Nunca estivemos tão perto de uma vacina contra o HIV, diz pesquisador.

Após 40 anos de pandemia de Aids, o mundo “nunca esteve tão perto de uma vacina contra o HIV”, segundo o infectologista e coordenador do Estudo Mosaico no Hospital Emílio Ribas, Bernardo Porto Maia, que conduz a pesquisa com o imunizante em São Paulo.

Em entrevista à CNN nesta quarta-feira (14), ele explicou que, uma vez que a eficácia seja estabelecida, isso pode significar que “em não mais do que 3 a 5 anos” o imunizante esteja disponível para a população.

Justamente nesta etapa do estudo, de fase 3, começam os testes em humanos para descobrir a eficácia da fórmula para produzir anticorpos contra o vírus. Oito países participam dos testes clínicos.

O infectologista destacou que, na fase anterior, com aplicação em animais, os resultados foram promissores: “Encontramos uma eficácia de 67%; historicamente, chegamos o mais longe em 31% de eficácia em humanos, é um estudo que se mostra muito promissor, testamos a segurança da vacina, sabemos que é absolutamente segura, com poucos eventos adversos.”

A testagem será ampliada para um número maior de voluntários: serão 3.800 no mundo para estabelecer se a vacina é capaz de produzir resposta imunológica.

Bernardo Porto Maia ainda disse que o desafio para a elaboração de uma vacina contra o HIV é maior do que os imunizantes contra a Covid-19, que se mostraram eficazes em tempo recorde.

Segundo ele, apesar das variantes do coronavírus, ainda assim as cepas são semelhantes entre si e, portanto, os imunizantes garantem alguma proteção mesmo com as mudanças.

No caso do HIV, porém, “há diversas formas circulantes do mundo, que se distribuem de forma heterogênea, como se fossem vários vírus distintos, isso dificulta a formulação de uma vacina”, disse o pesquisador.

Há outras diferenças para a Covid-19, como a incapacidade do organismo humano de criar uma resposta imune de forma natural contra o HIV, a ponto de erradicar a infecção pelo vírus.

Tratamento

O infectologista ainda avaliou que “muita coisa mudou” desde o surgimento do HIV.

“A gente realmente conseguiu caminhar contra o preconceito e o estigma, a gente fala de HIV por um vírus essencialmente sexual e isso consigo traz um julgamento de valor social e cultural, e conseguimos combater muito disso.”

Ele também falou que o tratamento antirretroviral foi essencial para o processo: “O tratamento, quando há boa adesão, permite que a carga viral fique baixa a ponto de ser não-detectável e isso quebra a transmissão, além de termos uma maior gama de estratégia de prevenção”.

Fonte CNN Brasil

QUEIMADAS, AÇÃO CRIMONOSA! ATÉ QUANDO?

Incêndio destrói 7 hectares no bairro Camuá

Os bombeiros militares de Araxá foram acionados para um combate a incêndio florestal no bairro Camuá na tarde desta terça-feira, dia 13.
Trata-se de uma área aberta com pastagem e uma área de preservação ambiental (APP) próxima que, provavelmente, foram incendiadas por ação humana.

Foi utilizado, além de bombas costais e abafadores, uma máquina carregadeira que estava próximo ao local e foi cedida para fazer um aceiro e colaborar com o combate às chamas que durou quase três horas e gastou cerca de 1.500 litros de água, queimando entre 5 e 7 hectares.

Vacina contra gripe diminui riscos de efeitos da covid, aponta estudo.

Os índices de cobertura vacinal da gripe no Brasil estão baixos, apenas 46,3% do público-alvo foi vacinado. Agora, a população em geral pode se imunizar nos postos de saúde. Os cientistas da Universidade de Miami descobriram mais um motivo para não deixar de lado essa imunização: a proteção contra o vírus Influenza reduz o risco de derrame, sepse (infecção generalizada), internação em UTI (unidade de terapia internsiva) e trombose venosa profundo em pacientes infectados com a covid-19.

O estudo, apresentado no Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas, foi feito com dois grupos de 37.377 pessoas de diversos lugares, como Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Itália, Israel e Cingapura. Um grupo foi vacinado contra a gripe de duas semanas a seis meses antes de ser diagnosticado com covid-19, e o segundo não recebeu imunização.

Os dois grupos foram acompanhados por fatores que poderiam afetar o risco de covid-19 grave, incluindo idade, sexo, etnia, tabagismo e comorbidades como diabetes, obesidade e doença pulmonar obstrutiva crônica.

Foi verificada a incidência de 15 efeitos adversos até 120 dias após o teste PCR positivo para covid-19. Os problemas analisados foram: sepse; derrames; trombose venosa profunda ou DVT; embolia pulmonar; insuficiência respiratória aguda; síndrome do desconforto respiratório agudo; dor articular; insuficiência renal; anorexia; ataque cardíaco; pneumonia; visitas de emergência; internação hospitalar; admissão na UTI; e morte.

As análises concluíram que os indivíduos sem vacinas contra a gripe tiveram 20% mais de chances de ficarem em estado grave da covid e precisar de atendimento em UTI.

Além disso, os não-imunizados tiveram 58% mais de probabilidade de precisarem de pronto-atendimento; 58% mais chance de sofrer um AVC; 45% mais possibilidade de desenvolver sepse e 40% mais de apresentar uma trombose venosa profunda.

O ensaio deixou claro, ainda, que a proteção contra o influenza não diminui os riscos de morte por covid-19 e uma vacina não substitui a outra. Os cientistas concluíram que as duas imunizações são importantes.

Os autores do estudo dizem que são necessárias mais pesquisas para provar e entender melhor o possível vínculo. Porém, no futuro, a vacina contra a gripe pode ser usada para ajudar na proteção em países onde a vacina contra covid-19 está em falta.

“Apenas uma pequena fração do mundo foi totalmente vacinada contra a covid-19 até o momento e, com toda a devastação que ocorreu devido à pandemia, a comunidade global ainda precisa encontrar soluções para reduzir a morbidade e a mortalidade. Ter acesso a dados em tempo real de milhões de pacientes é uma poderosa ferramenta de pesquisa. Juntamente com perguntas importantes, permitiu que minha equipe observasse uma associação entre a vacina contra a gripe e a menor morbidade em pacientes covid-19”, explicou Devinder Singh, autor sênior do estudo e professor de cirurgia plástica na Faculdade de Medicina da Universidade de Miami Miller.

“Independentemente de diminuir efeitos adversos associados a covid-19, simplesmente ser capaz de conservar os recursos globais de saúde mantendo o número de casos de gripe sob controle é motivo suficiente para defender esforços contínuos para promover a vacinação contra a gripe”, acrescentou o médico no congresso online que a pesquisa foi apresentada

Brasil soma mais de 200 denúncias de violência contra idosos por dia.

Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos registrou 39.333 denúncias de violência contra idosos no país apenas no primeiro semestre deste ano. O número corresponde a 215 por dia e representa mais de 26% do total de relatos recebidos pelo Disque 100, Ligue 180 e aplicativos de Direitos Humanos. O montante pode ser até maior porque, na pandemia, as vítimas estão confinadas por mais tempo com os agressores.

“A partir de 2019, houve uma reformulação no Disque 100 e o aprimoramento das denúncias. Na comparação com 2020, houve aumento, mas isso não significa que todas são verídicas. A dificuldade é encaminhar o relato para o munícipio e ele ter como apurar. Às vezes, quando chega, já foi superada, por isso a importância da criação de uma rede de proteção mais rápida”, afirma Antonio Costa, secretário nacional de Promoção e Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa.

Segundo o relatório da Ouvidoria, em 6 meses, foram registradas 156.777 violações de Direitos Humanos: física, patrimonial, psíquica, de liberdade, entre outras. Em só uma denúncia, pode haver diferentes violações. A psíquica tem mais de 31 mil registros e a de integridade física, outros 30 mil.

Ao longo de 2020, foram quase 88 mil registros de violência contra pessoas idosas, ainda de acordo com a Ouvidoria, ficando atrás apenas de violência contra mulher (105 mil) e contra crianças e adolescentes (95 mil).

A violência psicológica é uma das formas mais comuns e é caracterizada por constrangimento, humilhação, tortura, ameaça ou coação. Ela prejudica a autoestima do idoso e pode desencadear depressão e outros distúrbios nervosos. A quarentena pode até ter agravado o cenário.Botão para controlar o volume da publicidade

“Mais de 80% dos casos acontecem nas residências. A maioria é negligência, pela ausência de uma ação. Na pandemia, o idoso está isolado, não tem apoio da rede social, às vezes não tem alimento adequado e nem atendimento médico. Há um aumento contínuo do número de casos ao longo dos anos”, destaca Simone Fiebrantz Pinto, que é presidente do Departamento de Gerontologia da SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia).

Vivendo na pele

Identificar a violência nem sempre é fácil, ainda mais quando ocorre dentro das casas. De acordo com o relatório da Ouvidoria, em quase 21 mil denúncias a violação aconteceu na casa da vítima e também do suspeito. 

Os agressores são, na grande maioria, filhos e filhas responsáveis por cuidar dos pais (13.125 registros). Mas há também casos de cônjuges, cuidadores profissionais e familiares.  

Maioria dos agressores são filhos ou filhas dos idosos ou netos

Maioria dos agressores são filhos ou filhas dos idosos ou netos

Algumas das dicas para identificar que o idoso não está bem são: observar o comportamento dele, se houve mudança na rotina, até mesmo ida à padaria ou passear com o cachorro, se está acuado, isolado, com medo de falar, se desvia o olhar quando está acompanhado por familiares e até a presença de hematomas.

“O primeiro responsável por cuidar do idoso é a família, o segundo, a comunidade e, em terceiro, o estado. Às vezes é um porteiro que nota ou um atendente. O emagrecimento pode indicar que ele está com depressão por conta das agressões sofridas. Quando pensamos em maus-tratos vem a questão física, que é a mais vísivel. Mas a maior é a psicológica”, explica a presidente de gerontologia da SBGG.

A maioria das vítimas na terceira idade são mulheres, mas as idades variam bastante. Das denúncias recebidas, 6.861 eram de pessoas entre 70 e 74 anos.

Gráfico mostra a idade das vítimas denunciadas em relatório da Ouvidoria

Gráfico mostra a idade das vítimas denunciadas em relatório da Ouvidoria

Uma assistente social, que atua desde 2011 em postos de saúde da zona leste de São Paulo e prefere não ser identificada, contou ao R7 que já presenciou muitos casos de denúncias, mas faz uma ressalva: “Sempre tem que analisar para conhecer melhor aquela família, o que está nas entrelinhas. É um trabalho em rede, de formiguinha. Todos temos uma história e precisamos ir a fundo”.

A profissional já foi até ameaçada de morte pelo filho de uma idosa, que era usuário de drogas: “Me olhou e disse ‘vou te matar’, que era para eu tomar cuidado. Eu respondia que não tinha medo dele. Agredia a mãe, tinha medida protetiva, mas, por ser filho, ela o deixava entrar”.

Importância das denúncias

Ela se sente triste ao ver os parentes discutindo na frente do idoso. “O que mais dói é quando a gente vê os filhos brigando para não cuidar dos pais, acamados, sem qualquer constrangimento. E o pai ou mãe ouvindo tudo, escorre até lágrima e pensam: ‘sou um fardo'”, revela.

A assistente social coleciona histórias que nem sempre têm final feliz. “Tinha uma idosa que não podia ficar sozinha e a filha disse: ‘por que tenho que cuidar dela se ela nunca cuidou de mim? Faço papel de mãe desde os 7 anos’. Ou uma senhora que tinha um relacionamento com um jovem, que era bancado por ela. Chegou toda machucada no posto e se negou a fazer o B.O”, lembra.

A violência contra os idosos pode ser denunciada pelo Disque 100, em delegacias, pelo 190, ao Ministério Público, SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), aplicativos de Direitos Humanos e pelo WhatsApp (61) 99656-5008. A identidade do denunciante não será revelada.

Segundo a assistente social, as visitas domiciliares dos agentes de saúde são essenciais para o estudo de caso, verificação da rotina, da aparência dos idosos, para entender o motivo das faltas nas consultas, se estão com a higiene em dia, entre outros fatores.

“Por estar mais tempo juntos em casa na pandemia, a violência fica mais nítida. As pessoas têm medo de denunciar, mas confiam nos agentes comunitários de saúde e relatam. Mas, muitas vezes, não querem ir para a delegacia para não prejudicar o filho ou parente”, explica a assistente social.

Nem sempre a violência deixa marcas nos idosos, mas há casos com hematomas

Nem sempre a violência deixa marcas nos idosos, mas há casos com hematomas

De acordo com a médica Simone Pinto, na consulta é possível verificar sinais de maus-tratos. “Médicos podem ver se há desnutrição, fraturas, hematomas. Fazer uma avaliação física do cabelo, dentes, notar sinais de negligência. Sempre se direcionar ao idoso e notar se o familiar interfere na fala, qual o tom de voz. Os olhares dos pacientes dão dicas”, alerta.

Para notar os sinais de violência, nem sempre aparentes, é preciso que todos estejam preparados e atentos. Os vizinhos, amigos e a comunidade também fazem parte da rede de proteção. A saúde do idoso é problema de todos.

A violência contra o idoso é crime e a pena pode chegar a um ano de reclusão, além de multa. 

Deficiências

Até mesmo a surdez pode ser um gatilho para a violência doméstica. “Estamos todos confinados e o cuidador tem que repetir várias vezes o que diz, isso leva ao esgotamento mental, ao estresse com a repetição. Isso gera xingamentos, exclui o idoso da cena e, às vezes, gera violência física”, ressalta a presidente de gerontologia da SBGG.

Nestes casos, a prótese auditiva é a solução, mas há também dificuldades de adaptação ao aparelho, com necessidade de idas constantes ao fonoaudiólogo. No entanto, uma vez adaptados, os idosos ganham autonomia.

Outros tipos de deficiências, como visual e motora, acarretam em dependência total do idoso ao cuidador familiar ou profissional. “Em quase 50% dos casos os agressores são os filhos e, em 10%, os netos. Em muitos, não há divisão de tarefas e o cuidador fica sobrecarregado. Isso é um fator de risco para a agressão. É preciso cuidar também de quem está cuidando”, diz a especialista. 

Mas nem todo idoso tem um temperamento fácil de lidar e aceita ajuda externa. Muitos refletem a violência sofrida, questões do passado e precisam antes fortalecer os vínculos familiares.

“A violência é complexa, multifacetada. Uma senhora relatou que sofria violência por parte da filha, chegou toda roxa. Houve uma investigação do caso e descobrimos que era agressão mútua. Ela batia na filha, que revidava. Em outro caso, a idosa tem dificuldade de andar, mas é geniosa e afasta as pessoas. Sempre que recebe ajuda, pede para a pessoa não ir mais porque não fez as coisas do jeito dela”, conta a assistente social.

Para entender a violência, segundo os especialistas, é preciso investigar a origem do problema. Muitas vezes a agressão é apenas a ponta do iceberg.