Banda mineira circulou pelos quatro cantos do Brasil, com ingressos esgotados por todas as capitais
Para encerrar um glorioso ciclo de 30 anos, com 5 milhões de discos vendidos, 3,2 milhões de ouvintes mensais, turnês em 14 países e hits, Skank volta ao Mineirão neste domingo (26) para o último show da carreira.
A “Turnê de Despedida”, retomada após a pandemia, circulou pelos quatro cantos do Brasil, com ingressos esgotados por todas as capitais. E esta será a última oportunidade de assistir a banda completa tocando seus clássicos num mesmo palco.
A banda se apresenta pela última vez neste domingo (26), às 19h, no Estádio Mineirão, na região da Pampulha, na capital mineira. Os fãs podem chegar já às 15h, hora que os portões serão abertos. O show será registrado para um futuro lançamento audiovisual.
Donos de hits como “Vou Deixar”, “É uma Partida de Futebol” e “Vamos Fugir”, a banda anunciou a separação devido a desejos individuais de experimentar novos caminhos musicais e pessoais. “Sem brigas, sem decadência, sem barracos públicos e sem descartar a possibilidade de reuniões futuras. Pontuais? Comemorativas? Definitivas? Só o tempo dirá. Por hora, é melhor aproveitar a “Turnê de Despedida” como se não houvesse amanhã”, conta a assessoria da banda, em nota.
História da banda
O Skank é formado desde sua fundação por Samuel Rosa (guitarra e voz), Lelo Zanetti (baixo), Henrique Portugal (teclados) e Haroldo Ferretti (bateria).
A banda mineira começou a carreira com fortes influências da música jamaicana, como dancehall, ska, raggamuffin, dub e reggae. O foco dos integrantes era transportar essa música para a tradição pop brasileira.
Poucos anos depois, os integrantes passaram a equalizar música eletrônica com influências acústicas e psicodélicas, sempre pensadas para a estética do pop.
Rock, rock latino, rockabilly, soul, funk, surf music e timbres eletrônicos passaram a estar presentes na música da banda mineira.
E as influências de outros artistas? The Beatles, Os Paralamas do Sucesso, Ira!, Titãs, The Police e Led Zeppelin são algumas delas.
Mas os mineiros, certamente, sentiram a influência dos artistas que fizeram parte do Clube da Esquina, um dos mais importantes movimentos da música brasileira.
Carreira
Samuel Rosa e Henrique Portugal, em 1983, tocavam em uma banda chamada Pouso Alto do Reggae junto com os irmãos Dinho Mourão e Alexandre Mourão.
A banda foi realizar um show em São Paulo, mas os irmãos não puderam ir. Foi então que Samuel e Henrique chamaram o baixista Lelo Zaneti e o baterista Haroldo Ferretti para a viagem.
Antes do show, mudaram o nome para Skank, inspirados em “Easy Skanking”, música de Bob Marley. A estreia oficial veio em 1991, e o quarteto adorou a experiência e resolveu continuar juntos.
Desde o início, eles se inspiravam no dancehall jamaicano para fazer pop brasileiro. O primeiro álbum homônimo veio em 1992 no formato CD e despertou o interesse da gravadora Sony Music. O álbum foi relançado em 1993.
No ano seguinte, com o segundo álbum “Calango”, vieram os primeiros grandes hits, como “Jackie Tequila” e “Te Ver”.
Em 1996, com “O Samba Poconé”, o grupo fez uma turnê internacional, e o single “Garota Nacional” foi um grande sucesso mundial.
Tanto foi assim que a canção foi a única música brasileira integrante da caixa Soundtrack for a Century, que comemorou os 100 anos da Sony Music.
Nos álbuns seguintes, os mineiros trouxeram outras influências musicais, e o sucesso continuou. “Resposta”, “Saideira”, “Balada do Amor Inabalável”, “Três Lados”, “Acima do Sol”, e “Sutilmente” são alguns dos inúmeros sucessos que a banda emplacou em sua carreira.
Em 2019, o quarteto completou 28 anos de carreira e anunciou seu fim. Mas a Turnê de Despedida precisou ser paralisada por causa da pandemia e foi retomada em 2022. Neste domingo (26), a banda encerra a turnê em um grande show no Mineirão.
Turnê de despedida
Já disse um crítico que a importância de uma banda se mede pela quantidade e qualidade de músicas “indispensáveis” que acabaram ficando de fora do repertório de seu show. Com quase 30 anos de contribuições para as festas, os romances e para a vida dos brasileiros, o Skank já ouviu muito que “faltou esta” e “faltou aquela”.
Pois nessa turnê, que vem celebrando a história da banda antes de sua separação por tempo indeterminado, o desafio tem sido encaixar num mesmo roteiro tudo o que esses caras já deixaram gravado no coração do público desde o comecinho dos anos 1990. E é nessas horas retrospectivas que a gente vê que foi muita coisa – mesmo para generosas duas horas (ou mais!) de show. No dia 26 de março, a banda apresenta o último show em Belo Horizonte, no Estádio do Mineirão. O show será registrado, para um futuro lançamento audiovisual.
Foram nove álbuns de estúdio, alguns deles presença obrigatória em listas de melhores de todos os tempos do pop-rock nacional e que somam mais de 5 milhões de exemplares vendidos; três ao vivo que registraram para a posteridade o nível de ataque e a catarse de seus shows em diferentes fases da carreira; e uma coleção de sucessos que não encontra paralelo nas últimas três décadas no país. Foram cerca de 40 hit singles, 29 deles entre as 100 mais tocadas do ano no Brasil (muitas vezes defendendo sozinhas o pop-rock num mar de sertanejo universitário), 25 em trilhas de novela, dois mega-hits que marcaram fases distintas e igualmente bem sucedidas do grupo (“Garota Nacional” em 1996 e “Vou deixar” em 2004) e um sem-número de favoritas do fãs que vez por outra aparecem de surpresa nos shows. “Algo parecido”, o single inédito lançado em 2018, passou dos 30 milhões de plays em pouco mais de um ano. E ainda temos a nova “Simplesmente”, delicada balada folk lançada especialmente para acompanhar a “Turnê de Despedida”. Que belíssimo problema será montar o repertório dos shows…
Até onde podemos enxergar, esta será a última oportunidade de assistir a Samuel Rosa (guitarra e voz), Lelo Zanetti (baixo), Henrique Portugal (teclados) e Haroldo Ferretti (bateria) tocando seus clássicos, juntos, num mesmo palco. A banda anunciou a separação motivada pelos desejos individuais de experimentar novos caminhos – musicais e pessoais. Sem brigas, sem decadência, sem barracos públicos e sem descartar a possibilidade de reuniões futuras. Pontuais? Comemorativas? Definitivas? Só o tempo dirá. Por hora, é melhor aproveitar a Turnê de Despedida como se não houvesse amanhã.
A separação do Skank é uma forma de colocar um ponto final (ou um ponto-e-vírgula) numa carreira iniciada na curva entre a moda do rock brasileiro dos anos 1980 e uma nova década que apontava para a brasilidade, para o ritmo e para as misturas. Inicialmente uma simpática banda de vinda de Minas Gerais tocando música de inspiração jamaicana, rapidamente o Skank tanto apontou caminhos para toda uma nova geração (de Chico Science, Raimundos, Pato Fu, Jota Quest, Mundo Livre SA, O Rappa e tantos outros) como ganhou musculatura e tamanho de mercado. Isso ali por 1996, quando chegou no incrível feito de ter, no mesmo período de doze meses, dois álbuns diferentes com mais de um milhão de exemplares vendidos – Calango e O Samba Poconé.
Foram tempos de turnês internacionais, hits no mercado latino e a confiança para arriscar a mudança que viria nos anos seguintes: canções mais melódicas, com mais violões e guitarras e climas psicodélicos. Em meio a momentos tão diferentes, algumas características continuavam: os sucessos na boca do público, as canções na vida das pessoas, os grandes shows para lavar a alma e a coerência com sua própria história, de olhar para frente e encarar os desafios.
É essa coerência que levou Samuel, Lelo, Henrique e Haroldo a pendurar as chuteiras por hora e buscar desafios em outros territórios. A Turnê de Despedida é a versão da banda para aqueles jogos em que os craques do futebol juntam os amigos, num clima incrível de festa e gratidão. Os craques estarão no palco, os amigos somos todos nós que estivemos juntos com eles por tanto tempo. E vai ser um jogo de goleadas, isso todo mundo sabe.