Edifícios são pelo menos 500 anos mais antigos do que aqueles já conhecidos no país
Arqueólogos nos Emirados Árabes Unidos descobriram os edifícios mais antigos conhecidos do país, datando de pelo menos 8.500 anos.
Isto é mais de 500 anos mais antigo do que as descobertas anteriores, segundo o Departamento de Cultura e Turismo de Abu Dhabi, num comunicado de imprensa de quinta-feira.
Descobertos durante um programa arqueológico gerido pelo departamento, os edifícios estão localizados na ilha de Ghagha, a oeste da cidade de Abu Dhabi.
As estruturas que foram desenterradas são “simples salas redondas”, que têm paredes de pedra que ainda estão preservadas até uma altura de quase um metro (3,3 pés), diz o comunicado de imprensa.
A equipe afirmou na declaração que as estruturas eram “provavelmente casas para uma pequena comunidade que pode ter vivido na ilha durante todo o ano”.
As estruturas desvendadas pelos arqueólogos em Abu Dhabi / Departamento de Cultura e Turismo de Abu Dhabi
Eles acrescentaram que a descoberta mostrou a existência de povoações neolíticas antes do desenvolvimento de rotas de comércio marítimo de longa distância, sugerindo que estas não eram de fato o ímpeto para os povoamentos na área, como os arqueólogos tinham pensado anteriormente.
Centenas de artefatos também foram descobertos, entre eles “pontas de flechas de pedra finamente trabalhadas que teriam sido utilizadas para a caça”, e a equipe disse ser “provável que a comunidade também tenha utilizado os ricos recursos do mar”.
Embora os arqueólogos ainda estejam inseguros sobre quando o povoado esteve em uso, foi descoberto um corpo enterrado nas estruturas e datado de cerca de 5.000 anos – e é um dos poucos enterros conhecidos desta época nas ilhas de Abu Dhabi.
“As descobertas na ilha de Ghagha sublinham que as características de inovação, sustentabilidade e resiliência fazem parte do DNA dos habitantes desta região há milhares de anos”, disse Mohamed Al Mubarak, presidente do departamento.
O recorde anterior de edifícios mais antigos conhecidos nos EAU foi mantido pelos descobrimentos na ilha de Marawah, também ao largo da costa de Abu Dhabi, onde a pérola mais antiga do mundo foi encontrada em 2017.
A equipe disse que a nova descoberta sugeria que as ilhas de Abu Dhabi eram uma espécie de “costa fértil” em oposição a “árida e inóspita”, com colonos atraídos para as ilhas pelas “condições econômicas e ambientais locais”.
Personalidades relembram os filmes que marcaram o cinema e falam sobre a habilidade do cineasta e escritor em manifestar suas ideias de forma crítica aos problemas da sociedade brasileira
O falecimento de Arnaldo Jabor na manhã desta terça feira 15, espalhou comoção entre o público de admiradores, artistas e jornalistas de todo o Brasil. Após a confirmação da morte do cineasta aos 81 anos por complicações de um AVC, atores e colegas que trabalharam com Jabor em filmes dos anos 1960, 70 e 80 relembraram momentos marcantes da carreira do diretor.
Embora o jornalismo atravesse toda a trajetória de Arnaldo Jabor e o tenha tornado uma figura conhecida do grande público, sua contribuição com o cinema deixou marcas memoráveis na história do audiovisual brasileiro.
Seu envolvimento aconteceu por estímulo do cineasta alagoano Cacá Diegues, um dos fundadores do Cinema Novo – movimento cultural que surgiu na década de 1960 e prezava por produções que retratassem a realidade social brasileira.
Em entrevista à CNN, Cacá Diegues se manifestou sobre a morte do amigo. “Não era só um companheiro de trabalho mas também um amigo íntimo, um irmão, praticamente. Foi uma pessoa muito importante na minha vida e para a cultura brasileira também”, disse.
“Jabor era uma alma permanentemente em ebulição, era um cara que estava sempre vendo o que estava acontecendo de errado no país. Ele era muito culto, muito instruído, e tinha uma capacidade muito grande de entender e formalizar a crítica dele a tudo isso”, elogiou, destacando sua importância para o cenário audiovisual do país.
“Ele foi um grande cineasta. Ele traz uma novidade muito grande para nós, que é essa capacidade de se relacionar com o público, e isso foi muito importante e fazia parte da personalidade dele como escritor, como jornalista, como crítico”, completou.
A atriz Fernanda Montenegro, que estrelou o filme “Tudo bem” (1978), dirigido por Jabor, divulgou um vídeo no Instagram falando em tom emocionado e saudoso sobre o amigo e companheiro de trabalho.
“Eu me lembro que em ‘Tudo Bem’, o filme que eu fiz, nós não tínhamos dinheiro, mas havia uma devoção intensa naquele elenco. Paulo Gracindo, Regina Casé, [Paulo César] Peréio, Fernando Torres, Zezé Motta. Sonia Braga no ‘Eu te amo’. E a Fernanda Torres ganhou o prêmio em Cannes de atriz, muito jovem, o primeiro filme dela chegando assim além-fronteira”, relembrou a veterana.
1 de 4Arnaldo Jabor e sua filha Carolina no Cine Livraria Cultura, Conjunto Nacional, na cidade de São Paulom em outubro de 2014.Crédito: ESTADÃO CONTEÚDO
2 de 4O cineasta, escritor, crítico e colunista, Arnaldo Jabor, concede entrevista, em agosto de 2006, na qual falou sobre o lançamento de seu livro “Porno Política”, em São Paulo.Crédito: VALÉRIA GONÇALVEZ
3 de 4O cineasta, escritor, crítico e colunista, Arnaldo Jabor, posa para foto durante entrevista concedida em São Paulo, em março de 1995.Crédito: MILTON MICHIDA
4 de 4O cineasta, escritor, crítico e colunista, Arnaldo Jabor, posa para foto durante entrevista concedida em São Paulo, em março de 1995.Crédito: MILTON MICHIDA
“Eu amo o filme que fizemos juntos. Amo. Louco, mas numa transcendência poética como toda sua obra cinematográfica. Um grande abraço, meu amigo querido, detonador de uma vida cinematográfica para a qual eu de repente me vi levada. Devo a você essa confirmação de que eu poderia fazer cinema”, continuou a atriz.
Fernanda Torres, que foi premiada como Melhor Atriz no Festival de Cannes pela performance em “Eu sei que vou te amar” (1986), também lamentou a perda em post no seu Instagram. “Arnaldo Jabor era um provocador irônico, lúcido e apaixonado. Tenho e terei saudades da sua presença majestosa”, declarou.
Jabor foi lembrado por muitos por uma habilidade excepcional de manifestar ideias e direcionar críticas complexas e contundentes ao seu tempo, através da expressão artística e argumentativa.
Em conversa com a CNN, o político e jurista José Gregori, ex-Secretário Nacional de Direitos Humanos, definiu o jornalista e cineasta como uma figura básica para definir o Brasil que vale a pena. “Ele era um grande artista que, por meio da cinematografia, do poder redacional, da coragem de dizer as coisas que acreditava, soube colocar o dedo naquilo que precisava ser dito. Jabor tinha o ímpeto do pensamento igualitário”, destacou.
O Cinema Novo e Arnaldo Jabor
O Cinema Novo foi um movimento cultural e artístico de crítica às desigualdades sociais e instabilidades políticas da década de 1960 no Brasil, influenciado por correntes europeias notadamente subversivas, como o neorrealismo italiano e a Nouvelle Vague francesa.
Iniciado por um grupo de jovens cineastas composto por nomes como Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos, Ruy Guerra, Cacá Diegues e Luiz Carlos Barreto, o movimento buscava contrapor o tipo de cinema produzido no Brasil até então, muito pautado pelo modelo de Hollywood e frequentemente financiados por produtoras e distribuidoras do exterior.
O Cinema Novo é comumente dividido em três fases distintas: a primeira precedeu a instauração da ditadura militar no Brasil e buscava expor a realidade de pobreza no país. Um dos marcos inaugurais do movimento foi o filme “Cinco Vezes Favela” (1961), dirigido por Cacá Diegues, Joaquim Pedro de Andrade, Leon Hirszman, Miguel Borges e Marcos Farias. “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964), de Glauber Rocha, também integra o primeiro período do Cinema Novo.
Na segunda fase do movimento, já sob vigência do regime militar, as produções mergulharam em narrativas sobre os problemas comuns da classe média brasileira. A terceira fase, após o decreto do AI-5, ficou caracterizada pelo entrelaçamento com o Tropicalismo, trazendo uma estética mais chamativa.
Em diálogo com a segunda fase do cinema novo, Arnaldo Jabor dirigiu produções que registraram em documentário e ficção a mentalidade e os dilemas do brasileiro médio das grandes capitais brasileiras. Entre as produções mais marcantes da carreira de Arnaldo Jabor estão os longas “Tudo bem” (1978), “Eu te amo” (1981) e “Eu sei que vou te amar” (1986), que integram a chamada Trilogia do Apartamento. Confira abaixo a galeria com os principais filmes do cineasta.
Entre as músicas estão todas as produzidas em sua carreira solo, além das clássicas “Roxanne” ou “Message in a Bottle”, de quando o britânico comandava a banda The Police
O cantor e compositor britânico Sting vendeu todo o catálogo musical de sua carreira para a Universal Music, informou a empresa nessa quinta-feira (10). Esse é o mais recente movimento do tipo realizado por um artista para lucrar com seu trabalho – o mesmo feito recentemente por Bob Dylan, David Bowie e Bruce Springsteen.
O acordo inclui os trabalhos solo de Sting, bem como aqueles quando ele estava com a banda de rock The Police – incluindo os clássicos “Every Breath You Take”, “Roxanne”, “Shape Of My Heart”, “Message in a Bottle”, “Fields Of Gold”, “Desert Rose” e “Englishman in New York”, entre outros.
O valor do contrato, que incluir a publicação da música de Sting e seu catálogo de músicas gravadas, não foi divulgado pela Universal, mas de acordo com reportagem do jornal britânico “The Guardian”, teria sido de US$ 300 milhões.
“É absolutamente essencial para mim que o repertório de trabalho da minha carreira tenha um lar onde seja valorizado e respeitado, não apenas para me conectar com fãs de longa data de novas maneiras, mas também para apresentar minhas músicas a novos públicos, músicos e gerações”, disse Sting em um comunicado.
“Ao longo da minha carreira, tive uma parceria longa e bem-sucedida com a UMG, então pareceu natural unir tudo em uma casa confiável, enquanto volto ao estúdio, pronto para o próximo capítulo.”
A banda The Police, do qual Sting foi co-fundador, vocalista e baixista, lançou cinco álbuns de estúdio entre 1978 e 1983.
Como artista solo, ele lançou mais de uma dúzia de álbuns de estúdio, começando com “The Dream of Blue Turtles”, de 1985. Seu disco mais recente, “The Bridge”, foi lançado em novembro.
Nesta sexta-feira (11), é celebrado o Dia Mundial das Mulheres e Meninas na Ciência; data foi proposta pela ONU em 2015
Marie Curie ganhou o Prêmio Nobel de Química em 1911 pela descoberta dos elementos rádio e polônioWikimedia Commons
O Dia Mundial das Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado nesta sexta-feira, 11 de fevereiro, foi intitulado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015.
ONU propôs a criação da data com a intenção de alertar sobre a desigualdade de gênero na ciência.
A organização aponta que as mulheres geralmente recebem bolsas de pesquisa menores do que seus colegas homens e elas são cerca de 12% dos membros das academias nacionais de ciências.
Além disso, em áreas de ponta como inteligência artificial, apenas uma e cada cinco profissionais é mulher — representando 22% do total.
A organização também defende que “mulheres e meninas representam metade da população mundial e, portanto, também metade de seu potencial”.
Segundo a ONU, A igualdade de gênero é um direito humano fundamental e essencial para alcançar sociedades pacíficas, com pleno potencial humano e desenvolvimento sustentável.
De acordo um levantamento da Unesco, apenas 30% dos cientistas no mundo são mulheres. Para se ter ideia, desde que o Prêmio Nobel foi criado, em 1901, cerca de 947 pessoas e 28 organizações receberam o Prêmio até 2021 — apenas 58 são mulheres.
É hora de mostrar quando Stevie Wonder assumiu a maturidade musical ou quando Keith Richards esteve no comando do melhor disco dos Rolling Stones; da festa que é o primeiro disco do Roxy Music; de outra obra-prima glam do T. Rex de Marc Bolan; da trilha sonora que apresentou a música da Jamaica para o mundo e do disco definitivo do rock progressivo.
Há um grupo que foi dono dos anos 1970 e eles se chama Rolling Stones. A banda formada por Mick Jagger, Keith Richards, Mick Taylor, Bill Wyman e Charlie Watts entrou naquela década sem nenhum rival à altura. O fim dos Beatles, oficializado em 1970, apenas o consolidou como o maior daquele período, tanto em termos de vendas de discos, ingressos de shows e impacto cultural.
1969 havia sido um ano determinante para o grupo, quando perde seu guitarrista fundador Brian Jones e encabeça o festival de Altamont (o anti-Woodstock, marcado por tensões e assassinatos). Com o guitarrista dos Bluesbreakers de John Mayall Mick Taylor assumindo o cargo após a morte de Jones (estreando ao vivo em frente a uma plateia de 250 mil pessoas, num show homenagem no Hyde Park, em Londres), o grupo entrou em 1970 pronto para dominar a nova década.
Livres do antigo empresário Allen Klein, o grupo criou seu próprio selo para lançar seus discos e o logotipo da boca com a língua de fora foi adotado como ícone visual do grupo. Na mesma época, o tecladista Ian Stewart sugere que eles comprem um estúdio portátil para gravar onde quer que estivessem, o que tornou a banda única neste quesito.
O período com Taylor é considerado a melhor fase do grupo, que começa com o lançamento de “Let it Bleed” (em 1969, que ainda conta com gravações de Jones) e Sticky Fingers (em 1971, com capa assinada por Andy Warhol) e segue rumo a seu período mais controverso, em 1972.
É quando o grupo descobre que estava devendo milhões para o governo britânico em forma de impostos não pagos. Seus contadores sugerem que eles deixem a Inglaterra para não se encrencarem mais ainda, o que faz que Keith Richards encontre uma mansão de 16 cômodos no sul da França e mude-se, aos poucos, com a banda, para lá.
A Villa Nellcôte na cidade de Villefranche-sur-Mer, ficava perto de Nice, no litoral francês, e Richards mexe no porão do lugar para que eles pudessem começar a gravar ali mesmo. É o período em que o guitarrista afunda em heroína e visitas ilustres como William S. Burroughs, Gram Parsons e John Lennon inevitavelmente caíam neste abismo cavado por ele.
É assim que os Stones começam a colocar em prática seu décimo álbum, “Exile on Main St”. Reunindo músicas que vinham compondo desde o final dos anos 1960, eles aos poucos começam a erguer um disco que é uma espécie de monumento à história do rock ao mesmo tempo que a própria importância. E por mais contraditório que possa ser num disco sem nenhum hit instantâneo (e talvez justamente por isso), o disco duplo é indiscutivelmente o melhor disco dos Rolling Stones.
O clima pesado da Villa Nellcôte também estava ligado ao fato de que Keith Richards finalmente estava no comando daquele navio pirata. Jagger preferiu ficar em Paris com sua nova esposa Bianca e apenas visitava o QG armado pelo guitarrista – não por acaso ele não gosta do resultado do disco, por considerar sua voz em segundo plano. O disco foi finalizado em Los Angeles, nos Estados Unidos, e é a viagem mais pesada que os Stones submetem seus fãs.
São 18 faixas divididas em quatro lados de discos que misturam rhythm’n’blues, soul music, rock rasgado, gospel, rockabilly, country, folk, blues e rock’n’roll em diferentes escalas, riffs memoráveis, solos de sax, de guitarra, de teclado, grooves infernais, cantos do fundo da alma, muita percussão e a presença indefectível do vocal de Mick Jagger, assumindo diferentes personas à medida em que a banda se metamorfoseia em novos grupos.
O disco chegou ao topo das paradas norte-americanas e inglesas na semana de seu lançamento e é uma das raras unanimidades na história do rock. Os Stones seguiriam conquistando os anos 1970 (e o resto do século 20), mas eles já haviam deixado seu legado em sua obra-prima.
Roxy Music – Roxy Music
No começo dos anos 1970, a Inglaterra passava por uma transformação brutal em sua música pop. O fim dos Beatles apenas selava o término de um capítulo, e uma série de fragmentos plantados pelos quatro de Liverpool floresceram em novos movimentos musicais, que iam para além das canções que eles começaram a fecundar no começo da década.
E entre as referências que ousaram levar para a música pop daquela década, os Beatles tiveram a pachorra de apresentar as canções que tocavam no rádio ao mundo da arte com letras maiúsculas, flertando com a música contemporânea, a erudição e o pós-modernismo.
Deste fértil terreno surgiam bandas, artistas e cenas musicais que iam para diferentes lados: o rock progressivo conversava com a música erudita e as sagas do passado; o rock psicodélico expandia os limites dos temas e a forma que a música era improvisada; o jazz rock trazia o veterano gênero para o mundo novo da eletricidade, das distorções e da microfonia, mas sem perder a fleuma e a classe; e o glam rock se referia aos anos 1960 como se estes fossem uma caricatura, exagerando clichês e cores ao extremo.
No centro destes gêneros musicais está o Roxy Music. O grupo foi sendo formado com referências musicais híbridas: Andy McKay respondeu ao anúncio por um tecladista mas na verdade ele tocava saxofone e oboé e convidou um amigo que nem músico era, chamado Brian Eno, para funcionar como “consultor técnico” da banda.
O percussionista erudito Dexter Lloyd assumiria a bateria, enquanto dois guitarristas responderam a um anúncio em busca do “guitarrista perfeito”, o ex-The Nice David O’List e Phil Manzanera. O nome do grupo saiu de uma lista de nomes de velhas salas de cinema por não significar nada ao mesmo tempo em que passava uma ideia de glamour decadente. O “Music” foi acrescentado depois que eles descobriram que havia um grupo americano com o mesmo nome.
Normalmente postos ao lado do levante glam rock que aconteceu no Reino Unido devido às suas roupas coloridas e postura extravagante, o rótulo acaba limitando o impacto do Roxy Music. Por mais que eles emulassem a música dos anos 1960, acrescentando outros elementos norte-americanos (como a soul music e seu acabamento estético) à mistura, a erudição de seus músicos e a reverência a suas referências acabava por colocar o grupo em outro gênero: o chamado “art rock”.
“Isso é uma gravação ou uma festa com drinques?”, perguntava-se Simon Puxley, amigo de Bryan Ferry chamado para escrever o texto de apresentação do primeiro disco da banda. Batizado apenas com o nome da banda, trazia uma modelo sensual deitada numa cama, provocando o espectador a deitar-se com o disco.
Apesar de o disco acabar soando como uma balada grã-fina, a sonoridade da banda expande-se para diferentes lados: dos solos free jazz de saxofone de “Remake/Remodel” à microfonia de “Sea Breezes”, passando pela forma como a balada “Ladytron” se torna um ataque aos sentidos, o groove irresistível e hipnótico de “2 H.B.”, o clima esparso de “Chance Meeting”, o blues stoneano de “If There is Something”, o clima Velvet Underground dos anos 50 de “Would You Believe?”, o rock marcial de “Virgina Plains” e o clima de cabaré de “Bitters End”.
Um disco de estreia forte, que estabeleceria a banda como um dos principais grupos ingleses daquele período, inaugurando uma sequência de álbuns clássicos que consolidaria a importância da banda para a história da música pop.
Stevie Wonder – Talking Book
Em 1972, já fazia dez anos que Stevie Wonder havia começado sua carreira musical. Mas se no começo dos anos 1960 ele era um garoto-prodígio que compensava o fato de ser cego com uma aptidão musical, em seguida ele mostrou ser um multiinstrumentista, compositor das próprias canções desde cedo.
A voz irresistível e a presença magnética no palco ajudaram-no a ganhar o apelido de “maravilha” que substituiria seu sobrenome de nascença, Morris.
Com apenas 13 anos, em 1963, ele emplacara um hit no topo das paradas de sucesso dos EUA – e não apenas na parada de artistas negros, como acontecia no país, que ainda era segregado racialmente nesta época.
“Fingertips” (com um jovem Marvin Gaye tocando bateria) foi a pedra fundamental de sua carreira e também um passo importante para a gravadora Motown gabar-se de ser, de fato, “o som da América jovem”, como seu slogan bradava.
Mas à medida que os anos 1960 passavam, Wonder começou a sentir a necessidade de fazer tudo à sua maneira. Deixou o sufixo “Little” (pequeno, em inglês) que vinha anexado ao seu nome artístico em 1965 e logo mostrava que seguiria seu próprio rumo – escolheu gravar “Blowin’ in the Wind”, de Bob Dylan, e começou a compor suas próprias canções, escrevendo uma delas (“Tears of a Clown”) para um veterano grupo da Motown, Smokey Robinson & The Miracles, que os levou mais uma vez para o topo das paradas.
E, como outros artistas da Motown, Stevie Wonder entrou nos anos 1970 disposto a tomar as rédeas do próprio trabalho, para desgosto do fundador da Motown, Berry Gordy.
Encontrou uma dupla de produtores que ajudaram a encontrar seu próprio som e logo estava gravando os discos de sua fase de ouro, quando tornou-se um dos maiores nomes da história da música pop. O primeiro álbum desta parceria foi lançado no início de 1972, mas “Music of My Mind” era apenas um pré-âmbulo para a verdadeira transformação que foi “Talking Book”.
Com apenas 22 anos, Stevie Wonder gravou um dos discos mais importantes da história da música pop azeitando o conceito que havia desenvolvido com os dois amigos produtores: o de deixar instrumentos tradicionais em segundo plano para abraçar novos equipamentos que surgiam com a nova década.
Stevie Wonder desenvolveu uma fórmula musical que o tornava praticamente o único músico em várias canções, tocando todos os instrumentos à medida em que deixava teclados elétricos, sintetizadores e outros instrumentos novíssimos dar a sonoridade àquela nova soul music, substituindo lentamente sopros e cordas, tão tradicionais.
“Talking Book” é o momento da maturidade musical de Stevie Wonder e ele só deixa de tocar a maioria dos instrumentos quando convida artistas do mesmo patamar, como o saxofonista David Sanborn, o guitarrista Jeff Beck, a vocalista Deniece WIlliams e o guitarrista Ray Parker Jr.
Cada vez mais consciente de sua própria importância artística, começa a misturar temáticas sociais e políticas nos temas de suas canções, que até então eram de amor. O disco pode ser dividido nestas duas metades: groovezeiras que também são comentários sobre o que está acontecendo com o mundo (“Big Brother”, “Maybe Your Baby” e “Tuesday Heartbreak”) e baladas irresistíveis para se apaixonar para sempre (“You Are the Sunshine of My Life”, “Blame It On The Sun”, “You and I”, “You’ve Got It Bad Girl” e “Lookin’ For Another Pure Love”).
No centro de tudo, a insuperável “Superstition”, talvez a música mais importante de Stevie Wonder. Ela consolida o formato musical que ele seguiria explorando nos anos seguintes e foi composta inspirada nos Rolling Stones, com quem o cantor havia dividido uma turnê naquele mesmo ano, e pensada para ser oferecida ao guitarrista inglês Jeff Beck.
Felizmente Wonder gravou sua própria versão e com ela transcendeu mais uma vez para além das paradas de música negra e cada vez mais misturando-se aos grandes nomes do rock do período.
Talking Book termina com “I Believe (When I Fall In Love It Will Be Forever)”, que acaba por juntar as duas metades do disco numa faixa cheia de esperança. Na capa, pela primeira vez sem os tradicionais óculos escuros, Wonder usava tranças africanas, joias indianas e túnica árabe, além de ter exigido que o título do disco e parte da ficha técnica fosse escrita em braille.
Pequenos detalhes mostram o quanto ele determinava os rumos da própria vida – e era só o começo de uma fase mágica que o faria nos entregar obras-primas ainda mais importantes nos anos seguintes. É como se assistíssemos ao batismo de um mágico.
T. Rex – The Slider
Apesar de nomes como Roxy Music e David Bowie estarem intimamente ligados ao chamado glam rock, ninguém personifica melhor este gênero do que Marc Bolan. Nem o Slade nem o Mott the Hopple ou quaisquer outros artistas que se aventuraram por aquele novo gênero do início dos anos 1970 chegava aos pés do encanto e da naturalidade do guitarrista, cantor e compositor que havia criado o grupo T. Rex.
Bolan, como Bowie, também havia chegado tarde para a festa dos anos 1960 e tentava entrar no restrito clube do rock clássico inglês usando as próprias armas – o carisma, a poesia e o senso melódico – em brechas abertas por outros artistas. Tanto que a primeira encarnação do seu grupo era basicamente um sarau hippie folk.
Foi quando, em 1970, ele trocou o tocador de bongô Steve Peregrin Took pelo baterista Mickey Finn e assumiu uma Gibson Les Paul no lugar do violão, encurtou o nome da banda para a forma como tornou-se mais conhecida e, como Syd Barrett dois anos antes havia inventado a psicodelia, pariu o glam rock.
A princípio, e sem este rótulo, era uma espécie de homenagem e paródia do rock mais básico, que ecoava tanto o rock’n’roll norte-americano dos anos 1950 quanto o rock inglês dos 1960.
Mas quanto mais compunha canções com estas características, Bolan foi se tornando mais consciente de como sua imagem era tão importante quanto a música que tocava – e o que era referência passa a se tornar a essência de seu trabalho. A autoimagem, as roupas coloridas, a androginia, o olhar desafiador para a câmera e declarações extravagantes ajudavam-no inclusive a compor novas canções.
Esta consciência o levou a encurtar o nome do grupo e a chamar Steve Currie para o baixo e Bill Legend para a bateria, deixando Finn na percussão. Parceiro constante nesta transformação musical estava o produtor Tony Visconti – que nos anos seguintes iria produzir discos do Lou Reed ou David Bowie – e que consolidou sua reputação justamente produzindo os discos do T. Rex. Esta transformação começa a acontecer em 1971, com o primeiro dos três clássicos consecutivos que Bolan lançou, Electric Warrior.
O disco anterior planta a semente que germina na cabeça e nos quadris de artistas por todo o Reino Unido, por isso “The Slider”, o disco de 1972, tem tanta importância: além de um conjunto de canções imbatível (“Metal Guru”, “Rock On”, “Telegram Sam”, “Rabbit Fighter”, “Mystic Lady”, a faixa-título e tantas outras), ele também filtra os elementos realmente centrais no gênero que forjou no disco anterior.
“The Slider” é, portanto, um desfile repetitivo de refrões grudentos, riffs escorregadios, andamentos irresistíveis, acordes abertos, grooves macios e o vocal sempre mole de Bolan quase falando, sussurrando, gemendo e conversando várias vezes acompanhado por um vocal de apoio.
O eco elétrico da guitarra atravessa todos os timbres do disco sem que seja preciso utilizar solos ou outras demonstrações de virtuosismo. O território do disco é o chão batido do blues, por isso tire seus sapatos finos ao entrar, porque você vai se sujar – foi o que fizeram os Ramones, os Cramps, The Fall e os B-52’s, só alguns dos netos mais conhecidos de Bolan.
Vários Artistas – The Harder They Come
As transformações que estavam acontecendo na música pop na virada dos anos 1960 para 1970 eram fortes em qualquer lugar do mundo, mas em um ponto específico do planeta elas mudariam o rumo de toda uma cultura – mais ainda, de um país.
A revolução cultural que transformou uma pequena ilha do Caribe ganhava um nome poderoso à medida em que uma década se transformava na outra, mas o impacto do reggae na cultura mundial foi mais importante que a ascensão de gêneros como o heavy metal, o rock progressivo, o glam rock ou o novo folk.
Esta transformação começa quando o banto, ritmo originário da Jamaica a partir da tradição africana trazida para a ilha à força, como aqueles que foram escravizados, começa um namoro com o doo-wop, o blues e o gospel a partir da transmissão de emissoras de rádio norte-americanas que conseguiam ser captadas na ilha caribenha.
A evolução da música negra dos EUA – que aos poucos se metamorfoseou na soul music – foi acompanhada de perto pelos vizinhos jamaicanos e o banto aos poucos deu origem ao ska, depois ao rock-steady e finalmente ao reggae, ao juntar o doce antídoto contra o sofrimento dos descendentes de escravos estadunidenses com a malemolência do gingado da ilha.
E aos poucos o reggae começou a ser notado em outros países. Mas o principal cartão de visitas daquela nova sonoridade para o resto do mundo é também uma das coletâneas mais perfeitas daquele período. A trilha sonora do filme “A Harder They Come” (“Badala Sangrenta”), uma tragédia gangster ambientada nas ruas das favelas da capital do país, Kingston, é uma cartilha de sucessos jamaicanos que dificilmente encontra par em outras edições e formatos.
O filme, estrelado por um jovem Jimmy Cliff, inevitavelmente traria músicas do ator, que também era um astro em ascensão em seu país. Mas das doze canções da trilha, apenas metade leva a voz de Cliff – na prática, apenas quatro, já que duas repetem-se em versões alternativas. O resto da coletânea reúne sucessos que encantaram as festas e rádios jamaicanas desde o final dos anos 1960 até aquele 1962.
O disco abre com a irresistível “You Can Get It If You Really Want”, que Cliff havia lançado originalmente em 1970, e segue com a chapada “Draw the Brakes”, que os Spanishtonians lançaram em 1965, eternizada pelo DJ e vocalista Scotty no mesmo ano de lançamento da trilha sonora, acompanhada de “Rivers of Babylon”, canção rastafari gravada pelos Melodians em 1970.
As três músicas já funcionam como um cartão de visitas perfeito sobre a amplitude do reggae. A balada “Many Rivers to Cross” (um hit de Cliff em 1969), o ska “Sweet and Dandy” e a eterna faixa que batiza o filme encerram o primeiro lado do disco.
O lado B começa com dois rock steady: a“Johnny Too Bad”, que a banda The Slickers havia lançado em 1970 e “007 (Shanty Town)”, lançada em 1967 por Desmond Dekker e seu grupo The Aces. O disco continua com o hit reggae “Pressure Drop”, outra dos Maytals, antes de Frederick “Toots” Hibberta parecer como líder da banda, que mais tarde seria regravada pelo Clash e pelos Specials. A última inédita do disco é a quase soul “Sitting In Limbo”, cantada por Cliff, que reaparece com duas versões de músicas já ouvidas: uma versão alternativa para a faixa que abre o disco e uma mais curta da faixa-título.
A trilha sonora foi lançada em 1972 primeiro na Inglaterra e só no ano seguinte nos EUA e no resto do mundo, preparando o território para a chegada do rei do reggae, Bob Marley, que começaria a ganhar terreno para além da Jamaica a partir de 1973.
Mas mais do que estender um tapete vermelho perfeito para a chegada da majestade, a trilha sonora de “The Harder They Come” é, ela mesma, parte da nobreza jamaicana – e profetiza a chegada da música da ilha para o resto do mundo.
Yes – Close to the Edge
Fundado pelo vocalista Jon Anderson e pelo baixista Chris Squire, o Yes estava intimamente envolvido com a cena de rock clássico inglesa do final dos anos 1960. Enquanto ainda trocava de instrumentistas e buscava um novo tipo de som gravando e tocando ao vivo versões dos Beatles, dos Byrds, do Buffalo Springfield e de Richie Havens, o grupo abriu para o Cream, fez turnês com o Iron Butterfly e com o Jethro Tull, sendo notado tanto pela crítica quanto pelo público.
Entre 1968 e 1970, o Yes seguiu experimentando sonoridades, timbres, andamentos e composições, algo que foi acirrado quando assistiram ao grupo King Crimson ao vivo. Depois de dois discos gravados, sua formação finalmente chegou a uma certa estabilidade quando, além de seus fundadores (e seu primeiro baterista, Bill Brufford), reuniram, o guitarrista Steve Howe e o recém-chegado tecladista Rick Wakeman.
Foi com esta formação clássica que o grupo entrou nos anos 1970 e gravou dois discos que definiram seu som: “The Yes Album” e “Fragile”. O último emplacou um hit, “Roundabout”, que deixou o grupo mais perto da primeira divisão do rock da época, à medida em que o rock progressivo se estabelecia como uma das principais forças do início daquela década, com suas músicas sinfônicas intermináveis, divididas em partes e ocupando lados inteiros dos discos de vinil.
É também a partir deste último disco que o grupo começa a colaboração com o ilustrador Roger Dean, que criou o logotipo da banda, as capas de seus discos e todo o imaginário visual do grupo.
O Yes entrou em 1972 no auge de sua carreira e no segundo semestre daquele ano entregou seu disco mais emblemático. “Closer to the Edge” consolidava a performance do grupo como um quinteto virtuoso o suficiente para misturar andamentos sinfônicos, improvisos de jazz, transes psicodélicos e melodias que ficavam na cabeça, por mais complexas que pudessem parecer.
A faixa-título, com quase 20 minutos de duração, talvez seja o melhor exemplo para quem quiser entender o que é rock progressivo. Ocupando todo o primeiro lado do disco, “Closer to the Edge” foi inspirada pelo livro Sidarta do alemão Herman Hesse e por sinfonias do compositor finlandês Jean Sibelius.
No lado seguinte do disco, “And You And I” volta para a raiz folk do grupo, em uma canção mais tradicional, embora mais longa que a média, com quase dez minutos e dividida em quatro movimentos, seguida por “Siberian Khatru”, com quase nove minutos, mudanças de andamentos, mas menos complexas que as duas faixas anteriores.
“Closer to the Edg”e talvez seja o disco de rock progressivo definitivo. Carrega todas as nuances e clichês do gênero e é a obra-prima de uma de suas bandas mais características. O disco colocou o Yes no topo do jogo da indústria fonográfica e a partir dali passou a dividir opiniões ao lentamente transformar-se na caricatura da banda perfeita que foram em 1972.
A saída de vários integrantes, turnês intermináveis e discos cada vez mais hiperbólicos acabaram por desviar o grupo do trajeto perfeito que fizeram no começo daquela década – e “Closer to the Edge” é o melhor retrato daquele momento. Um disco perfeito.
A Escola Municipal de Música “Maestro Elias Porfírio de Azevedo” está com 52 vagas abertas para cursos gratuitos em quatro modalidades de ensino: são 10 vagas para violoncelo, 10 para viola de arco, 2 vagas para contrabaixo acústico e 30 vagas para musicalização e coral infantil.
Para o ensino infantil, serão contempladas crianças de 5 a 12 anos de idade. As aulas serão no período matutino. Já para os instrumentos, é necessário ter mais de 8 anos e não há restrição máxima de idade. O curso poderá ser ministrado em um dos três turnos: manhã, tarde ou noite.
Interessados devem comparecer à Escola de Música, na praça Arthur Bernardes, n°18, no Centro, de segunda a quinta-feira, das 14h30 às 20h, e às sextas, das 14h30 às 18h. As inscrições estão abertas até 28 de fevereiro.
No ato da matrícula, os alunos devem levar cópia (xerox) de documentos pessoais como RG, CPF, comprovante de residência e uma foto 3×4. Menores devem estar acompanhados dos pais ou responsáveis.
“Principalmente crianças e adolescentes, quando aprendem música, enriquecem culturalmente. No caso das crianças, é uma ferramenta de inserção neste meio cultural. E o adolescente desenvolve a sensibilidade, o senso crítico e artístico. A música como um todo manifesta várias sensações no consciente e no subconsciente humano”, explica o professor e maestro Tiago Lois Martins.
Conheça a história de 3 livrarias de São Paulo. Elas querem continuar pequenas, criar conexão com a comunidade e estimular a leitura.
Pequenas livrarias de bairro estão ganhando força, criando espaços para vender livros, mas também para criar vínculos com a comunidade e estimular o hábito da leitura.
Apesar do fechamento de grandes livrarias pelo país nos últimos anos, o mercado de livros cresceu em 2021. No primeiro semestre do ano passado foram vendidos 28 milhões de obras, aumento de 48,5% com relação a 2020.
Apesar do surgimento de novas pequenas livrarias, há um grande desafio para o setor: a concorrência com os grandes varejistas que vendem online.
‘O livro não perdeu seu poder de sedução’
O jornalista Alfredo Caseiro nunca tinha empreendido quando resolveu abrir uma livraria infantil, a Pé de Livro, em agosto de 2021, no bairro da Pompeia. Foram dois anos de planejamento.
“Desde que abri a livraria, o movimento supera as minhas melhores expectativas”, afirma.
Já na inauguração, em um fim de semana, Alfredo vendeu 300 livros. Em 5 meses foram mais de mil exemplares.
Sem experiência, ele fez o que todo especialista indica: buscou informação e conversou com donos de livrarias e pessoas do setor. Também estruturou muito bem seu plano de negócios e idealizou um lugar pequeno, onde ele mesmo cuida de toda a operação.
“Eu não quero crescer, não quero ter mais lojas. Eu já nasci sabendo que esse vai ser o meu tamanho. É um negócio, porque vivo dele, mas é meu projeto de vida”, conta.
Alfredo é dono da livraria infantil Pé de Livro e comemora vendas acima da expectativa — Foto: Fernanda Martinezhttps://e59a61a030bde091a2a383e3d298d52e.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
A Pé de Livro abriu em uma época em que as pessoas já estavam sendo vacinadas e muito cansadas do isolamento social. Além disso, Alfredo usou seus anos como jornalista e divulgou muito seu negócio na imprensa.
“Outro diferencial é a curadoria de livros que fiz. Por isso escolhi focar em livros infantis. Fiquei 8 meses selecionando acervo, descobri mais de 90 editoras, fiz uma imersão profunda que eu não conseguiria fazer se fosse uma livraria generalista”, conta.
Livraria infantil Pé de Livro foi inaugurada em agosto de 2021, em São Paulo — Foto: Fernanda Martinez
Contrariando a tendência do digital, Alfredo não investiu no online e escolheu ser uma livraria exclusivamente física. Ele faz entregas apenas na região ou pelos Correios, com pedidos eventuais que recebe pelo Instagram ou WhatsApp. Foi uma escolha estratégica, porque não vê sentido em concorrer com quem está muito mais estruturado e tem preços e condições melhores para oferecer nesse formato.https://e59a61a030bde091a2a383e3d298d52e.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
Para o empresário, os donos de livrarias têm um papel crucial nesse momento de ‘massacre’ da tecnologia.
“Se a gente consegue apresentar o livro pra uma criança, ela se torna leitora pra vida inteira. Ainda hoje, o livro não perdeu seu poder de sedução”, afirma.
Livros pra mais gente
Beto Ribeiro começou a trabalhar no setor aos 16 anos. Só na Livraria Cultura ficou 10 – foi vendedor, treinador de equipe e gerente de loja. Em 2016, criou o seu próprio negócio, a Livraria Simples, que comanda com o amigo e sócio Felipe Roth Faya, na casa que foi da avó do Felipe, no bairro da Bela Vista.
É em clima de casa de vó que eles recebem os clientes. Tem cafezinho passado na hora e muita conexão com a comunidade – trabalho para mais 4 funcionários, além dos sócios. Nas prateleiras, exemplares novos, mas também usados.
“Pra realidade do Brasil, livro é caro. Vender livro usado é uma estratégia para atrair um público maior e dar acesso a mais gente”, explica Beto.
Aline Tieme e Larissa Simola, livreiras da Livraria Simples — Foto: Alexssandro Calixtohttps://e59a61a030bde091a2a383e3d298d52e.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
Antes da pandemia, a livraria não vendia online. Com a chegada da Covid-19, foram 37 dias para colocar o site no ar. O faturamento caiu no início, mas logo se recuperaram. Em novembro de 2020 faturaram 20% a mais do que em novembro de 2019, por exemplo.
Em 2021, o movimento voltou a cair e Beto se vê um pouco pessimista para 2022, levando em consideração a situação do país, com a alta da inflação e muito desemprego.
“Os grandes magazines despertaram para o potencial estratégico do livro. Mas os preços que eles vendem é uma concorrência desleal com as pequenas livrarias”, diz.
Livraria Simples promove, aos sábados, uma troca de livros — Foto: Alexssandro Calixto
Mesmo com esse cenário, a Livraria Simples segue seu trabalho de estimular a leitura, e claro, vender mais livros. Aos sábados, por exemplo, promovem uma troca de livros na calçada. Tardes de autógrafos e lançamentos também são importantes para manter financeiramente o negócio.
“A gente se mantém não para acumular capital, é pra viver e não sobreviver. E falo isso por mim e pelos meus funcionários. A gente quer pensar em um mundo melhor e mais justo”, diz.
Espaço para encontros
A Megafauna, inaugurada em novembro de 2020 no Centro de São Paulo, nasceu com uma ideia de livraria que, além de vender livros, aposta também em um espaço para o debate sobre literatura, criação de conteúdo e dá atenção especial à curadoria.
“Apesar de ser uma livraria, a Megafauna não é um projeto apenas comercial. Ela nasce de uma vontade de trabalhar o ciclo do livro de uma maneira mais integral”, conta Irene de Hollanda, sócia da livraria.
Irene e Fernanda Diamant comandam de perto o negócio que tem ainda mais 3 sócios e uma equipe de 3 livreiros, além de 4 pessoas atuando na área de comunicação.
Localizada no Copan – por si só uma atração à parte – a livraria também acompanhou os altos e baixos causados pela pandemia.
Livraria Megafauna funciona dentro do Copan, no Centro de São Paulo — Foto: Megafauna/Tuca Vieira
Agora, a ideia é intensificar eventos e lançamentos presenciais, fundamentais para a saúde do negócio, segundo Irene.
“Desde o início, nosso projeto é ter um espaço dedicado ao encontro e ao debate presencial”, explica.
Para Irene, o setor está em transformação, tanto pelo fechamento de grandes redes de livrarias, como pela presença do comércio online.
“Esses novos espaços prezam pela qualidade de trazer a especialização de catálogo e trabalhar mais próximo a nichos específicos, fazendo uma segmentação. No caso da Megafauna isso é muito claro”, explica.
Detalhe de seleção de livros da Megafauna — Foto: Fernanda Martinez
Na livraria, a escolha desse catálogo é pautado na diversidade cultural, com livros de grandes editoras, mas também de pequenas. E o principal: nem sempre os livros destacados na livraria são os de maior apelo comercial – muitas vezes são apostas literárias e ideológicas.
“Esse é o diferencial de livrarias como a Megafauna: trazer a escolha do livreiro e criar uma narrativa que tem menos a lógica da cultura de massa de grandes redes e mais o foco de produzir para um nicho”, afirma Irene.
25ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES OFERECE PROGRAMAÇÃO GRATUITA E ABRANGENTE
A programação acontece na plataforma mostratiradentes.com.br. Ao todo, são 169 filmes nacionais de 21 estados brasileiros. A maior parte deles ficará disponível por 24 horas.
A 25a Mostra de Cinema de Tiradentes acontece de 21 a 29 de janeiro, agora totalmente no formato virtual pela plataforma da Mostra (mostratiradentes.com.br), mantendo o mesmo propósito conceitual do evento e da programação, garantindo a segurança de funcionários, prestadores de serviço, convidados e espectadores em relação à pandemia de Covid-19. Diante disso, ajustes foram feitos na grade, em horários, sessões e formas de acesso, para que ninguém perca a vasta e gratuita quantidade de atrações do evento.
A programação abrangente e gratuita vai exibir 169 filmes de 21 estados brasileiros(AC, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MT, PA, PB, PE, PI, PR, RJ, RN, RJ, RS, SC, SE, SP) em pré-estreias e mostras temáticas. O evento contará também com a participação de 119 convidados no centro do 25o Seminário do Cinema Brasileiro, que promove 38 debates e rodas de conversa, oficinas, Mostrinha, homenagem, performance audiovisual, lançamento de livros e exposição virtual.
A coordenação curatorial do evento é assinada pelo crítico Francis Vogner dos Reis, que divide com a pesquisadora Lila Foster a seleção de longas-metragens. A curadoria de curtas-metragens foi feita por Camila Vieira, Tatiana Carvalho Costa e Felipe André Silva. Os filmes estarão distribuídos nas seguintes mostras: Aurora, Olhos Livres, Temática, Homenagem, Autorias, Foco, Panorama, Foco Minas, Praça, Formação, À Meia-noite Levarei sua Alma, Sessão Debate,Jovem, Valores, 25 anos, regional e Mostrinha. Para ampliar a experiência, vários dos filmes contarão com debates nos Encontros com os Filmes, com a presença de diretores, equipes de produção e críticos convidados.
Toda programação pode ser acessada gratuitamente pela plataforma mostratiradentes.com.br. É preciso estar atento ao “sinal aberto” dos filmes, já que cada um deles ficará disponível por períodos limitados e específicos, seguindo os horários que estavam anteriormente previstos na versão presencial. A maior parte dos longas e curtas-metragens será disponibiliza por períodos de 24 horas. Cada filme tem uma página única na plataforma, na qual o espectador pode conferir a sinopse e o período do sinal aberto.
Os debates e rodas de conversa do Seminário do Cinema Brasileiro serão realizados diariamente em horários diversos – 10h, 12h e 15h, acontecem os Encontros com os Filmes, sempre com críticos convidados e realizadores discutindo os títulos liberados na noite anterior. Os filmes da Sessão Praça começam às 19h e terão bate-papos diariamente por volta de 21h. Debates conceituais completam a programação do Seminário e são realizados às 17h.
As Rodas de Conversa, série de encontros que vão celebrar os 25 anos da Mostra, começam às 17h nos dias 22 (sábado), 24 (segunda), 27 (quinta) e 29 (sábado). No dia 22 (sábado), às 11h, acontece o lançamento do livro “O Cinema Brasileiro em Resposta ao País (2016-2021)”, editado pela Universo Produção.
ABERTURA
A abertura da Mostra acontece na noite de 21 de janeiro, a partir das 20 horas, pela plataforma mostratiradentes.com.br, com performance audiovisual apresentando a temática desta edição “Cinema em Transição”. Acontecerá também uma homenagem ao cineasta Adirley Queirós, debate inaugural com o homenageado e convidados, além da pré-estreia de “Fragmentos de 2016 em dois episódios”, mais novo projeto de Adirley, codirigido por Cássio Oliveira.
Maior evento do cinema brasileiro contemporâneo em formação, reflexão, exibição e difusão realizado no país, chega a sua 25a edição de 21 a 29 de janeiro de 2022, em formato online. Apresenta, exibe e debate, em edições anuais, o que há de mais inovador e promissor na produção audiovisual brasileira, em pré-estreias mundiais e nacionais – uma trajetória rica e abrangente que ocupa lugar de destaque no centro da história do audiovisual e no circuito de festivais realizados no Brasil.
O evento exibe mais de 100 filmes brasileiros em pré-estreias nacionais e mostras temáticas, presta homenagem a personalidades do audiovisual, promove seminário, debates, a série Encontro com os filmes, oficinas, Mostrinha de Cinema e atrações artísticas. Toda a programação é gratuita. Maiores informações www.mostratiradentes.com.br
TODA PROGRAMAÇÃO É OFERECIDA GRATUITAMENTE AO PÚBLICO.
Parceria Cultural: SESC EM MINAS, INSTITUTO UNIVERSO CULTURAL, CASA DA MOSTRA, CAFÉ 3 CORAÇÕES, CONECTA
Apoio: PREFEITURA DE TIRADENTES, SENAC, NOVA ERA SILICON, THE END, DOT, MISTIKA, CINECOLOR, NAYMOVIE, CTAV, CANAL BRASIL, RÁDIO INCONFIDÊNCIA, REDE MINAS, REDE GLOBO MINAS,
Idealização e realização: UNIVERSO PRODUÇÃO
SECRETARIA DE ESTADO DE CULTURA E TURISMO | GOVERNO DE MINAS GERAIS
SECRETARIA ESPECIAL DE CULTURA, MINISTÉRIO DO TURISMO – GOVERNO FEDERAL| PÁTRIA AMADA BRASIL
Morador de Goiânia, Jesus Alves Lourenço começou a escrever aos 50 anos após se recuperar de um câncer. Assuntos são variados e vão de ‘Mil receitas saborosas’ a ‘Mil piadas para sorrir’.
O aposentado Jesus Alves Lourenço, de 73 anos, conta que já escreveu mais de 100 livros, em Goiânia. Segundo ele, o primeiro livro foi escrito aos 50 anos após se recuperar de um câncer e, desde então, não parou mais de escrever. Os assuntos vão de “Mil receitas saborosas” a “Mil piadas para sorrir”.
“Enquanto eu tiver vida, não vou parar de escrever. Tem muito assunto ainda. O que eu acho interessante, eu faço. Me sinto orgulhoso, minha família mais próxima também gosta do que eu faço, gosta de ver e fica muito empolgada”, conta.
Natural de Paraúna, Jesus se mudou para Goiânia com 18 anos de idade para morar com o tio. Atualmente, ele reside no Setor Novo Horizonte, na região sudoeste da capital.
“Ao me mudar para Goiânia, comecei a trabalhar vendendo picolé e dei muita sorte, pois consegui um emprego em um escritório de contabilidade e decidi me formar na área, passei em um concurso da prefeitura e depois recebi uma proposta boa e fui trabalhar em uma empresa privada, na qual fiquei por 40 anos. Me casei com 23 anos e hoje tenho três filhos e seis netos”, diz o aposentado.
Jesus conta que foi casado por 50 anos. Após a morte da esposa, há dois anos, ele passou a morar com dois netos.
“Já fiz um livro da árvore genealógica da minha família materna em 2012. O maior livro tem 832 páginas: ‘O grande livro das emoções, sentimentos e estados do ser humano’. O menor livro tem 275 páginas: ‘Maravilhas do nosso corpo’”, conta.
O aposentado disse que foi diagnosticado com câncer de próstata aos 50 anos e precisou ficar dois anos afastado do trabalho. “Graças a Deus eu me curei e a partir daí tive a ideia de começar a fazer livros. Eu só lia e nunca havia escrito, e sempre me interessei por assuntos de curiosidades e assim decidi fazer”, diz o aposentado.
O primeiro livro foi escrito em 1998 aos 50 anos com o tema “Memórias de sertanejo” após ganhar uma coleção com 60 CD’s do gênero. “Eu queria registrar as músicas por escrito, eram de sertanejo raiz, como eu gostei demais, resolvi escrever”, conta Jesus.
Idoso escreve mais de 100 livros em Goiânia — Foto: Caio César Alves/Divulgaçãohttps://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
Jesus escreveu todos os livros pelo computador e já chegou a confeccionar três livros ao mesmo tempo. “Começava a mexer com um, tinha uma nova ideia e já começava outro. Sempre fiz tudo sozinho, escrevo pelo comutador e imprimo as páginas. A única ajuda que preciso é da encadernadora, mas tudo sou eu quem faço”, conta ele.
Já o segundo livro foi feito em 2009 com o tema “As mais belas histórias sagradas”. “De 2009 a 2012 eu fiz mais quatro livros, todos com temas evangélicos. Inclusive, um deles é sobre mil perguntas e mil respostas sobre a bíblia”, diz Lourenço.
Em casa, Jesus tem uma biblioteca com 114 livros escritos. Ele se baseia em pesquisas feitas na internet sobre assuntos que ele se interessa.
“Nunca tive vontade de vender ou publicar, se alguém quiser uma cópia eu faço de graça, sempre faço quando pedem. Tenho tudo salvo e registrado em uma planilha no computador. Meu sonho é reunir minha família inteira em uma festa e expor todos os meus livros para eles”, ressalta ele.
Idoso escreve mais de 100 livros em Goiânia e assuntos vão de “Mil receitas saborosas” a “Mil piadas para sorrir” — Foto: Jesus Alves/Arquivo pessoal
Adele, Billie Eilish, Lorde, Lana Del Rey, Taylor Swift e Olivia Rodrigo são apenas algumas artistas que mostraram que elas reinaram na produção musical deste ano
Mulheres sempre tiveram um papel proeminente na música pop, mas desde o início do século 21 a produção musical feminina vem ganhando uma dominância para além de poucas vocalistas que conseguiam se destacar entre bandas de rock e MCs de rap.
A última década consolidou a criação feminina como crucial para o atual cenário e, mesmo com vocalistas ainda dominando o cenário – e com muito mais presença que artistas homens -, é cada vez maior o número de produtoras e instrumentistas que conseguem se estabelecer sem precisar de chancela ou tutela masculina.
No topo desta cadeia, nomes como Adele, Billie Eilish, Lorde, Lana Del Rey, Taylor Swift e Olivia Rodrigo surgem como as grandes artistas de 2021, mas este novo momento vai muito além das campeãs de público e crítica, que ainda seguem como bons termômetros.
Ela resolveu peitar os donos de seus discos originais de frente e começou um processo de regravação de seus seis primeiros álbuns, lançando, em 2021, as novas versões para “Fearless” (originalmente lançado em 2008) e “Red”, o disco que lhe transformou, em 2012, em uma popstar para além da country music, seu território musical de nascença. Só este último disco vendeu mais de um milhão de cópias em uma semana – um feito impressionante para um trabalho que já havia sido lançado.
A inglesa Adele, que lançou seu aguardado “30”, veio logo em seguida, fazendo seu arrebatador quarto álbum vender quase um milhão de discos no mundo todo apenas na primeira semana de lançamento – incluindo discos físicos e versões digitais.
No lado da crítica, dois dos principais veículos norte-americanos, a decana revista “Rolling Stone” e o respeitado site “Pitchfork” elegeram mulheres como autoras de seus discos do ano. A revista escolheu o disco de estreia da cantora teen Olivia Rodrigo, “Sour” (que ultrapassou os dois milhões de discos vendidos em todo o ano), enquanto o site escolheu o quarto disco da cantora Jazmine Sullivan, o impressionante “Heaux Tales”.
Billie Eilish, de apenas 19 anos, foi outra que esteve presente em listas de melhores do ano em todo o mundo, com seu impressionante segundo álbum “Happier than Ever”. Composto e produzido ao lado de seu irmão Finneas, o disco livrou a cantora de estereótipos que a tratavam como uma novidade passageira, dizendo que ela mal sabia cantar.
Billie não só expandiu seu escopo para além do rap, soltando a voz em canções compostas ao piano ou ao violão, como fechou contrato com dois dos maiores serviços de streaming do mundo, lançando dois registros audiovisuais de peso: o documentário “The World’s a Little Blurry”, que saiu no Apple+, dirigido por R. J. Cutler, e o show “Happier Than Ever: A Love Letter to Los Angeles”, gravado no lendário Hollywood Bowl sem público presente, com direção de Robert Rodriguez. Além de ter puxado uma das mais bem sucedidas turnês de um ano que começou sem apresentações ao vivo.
A controversa Lana Del Rey, que cada vez mais vem se estabelecendo como uma das principais compositoras de sua geração, lançou não apenas um, mas dois álbuns no ano em que sua carreira completava dez anos: “Chemtrails over the Country Club”, com ênfase na country music, em que convidou outras artistas, como Nikki Lane, Weyes Blood e Zella Day, além de regravar uma música de Joni Mitchell, “For Free”; e o introspectivo “Blue Banisters”, em que flerta com o folk e o jazz.
Ambos discos mantiveram sua reputação comercial e artística, presentes também nas listas de melhores do ano. Ela ainda prepara a trilha sonora para uma adaptação moderna do clássico “Alice no País das Maravilhas”.
A neozelandesa Lorde não foi tão festejada pela crítica com seu terceiro álbum, “Solar Power”, mas seguiu encantando fãs em todo o mundo.
E na seara do indie rock norte-americano, toda uma nova safra de artistas surgida na década passada estabeleceu-se lançando discos celebrados pela crítica: Clairo lançou o ótimo “Sling”; Lindsey Jordan, que assina como Snail Mail, também causou sensação com seu segundo álbum, “Valentine”; Lucy Dacus foi celebrada como o ótimo “Home Video”, seu terceiro disco, bem como “I Know I’m Funny Haha”, de Faye Webster, seu quarto álbum, e o segundo disco de Cassandra Jenkins, o belíssimo “An Overview on Phenomenal Nature”. Correndo na paralela, a australiana Courtney Barnett atingiu a maturidade musical com seu excelente terceiro álbum, “Things Take Time, Take Time”.
Outras artistas que lançaram discos que desequilibraram 2021 estão o ótimo terceiro disco da rapper Doja Cat, que mostrou em “Planet Her”, que pode ir muito além do hit sensação “Say So”, com participações de outras divas do pop atual, como SZA e Ariana Grande.
Michelle Zauner, de ascendência coreana, lançou outro disco de 2021 com seu pseudônimo “Japanese Breakfast”, o irresistível “Jubilee”.
Tão cativante quanto este foi o “Collapsed in Sunbeams”, disco de estreia da cantora inglesa de 21 anos Arlo Parks. “Let Me Do One More”, terceiro disco da produtora Sarah Tudzin, que assina como Illuminati Hotties e que já trabalhou com nomes tão diferentes quanto Slowdive, Weyes Blood e Tim Heidecker, é um dos melhores discos de rock do ano, apesar de bem diferente do que se espera do gênero. E a inglesa Little Simz lançou um dos melhores discos de rap do ano com seu quarto álbum, “Sometimes I Might Be Introvert”.
São apenas alguns nomes que mostram que as paradas de sucesso e a crítica musical cada vez mais abraçam as mulheres como principal força da música pop deste século. Além delas, 2021 ainda teve discos novos de St. Vincent, Halsey, Jenny Hval e das veteranas Chrissie Hynde, vocalista dos Pretenders, que lançou um tributo a Bob Dylan (“Standing in the Doorway”) e Marianne Faithfull, que gravou “She Walks In Beauty” ao lado de Warren Ellis, conhecido parceiro de Nick Cave. Não precisa dar espaço: o pop atual já é delas.