dificuldade em beber muito além da conta, criando uma maior tendência a comportamentos de risco.
Considerando o exposto, fica a dica: nunca consuma mais de duas latinhas de energético em um mesmo dia e evite misturar essa bebida com as alcoólicas. Caso o faça, defina anteriormente, e de forma sensata, a quantidade máxima dessas substâncias que irá tomar, e cumpra esse compromisso, ingerindo bastante água nos intervalos. Nesta situação, não dirija!
Mulheres grávidas jamais devem usar energéticos, já que tal ato pode provocar aborto espontâneo ou nascimento de bebê de baixo peso.
As bebidas energéticas não cumprem o mesmo objetivo que as bebidas esportivas, também chamadas de isotônicos. Estas bebidas à base de água, sais minerais e carboidratos têm a função de repor líquidos, eletrólitos e carboidratos que costumam ser perdidos, principalmente, através do suor, durante atividades físicas intensas, como corridas competitivas.
Por Mariana Araguaia Bióloga, especialista em Educação Ambiental Equipe Brasil Escola
David Motta Soares, de 24 anos, foi uma das principais estrelas do Bolshoi, que está entre as muitas instituições culturais envolvidas na reação internacional contra a invasão da Ucrânia pelo presidente russo, Vladimir Putin.
O bailarino brasileiro David Motta Soares, um dos principais solistas do renomado balé Bolshoi da Rússia, anunciou sua demissão nesta segunda-feira (7), em uma mensagem de solidariedade aos “combatentes” na Ucrânia.
Soares, de 24 anos, foi uma das principais estrelas do Bolshoi, que está entre as muitas instituições culturais envolvidas na reação internacional contra a invasão da Ucrânia pelo presidente russo, Vladimir Putin.
“Estou profundamente triste em dizer que deixei o Teatro Bolshoi, meus professores, meus amigos, minha família, o lugar que chamei de lar por muitos anos”, escreveu Soares no Instagram.
“Não posso agir como se nada estivesse acontecendo, simplesmente não consigo acreditar que tudo isso está acontecendo de novo, já passamos por isso deveríamos ter aprendido com o passado”, escreveu ele, ao lado de uma foto sua em uma majestosa pose de dança.
David Motta Soares fez uma publicação, em Inglês, no Instagram anunciando a demissão — Foto: Reprodução/Instagram
Ele disse que tem “muitos amigos” na Ucrânia e não consegue imaginar o que eles estão passando ou como estão “enfrentando essa… situação”.
“Meu coração (está) com eles”, escreveu.
Sua demissão segue a do diretor musical e maestro principal do Teatro Bolshoi, Tugan Sokhiev, que renunciou no domingo, e disse que se sentiu pressionado a se posicionar sobre o conflito na Ucrânia.
A Royal Opera de Londres anunciou em 25 de fevereiro o cancelamento de uma temporada de apresentações do balé Bolshoi devido à invasão.
Bailarino brasileiro anuncia em rede social saída do balé Bolshoi, da Rússia
Soares, que cresceu em Cabo Frio, a 150 quilômetros do Rio de Janeiro, chegou aos 12 anos ao Bolshoi, a lendária academia de dança do teatro de Moscou.
Ele se formou em 2015 quando ganhou o primeiro prêmio no All-Russian Young Dancers Competition e subiu na hierarquia do Bolshoi para o posto de solista líder – um abaixo do dançarino principal.
Quatro grandes artistas da música brasileira vão virar oitentões em 2022
Há uma turma nascida em 1942 que acalenta o coração dos brasileiros. Um grupo que contribuiu para a definição da sigla MPB nas décadas de 1960 e 70. Que inspirou gerações de músicos. Que fez e faz história. Em 2022, quatro entidades da arte nacional completam oito décadas: Gilberto Gil (no dia 26/6), Caetano Veloso, (7/8), Milton Nascimento (26/10) e Paulinho da Viola (12/11).
Outros nomes importantes logo chegarão à casa dos 80, como Chico Buarque (completa 78 em junho), Gal Costa (77 em setembro) e Maria Bethânia (76 em junho). Só a idade de Jorge Ben Jor é um tanto controversa: a jornalista e escritora Kamille Viola, autora do livro África Brasil: Um Dia Jorge Ben Voou Para Toda a Gente Ver, encontrou evidências de que ele nasceu em 1939, mas o músico defende que nasceu em 1945. Sobre o dia, não há dúvidas: 22 de março é a data para celebrar seus 83 ou 77 anos. Entre os artistas do país também nascidos em 1942, mas que já partiram, há Tim Maia, Nara Leão, Celly Campello e Clara Nunes.
Às vésperas de se tornarem octogenários, os quatro artistas seguem ativos, cada um à sua maneira. Seja com shows, discos ou diferentes demandas. Sempre relevantes, o tempo agrega frescor às suas obras. Celebrando essa longevidade artística, confira, a seguir, como essa turma de 1942 chega aos 80 anos e o que cada um anda produzindo.
Gilberto Gil: em trânsito
Gilberto Gil é uma multipresença espalhada por diferentes meios. Entre setembro e outubro de 2021, ele voltou aos palcos realizando turnê pela Europa. O cantor deve retornar ao continente em junho para um giro comemorativo dos 80 anos, a ser documentado pelo cineasta Andrucha Waddington, também diretor da série Família Gil, prevista para estrear no segundo semestre no Amazon Prime Video.
Em janeiro, foi lançada a minissérie Infinito Brasileiro, protagonizada por Gil e dirigida por Marcelo Hallit. Disponível na plataforma Casa do Saber+, traz o cantor compartilhando suas visões sobre o país a partir de suas vivências. Ainda no campo audiovisual, vale lembrar o especial Amor e Sorte com Gilberto Gil, que estreou no Globoplay em 2020. Os quatro episódios mostram a história por trás da criação de alguns sucessos do cantor, além de trazer performances e parcerias (como Elza Soares, Milton Nascimento e Pitty) para gravar novas versões dessas canções durante a quarentena. As entrevistas foram conduzidas pelo cineasta Jorge Furtado e pelo escritor Carlos Rennó.
Gil vai chegar aos 80 sendo um imortal: em novembro, o compositor foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras (ABL). Trata-se de apenas o terceiro negro na trajetória da ABL, após Machado de Assis e Domício Proença Filho.
O último disco de inéditas é Ok Ok Ok, de 2018. De lá para cá, ele lançou dois registros ao vivo: Gil Baiana ao Vivo em Salvador (2020), com a banda BaianaSystem, e São João em Araras (2021), gravado em seu sítio.
O doutor em história Maurício Barros de Castro, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e autor de Gilberto Gil: Refavela, aponta que a música de Gil sempre esteve conectada a questões contemporâneas, refletindo os múltiplos interesses do artista: tecnologia, políticas culturais, ancestralidade africana, herança nordestina e o diálogo constante com as novas formas de pensar o mundo.
— O disco que gravou com o BaianaSystem mostra como Gil chega aos 80 anos, repleto de vitalidade e com a obra em total diálogo com as novas gerações — diz Castro.
Cássia Lopes, professora e pesquisadora nas áreas de Letras e Artes Cênicas da Universidade Federal da Bahia e autora do livro Gilberto Gil: a Poética e a Política do Corpo, salienta que o cantor pensa e interpreta os tecidos sociais brasileiros não só com suas canções, mas traz, ao longo de sua carreira, uma poética e uma política com o corpo. Ela lembra que, quando foi Ministro da Cultura (2003 a 2008), Gil participou de eventos de cunho político nos quais o seu lado artista também era convocado à cena, produzindo uma politização da arte e uma estetização do político.
Para Cássia, Gil sempre esteve atento a diversos ritmos e saberes presentes na paisagem brasileira, transitando sem estabelecer uma hierarquia entre eles:
— Com Dorival Caymmi, aprendeu a não ter a dor como uma rival, mas a afirmá-la de maneira criativa. Também a ler o mar e a sentir a poesia e as tensões presentes na paisagem baiana e brasileira. Com Luiz Gonzaga, abriu a sanfona mundo afora, numa descoberta do sertão e de suas festas populares. Atravessou o samba, o reggae de Bob Marley, o rap, ouviu a Banda de Pífanos de Caruaru, a canção romântica, o violão de João Gilberto, revelando a riqueza da musicalidade brasileira, sem fechar os olhos para a arte que se faz em nível global. Foi da soul music, em Refavela (1977), em que também se inspirava no Nordeste, à música de discoteca no álbum seguinte, Realce (1979).
Caetano Veloso: inquieto
Como músico e agente político, Caetano Veloso está sempre em movimento. A principal iniciativa que encabeça neste momento é o Ato Pela Terra, manifestação prevista para o dia 9 de março, em Brasília. Acompanhado de artistas como Seu Jorge, Lázaro Ramos e Christiane Torloni e ONGs, o cantor e compositor vai protestar contra um combo de projetos de lei chamado por ambientalistas e opositores de “pacote da destruição”. Os textos flexibilizariam o rigor sobre a proteção da Amazônia, afrouxariam o uso e registro de agrotóxicos e liberariam a mineração em terras indígenas – reivindicação que parte de garimpeiros e empresas mineradoras.
A preocupação de Caetano com a natureza se intensificou nos últimos anos. Em 2020, ele lançou uma série de encontros musicais no Rio, para comemorar o Dia do Meio Ambiente. Gravadas em 2019, as apresentações marcaram o lançamento do app da 342Amazônia, plataforma de ativismo ambiental que tem Paula Lavigne, companheira do músico, como uma das idealizadoras.
Além da causa ambiental, Caetano vive se posicionando contra o governo do presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista ao jornal Metrópoles, disse que “O governo que temos agora não tem paralelo com a ditadura, tem saudade dela, paixão pela deformação do poder público” e “é o avesso do que devemos ser”.
Em janeiro, Caetano virou desenho animado no clipe O Leãozinho, da Rádio Bita, braço do projeto de animação Mundo Bita. Até o fim do ano, devem sair mais vídeos. Outro lançamento previsto é o livro Letras (Companhia das Letras), com todas as canções do artista. A organização é do poeta e ensaísta Eucanaã Ferraz.
Vale lembrar que, em 2020, o documentário Narciso em Férias, de Renato Terra e Ricardo Calil, trouxe um relato íntimo do artista sobre sua prisão pela ditadura militar em dezembro de 1968.
Ou seja, Caetano é uma multipresença, espalhada em diferentes linguagens ou discursos. Para Rafael Julião, doutor em literatura brasileira e autor do livro Infinitivamente Pessoal: Caetano Veloso e Sua Verdade Tropical (2017), seria até possível afirmar que Caetano é uma onipresença, pois está sempre pronto para se instalar no cerne da discussão de seu tempo. Julião reflete:
— Sua fala pública e sua afirmação política espalharam-se por jornais e memes, ao exaltar a inteligência e contestar a burrice. Continua estando aqui presente, como um vate teimoso, a seguir insistindo em um destino luminoso para o Brasil em meio a mais esse momento angustioso. E é com essa teimosia que se permite afirmar, em recente canção (Não Vou Deixar, do disco Meu Coco), que não vai deixar que esculachem com nossa história, porque aqui há quem saiba cantar.
É também o tipo que não se acomoda com o sucesso, destaca o poeta e escritor Carlos Eduardo Drummond, autor, em parceria com Marcio Nolasco, de Caetano, Uma Biografia:
— Como na máxima dos modernistas, para ele o passado não é para se repetir. O olhar é para o novo, é na direção do futuro, e com uma necessidade constante de ruptura, que são ferramentas vitais para sua produção.
Essa necessidade, ressalta Drummond, pode ser percebida desde os primeiros discos. Basta comparar a estreia (Domingo, em parceria com Gal Costa), de 1967, com Caetano Veloso (1968) e Tropicália ou Panis et Circenses (1968), onde o Tropicalismo se consolidou. Ou o clima melancólico do exílio do cantor em Londres, que rendeu Transa (1972), o experimentalismo de Araçá Azul (1973), a parceria com a banda Black Rio no auge da soul music, a influência do rock brasil no disco Velô (1984)…
— Também como os modernistas, Caetano devora essa cultura diversa que chega até ele e depois recria à sua maneira — atesta Drummond.
Julião corrobora:
— Esse Caetano que vai se desdobrando em muitos chegou ao novo milênio atento a tudo, renovando seu público, experimentando sonoridades e mantendo elevada a discussão sobre cultura e política no país. Seu mais recente álbum, Meu Coco, tem esse vigor de se mostrar cheio de novidades e, ao mesmo tempo, de afirmar mais uma vez tudo aquilo que, de ponta a ponta, sua obra enuncia.
Milton Nascimento: global
Ao mesmo tempo que irá festejar oito décadas de vida, Milton Nascimento pretende se despedir dos palcos em 2022. O anúncio da turnê A Última Sessão de Música foi realizado em outubro de 2021, mas ainda não foi divulgada nenhuma data de apresentação.
O show mais recente de Milton foi a live com a Orquestra Ouro Preto, em dezembro, quando celebrou os 50 anos do disco Clube da Esquina, que serão completados neste mês. A apresentação foi realizada no Cine-Theatro Central, de Juiz de Fora (MG), sem presença de público. Aliás, três shows de encerramento da turnê Clube da Esquina adiados por conta da pandemia foram remarcados para abril.
A comemoração do álbum já havia começado com a minissérie Milton e o Clube da Esquina, que foi ao ar em 2020, pelo Canal Brasil (hoje disponível no Globoplay). Com direção de Vitor Mafra e participações de nomes como Samuel Rosa, Iza e Ney Matogrosso, o programa se debruça sobre as canções e a intimidade de Bituca, Ronaldo Bastos e os irmãos Márcio e Lô Borges.
O último disco de estúdio com inéditas de Milton foi lançado em 2010, intitulado …E a Gente Sonhando. A partir daí, Bituca se dedicou a registros ao vivo e regravações. Um desses trabalhos foi o EP Existe Amor, de 2020, em parceria com Criolo. Em dezembro do mesmo ano lançou o single Drão, composição de Gilberto Gil, para a trilha sonora da série Amor e Sorte. Mas há novidade prevista para 2022: Milton publicou em janeiro um vídeo em estúdio, destacando que estava na gravação de seu primeiro projeto do ano, sem dar maiores detalhes.
Falando nisso, Milton costuma ser ativo em suas redes, com vídeos e publicações ternas. Porém, ele já aproveitou o espaço para falar de política: no feriado de 7 de setembro de 2021, quando vários apoiadores do governo federal ocuparam as ruas de cidades do país com discursos contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso, publicou um vídeo interpretando Cálice. Composição de Chico Buarque e Gil, a música é um símbolo da resistência à repressão da ditadura militar no Brasil. Na legenda da postagem, Milton protestou escrevendo “Fora Bolsonaro”como-caetano-veloso-gilberto-gil-milton-nascimento-e-paulinho-da-viola-chegam-aos-80-anos-
O jornalista e diretor artístico Danilo Nuha convive com Bituca desde 2009, atuando na assessoria do artista. É autor do livro Milton Nascimento: Letras, Histórias e Canções. Há 13 anos ele acompanha o músico em suas viagens, shows, compromissos, gravações, encontros com outros artistas, atletas, fãs e celebridades de diferentes áreas. Ele assegura: agenda de Milton antes da pandemia era típica de um chefe de Estado.
— Numa sexta-feira em Nova York, show na ONU. No dia seguinte, Montreal, no mesmo festival que Prince e Robert Plant. Pouco depois, já está em Istambul, tocando numa mesquita com Herbie Hancock, Esperanza Spalding e Wayne Shorter. Essa era a rotina normal dele. E uma coisa que eu sempre pensava nessas viagens é que Milton já ultrapassou todos os parâmetros. Já não se trata somente de um artista e sua música. O que faz da obra de Milton tão relevante é o papel que ele exerce no mundo de uma forma geral — avalia.
Para o jornalista e doutor em Antropologia Paulo Thiago de Mello, autor do livro Milton Nascimento e Lô Borges: Clube da Esquina, Bituca reúne uma voz singular, o domínio da arte de compor e a capacidade construir melodias simples e poderosas com uma harmonia sofisticadíssima. Mello observa que o músico continua relevante hoje porque aprimorou o que antes era talento bruto:
— Isso o manteve relativamente a salvo do envelhecimento natural dos elementos que o tornaram singular. É como um vinho que envelheceu bem.
Paulinho da Viola: cronista
A última vez em que Paulinho da Viola apresentou um trabalho em que músicas inéditas predominaram no repertório foi em 1996, com o disco Bebadosamba. O Acústico MTV, de 2007, até trouxe quatro músicas que não tinham sido gravadas pelo músico. Em 2020, saiu um registro ao vivo feito em 2006, intitulado Sempre Se Pode Sonhar, em que a faixa-título era a única novidade na sua voz.
Paulinho revelou em entrevista ao Estadão, em dezembro de 2021, que já tinha sambas prontos e algumas melodias, além de algumas letras para um trabalho futuro. Em entrevista ao Globo, em janeiro, ele admitiu que já estava tudo combinado para gravar um novo trabalho, mas pediu um tempo para entender melhor como funcionam as formas de gravação e distribuição agora. Para Paulinho, é estranho gravar duas ou três músicas e depois lançar na internet.
Quando conversou com GZH, em fevereiro, o cantor disse que em algumas ocasiões esteve prestes a entrar em um estúdio de um amigo para trabalhar composições novas, mas o processo de gravação atual (cada músico registrando separadamente sua parte) sempre o afastou. Contudo, ele espera, de alguma forma, poder reunir os músicos e gravar um novo trabalho com todos juntos, quem sabe este ano.
Apesar de presente no Instagram — o músico não faz as postagens, embora passem por sua aprovação ou sejam suas sugestões — e tendo realizado em 2020 uma live disponível no Globoplay, Paulinho ainda é aquele sujeito do contato presencial, seja para gravar ou para consumir música (vinil ou CD).
Falando em presencial, Paulinho retomou sua agenda de shows em dezembro de 2021. Ele se apresentou em Porto Alegre em 10 de fevereiro, no Auditório Araújo Vianna.
Autora dos livros Paulinho da Viola e O Elogio do Amor e Ensaiando a Canção: Paulinho da Viola e Outros Escritos, a cantora e filósofa Eliete Negreiros pontua que a obra do músico é atemporal, tratando de temas caros à humanidade desde a Antiguidade, como a impermanência de tudo (Tudo Se Transformou) e o amor (Foi Um Rio Que Passou em Minha Vida).
— Além de lírico, é um cronista de seu tempo, como em Coisas do Mundo, Minha Nega, Comprimido e Sinal Fechado. Seu olhar confere dimensão universal a estes temas: a amplidão e profundidade de seu olhar conferem, às suas composições, um tom de eternidade — reflete a pesquisadora de canção brasileira. — Vejo Paulinho da Viola como um criador original que mantém acesa a chama da tradição do choro e do samba.
Pandemia levou ao cancelamento da festa na maioria das cidades
A nova fase de pandemia de Covid-19, impulsionada pela variante Ômicron, levou ao cancelamento do Carnaval em quase todas as capitais do país. Levantamento da Agência Brasil mostra como quase a totalidade das prefeituras proibiu blocos, desfiles e manifestações em locais públicos.
A exceção é a cidade de Belo Horizonte, que não editou norma com proibição explícita, mas analisa caso a caso. Boa parte das cidades permitirá festas e eventos em locais abertos e fechados. Algumas definiram limites de público, outras não.
Em todas as cidades estão valendo os protocolos sanitários, como uso de máscara. A exigência de passaporte vacinal é adotada em parte das cidades, como Rio de Janeiro, São Paulo, Aracaju e Fortaleza.
Blocos
A proibição da festa foi sentida pelos blocos, trabalhadores e promotores de eventos carnavalescos.
O Bloco Eu Acho é Pouco, que sai em Olinda (PE) e completa 45 anos em 2022, é uma das agremiações afetadas pelo cancelamento da festa neste ano, mas considera que não haveria como fazer desfile com segurança.
“A ausência do Carnaval é proporcional à realização da festa para quem ama e vive o evento. É um momento de recolhimento, pois não há condições sanitárias para ir às ruas. Mas é preciso olhar para a cadeia produtiva da cultura e apoiar de alguma forma”, diz Luciana Veras, uma das integrantes do bloco, que destinará parte da renda com venda de camisetas a pessoas que trabalham nos desfiles.
Na avaliação de Juliana Andrade, coordenadora da Rede Carnavalesca do Distrito Federal (DF), houve quebra do pouco apoio que existia na cidade para a realização da festa. “Podíamos inserir o Carnaval como tecnologia no enfrentamento à pandemia. Marchinhas, informações nos meios de comunicação”, defende.
Levantamento por regiões
Sudeste
No Rio de Janeiro, o Carnaval de rua foi, segundo a prefeitura, descartado. O motivo foi a dificuldade de controlar o fluxo de pessoas e exigir o passaporte vacinal para acesso aos eventos. O desfile das escolas de samba na Marquês de Sapucaí foi adiado para abril. Eventos privados foram autorizados, desde que seja exigida a comprovação de vacinação completa.
EmSão Paulo, o Carnaval de rua foi cancelado, enquanto os desfiles de escolas de samba foram adiados para o feriado de Tiradentes. As festas e eventos particulares podem ocorrer, desde que respeitado o limite de 70% da capacidade do local e que seja exigido comprovante de vacinação. É obrigatória a adoção de protocolos de saúde como uso de máscaras e disponibilização de álcool em gel.
A prefeitura de Belo Horizonte não publicou regras proibindo festejos de Carnaval. À Agência Brasil, informou que vai avaliar as situações “caso a caso”. Lembrou que não investiu nem apoiou com infraestrutura nenhum bloco de Carnaval neste ano.
Os dias não serão pontos facultativos na capital mineira, o que, na expectativa da administração municipal, deverá dificultar a realização de eventos em locais públicos. Eventos privados estão autorizados conforme as regras adotadas pela prefeitura, como obtenção de alvará, comprovante de vacinação ou exame RT-PCR até 48 horas antes, obrigação de máscaras e disponibilização de álcool em gel e outros recursos para higienização das mãos.
Não há limitação de capacidade de público. Os organizadores devem ter informações sobre os participantes para rastreamento epidemiológico e informação às autoridades de saúde se tiverem conhecimento de casos que possam ter sido contraídos no evento. Os ingressos devem ser adquiridos preferencialmente por meios eletrônicos.
Em Vitória (ES) não haverá programação de Carnaval. O Decreto nº 20.415, de 14 de fevereiro, proibiu a realização em espaços públicos de concentrações, desfiles de escolas de samba e blocos, atividades recreativas semelhantes a blocos carnavalescos, bem como qualquer evento que resulte em aglomeração em vias. O desfile das escolas de samba foi transferido para os dias 7, 8 e 9 de abril.
Os estabelecimentos e eventos privados são regulados por norma estadual. Como a cidade está em risco moderado de pandemia, bares e restaurantes podem funcionar até as 22h, de segunda a sábado, e até as 16h no domingo. Festas e shows podem ocorrer com capacidade de até 50%, 1,2 mil pessoas em locais fechados e 2 mil pessoas em locais abertos. Para entrar nos locais será exigido comprovante vacinal.
Centro-Oeste
No Distrito Federal, o Carnaval também foi cancelado, em decretos editados no dia 6 de janeiro. Conforme as regras do governo local, bailes, shows, blocos e desfiles estão proibidos, bem como qualquer evento de Carnaval, inclusive em estabelecimentos privados. Festivais, festas e eventos culturais semelhantes não podem cobrar ingresso. Os bares não podem manter espaços de dança, mas podem funcionar sem cobrança de ingresso, com música ao vivo, assim como shows e festas em locais abertos ou fechados, também sem cobrança de valores.
Em Cuiabá, o Carnaval foi proibido, incluindo tanto atividades públicas quanto privadas. Segundo o Decreto 8.946 de 2022 da prefeitura, publicado nesta semana, eventos esportivos e artísticos realizados em ginásios e estádios têm que respeitar limitação de 80% da capacidade local, além de medidas de biossegurança.
Em Goiânia, o Decreto nº 598, de 17 de fevereiro, proibiu festejos de Carnaval em logradouros públicos. A primeira versão do decreto previa a suspensão de festejos de Carnaval em ambientes fechados, mas a redação foi modificada. A norma também fixa obrigações para atividades econômicas. Bares, restaurantes, casas de espetáculo e boates devem manter distanciamento de 1,5 metro entre as mesas, com limitação de 60% da capacidade e a possibilidade de música ao vivo e uso de pista de dança.
Nordeste
Em Salvador, um dos maiores carnavais do país também está cancelado. Foram proibidas ainda quaisquer atividades culturais e com som em áreas públicas. A prefeitura montou força-tarefa para fiscalizar aglomerações e manifestações nos locais onde a festa é tradicionalmente realizada, como o circuito Barra-Ondina. Os dias de Carnaval não terão ponto facultativo, e os órgãos municipais funcionarão normalmente.
A prefeitura de Maceió cancelou as festas. Em nota, informou que estão proibidas também as autorizações para a realização de festas privadas em locais públicos.
Em Aracaju, estão autorizados eventos, com regras estabelecidas pelo estado, desde que respeitados os limites de até mil pessoas em locais abertos e até 300 em espaços fechados. A realização é condicionada à aprovação da Secretaria de Saúde, devendo haver também respeito aos protocolos sanitários. Nos eventos devem ser exigidos comprovante de vacinação ou teste negativo de antígeno realizado até 48 horas antes.
A prefeitura do Recife, cidade com um dos mais tradicionais festejos do país, decidiu também pelo cancelamento, a exemplo de outras capitais nordestinas. A prefeitura anunciou programações alternativas. A Ciclofaixa do Turismo e Lazer, que passa por pontos turísticos da cidade, terá bicicletas com caixas de som tocando frevo, o ritmo tradicional do Carnaval.
Olinda, cidade vizinha à capital e que forma o circuito carnavalesco da Região Metropolitana, também cancelou a festa. As duas cidades lançaram programas de apoio a blocos e trabalhadores do Carnaval.
Em Fortaleza, a prefeitura proibiu até o dia 1º de março a realização de eventos festivos de Carnaval e pré-Carnaval. Outros eventos deverão respeitar os limites de até 500 pessoas em espaços abertos e de até 250 pessoas em locais fechados. Nessas ocasiões, a determinação é exigir o passaporte vacinal e respeitar os protocolos de saúde. O governo do Ceará e a prefeitura de Fortaleza não decretaram ponto facultativo nos órgãos públicos.
A prefeitura de São Luís informou que não haverá Carnaval na cidade. Diante do cancelamento dos desfiles e blocos, a administração municipal disse que vai conceder auxílio para artistas e integrantes de blocos. Os eventos privados seguem autorizados, conforme norma vigente na capital maranhense. Foi determinado ponto facultativo de 28 de fevereiro a 2 de março.
Norte
A prefeitura de Manaus suspendeu a autorização de festas e blocos de rua. Os dias 1º e 2, até as 12h, são feriados municipais.
Em Belém, os festejos foram cancelados em novembro do ano passado. A prefeitura determinou ponto facultativo nos dias 28 de fevereiro, 1º e 2º de março, até as 12h. Festas em locais fechados podem ocorrer, desde que com protocolos sanitários e exigência de comprovante de vacinação.
Decisão semelhante tomou a prefeitura de Palmas, no Tocantins. A administração editou decreto cancelando as manifestações carnavalescas até 1º de março. Durante o feriado, foi decretado ponto facultativo.
Em Porto Velho, o Carnaval também foi cancelado, conforme o Decreto nº 17.887, de 12 de janeiro de 2022. “Fica proibida a realização de quaisquer eventos, públicos ou privados, em espaços abertos ou fechados, em comemoração ao Carnaval de 2022, como bailes, blocos e agremiações, Carnaval de rua, festas em repúblicas, festas em sítios e eventos privados de qualquer espécie”, diz a norma. Entretanto, bares, restaurantes e boates poderão funcionar na capital de Rondônia, desde que respeitem os protocolos sanitários. A prefeitura estabeleceu como ponto facultativo os dias 28 de fevereiro, 1º e 2 de março.
Sul
A prefeitura de Porto Alegre proibiu atividades, como blocos de rua e desfiles de escola de samba, mas festas privadas estão permitidas conforme os protocolos estaduais e municipais (como uso de máscara e distanciamento). As atividades foram transferidas inicialmente para 6, 7 e 8 de maio, quando devem ocorrer os desfiles. Mas a data pode mudar em função da pandemia.
Florianópolis é outra capital da região que teve o Carnaval cancelado pela prefeitura. Foram proibidos blocos e desfiles de agremiação, bem como quaisquer eventos carnavalescos públicos ou privados. O feriado será ponto facultativo na cidade, com os serviços municipais funcionando em regime de plantão.
Na cidade de Curitiba, a festa será em formato virtual. A decisão foi tomada em resposta ao pedido da Liga das Escolas de Samba. Foram cancelados os blocos e o desfile na Avenida Marechal Deodoro. Um edital forneceu apoio para que as escolas e três blocos promovam atividades virtuais no período. A prefeitura e demais órgãos públicos terão expediente normal nesses dias.
No levantamento, não foi obtido retorno das prefeituras de Rio Branco, Boa Vista, Campo Grande, Natal e João Pessoa pela Agência Brasil.
A Fundação Cultural Calmon Barreto, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, lançou, nesta quinta-feira (24), o projeto Juventude em ConSerto. As atividades oferecem educação musical para crianças entre 7 e 16 anos de três escolas da rede pública, com a oferta gratuita de 90 vagas, na Escola Municipal de Música Maestro Elias Porfírio de Azevedo.
Os alunos participam de cursos de música instrumental (violino, viola, violoncelo, teoria/percepção, percussão ritmo e expressão corporal) e musicalização durante 10 meses. O objetivo é a formação de uma orquestra para futuras apresentações musicais em eventos ao longo do ano.
O prefeito Robson Magela, que participou do lançamento, destaca que o projeto vai revelar novos talentos. “Tenho certeza de que têm muitos talentos ocultos na nossa cidade, e que por meio desse projeto muitas coisas bacanas vão acontecer. Vamos incentivar pensando sempre em proporcionar algo de melhor aos jovens de Araxá”, destaca Robson.
A presidente da FCCB, Cynthia Verçosa, diz que está confiante nos resultados que o Juventude em ConSerto vai alcançar. “As crianças terão aulas teóricas e de musicalização. Trabalhamos com alunos que cursam o tempo integral que vão ser cuidados de uma maneira que a gente possa oferecer cultura e ocupar este tempo para tirá-los da rua, de situações difíceis. Vai ser muito gratificante”, ressalta.
Para que a dinâmica das aulas aconteça, as atividades contam com o apoio da Secretaria Municipal de Educação, que auxilia com demandas pedagógicas e transporte dos alunos.